UMA MARRETADA DE OUTRO MUNDO II

UMA MARRETADA DE OUTRO MUNDO II

Sem mais nem menos, ou até por que, um parafuso da dobradiça da porta da cozinha, de minha casa, caiu e sumiu. Puta que pariu! Para substituí-lo recorri a minha caixa de bugigangas. Escolhe daqui, escolhe dali, até que encontrei um que servisse.

Reparos e consertos feitos dentro dos conformes resolvi revirar dentro da caixa, sem objetivo aparente, talvez por falta de pensar, mas pensando bem... E eis que encontrei um ovo preto, muito pesado (pesando umas dez vezes mais que outro do mesmo tamanho). No tamanho poderia se dizer que era um ovo comum. Mas preto e pesado? Confabulei cá com meus botões: “- Não fui eu que coloquei este troço aqui. Que diabo é isto?”

Foi aí que me lembrei do “prefuso” (prego com cara e jeito de parafuso ou vice-versa, sei lá), que me levou a Dilva fudendo comigo. O “prefuso” também estava dentro da dita cuja caixa. Será se este ovo também é um portal para um universo paralelo? Tomei a decisão de dar-lhe uma marretada, lembrando que foi assim que o “prefuso” abriu outra dimensão. Fui em busca da minha chapa de ferro e da marreta, ambas ficavam em outra caixa, na dispensa.

Coloquei a chapa no piso da cozinha, posicionei o estranho ovo sobre a chapa, peguei a marreta, ergui-a e dei uma senhora marretada. Foi como bater numa bola de borracha, ou melhor, numa borracha espichada sobre o ovo, para proteger este, sendo que na realidade não havia borracha nenhuma, mas a marreta, antes de tocar no ovo foi arremessada de volta, para o alto, com a mesma força usada para baixo.

Não houve claridade e nem escuridão, tão pouco aconteceu alguma diferença no ambiente, apenas a marreta que foi arrancada da minha mão sumiu. Assim como o ovo evaporou.

Estranhei que ouvisse som de vozes, mais especificamente gemidos, por que naquele momento eu estava sozinho em casa, a família estava ausente. Passeava em casa de parentes para “serrar” o lanche, na base de bolachas de nata (minha cunhada é prendada nesta quitanda). Aqueles arquejos que vinham do interior da casa, salvo engano, eram de uma cópula, na qual os participantes estavam tendo prazeres transcendentais.

Junto da cozinha existe um quarto, com cama e tudo mais. Justamente sobre esta cama estava a Dilva por cima e eu por baixo. O casal, mesmo percebendo minha presença, não pararam a trepada. Estas artimanhas de universos paralelos não me assustam, assimilei de boa fazer parte do casal na cama. Tanto que não fiz barulho para não desconcentrá-los. Fiquei de camarote assistindo a performance deles, principalmente a minha, que ultimamente vem sendo alvo de críticas, as quais aceito argumentando justificativas plausíveis: idade, diabete, obesidade e uso excessivo das mãos (minto: da mão direita, pois sou destro).

A Dilva e o outro eu terminaram o embate sexual arfando de cansaço. Prostrados sentaram na cama; no que eu, o telespectador, deliberei agir dentro das normas regimentais arbitradas na minha casa (para qualquer infração de prevaricação faço justiça com as próprias mãos), dei uma porrada no pé do ouvida da Dilva que estava mais próxima; e quando fui fazer o mesmo comigo sobreveio uma escuridão intransponível. Pelo tato achei a porta, e do lado de fora do quarto havia claridade; no que saí achei a marreta e o ovo. Peguei-os, levei até a placa de ferro, posicionei o ovo, ergui a marreta...

Dentro do ovo estava acontecendo uma zorra; a Dilva, aos berros chamava o PMDB de traíra... os diretores da Petrobrás fodiam uns aos outros; os integrantes do PT recebiam as propinas e se auto fodiam, num verdadeiro bacanal hermafrodita. Enquanto isso o povo, aquele sem direito a bolsa, levava ferro... e chupava os beiços (ainda bem só os beiços e não ferro ou pau).

Com choradeira ou não, dei uma marretada daquelas de outro mundo, no ovo... tudo voltou ao normal. Continuo brocha/broxa, o governo não governa, os corruptos fazem as leis, o molusco não sabe de nada e o povo (sabido como ele só) está ferrado e fudido, como sempre.