Intelectualidade e Romantismo

Apresento-lhes dois irmãos: Romantismo e Intelectualidade.
No caso, pouco importa a qualidade natural em um e outro: se é ele o romântico ou ela a intelectual. O que nos cabe aqui é averiguar a possível sincronicidade a permear os dois e, consequentemente, alguma implicação.
Gêmeos, amadureceram e se separaram. Intelectualidade, ferrenha no seu ato de pensar, figurava entre membros de uma Academia de ciências; Romantismo, lunático desde o berço, perdia-se entre dunas desérticas e brumas pesadas de tanto amor.
Incompletos, porque lhes faltava o elemento essencial de um em outro, eram, antes, infelizes.
Certo dia, por um impulso voluntário da Roda da Fortuna, que gira suas engrenagens porque a ferrugem não corrói a alma, os dois se viram frente a frente diante de um Espelho. Então as dunas alçaram voo do deserto, dissiparam-se as brumas, e o lunático, desperto, aterrissou. Por outro lado, o pensamento, ferrenho na sua arte inglória de só pensar, acolheu em suas mãos toda a areia e a bruma dissipadas. Ainda defronte o Espelho que os refletia, os dois irmãos se viram gêmeos - como queria a Roda da Fortuna! - como jamais se viram um dia...