O dia em que fui resgatado pelo Guerreiro Azul - Parte III

Neste local incrível que passei a chamar de Oásis de Luz, tudo parecia ser feito de algum material etérico, mas ao mesmo tempo bem consistente! Tudo irradiava uma vibrante, porém suave luminosidade. Havia muitas árvores com copas verdinhas e repletas de frutos dos quais eu não soube identificar. O caule destas árvores eram de um marrom clarinho, quase transparente. Havia tapetes de flores de diversas cores, formas e perfumes, que fazia o aroma deste local ser tão inebriante que minha vontade era ficar ali para sempre!

Impregnando toda à atmosfera deste lugar, havia uma espécie de música celestial que parecia estar vindo de tudo que havia nele: das flores, das folhas, do lago, do ar, das árvores, da grama, dos frutos... era algo intrínseco, imanente. Era um espetáculo ouvir e sentir aquela música sublime que permeava tudo ali! E quase que na parte central deste ambiente iluminado e paradisíaco, havia o lindo lago que mencionei antes! Sua água transparente emitia uma energia imensa, tremenda! Uma energia balsamizante, curativa e revitalizante.

Bem próximo ao lago, numa parte um pouquinho mais elevada de um determinado ponto do terreno, estava a árvore que eu havia mencionado antes. Talvez tivesse uns 12 metros de altura com uma copa de folhagem abundante, exuberante e de uma cor rosa vívido fabuloso! As folhas desta árvore pareciam lâminas finíssimas de cristal rosa e com características de translucidez. O caule deveria ter no máximo uns 2,5 metros de largura e parecia ser feito de cristal de um azul bem clarinho, como o azul celeste. Tudo ali tinha essa característica de ser algo etérico, de luz suave e radiante, nas cores respectivas de cada coisa e com aspectos translúcidos, embora não desse para ver através do material de que eram feitos os elementos ali presentes; com exceção do lago que tinha sua água realmente transparente. Todo o chão por ali era forrado de grama macia e suave em tons de um verde entre o claro e o mais escuro. Andar por ali era como caminhar em um tapete de algodão, literalmente. Sentia-me quase à flutuar!

Quanto mais eu ficava ali naquele Oásis de Luz, mas eu me sentia leve e suave. Sentia uma paz e um amor tão profundos que só me restava sorrir de contentamento e plenitude. Eu estava realmente muito feliz! Nunca pensei que um sentimento assim pudesse existir! Pensei comigo mesmo que em contraste com aquele ambiente, meu estado físico deveria ser deplorável! Eu estava sujo, faminto, sedento e mal cheiroso. E ali tudo era perfeição, luz e harmonia! Eu me sentia destoado! E por ter me lembrado deste meu estado miserável e percebendo toda aquela exuberância diante de mim, acabei que me dei conta de que eu não sabia mais o que era comer ou beber algo já fazia muito tempo; nem mesmo sabia mais o que era estar limpo. Por quanto tempo eu andei vagando pelas sombras daquela região? Perdi a noção de tempo. A sensação que eu tinha era de que eu estava vagando perdido por ali já fazia decênios! Realmente eu não saberia precisar isso naquele momento...

Foi quando mergulhado nestas reflexões que reparei novamente no ambiente ao meu redor, onde observei as árvores com frutos que poderiam saciar minha fome e um lago onde eu poderia tomar um banho e matar a sede. Com esta nova perspectiva em mente, me animei e caminhei até o lago. Ao chegar em sua margem agachei e bebi de suas águas! Porém, tive uma péssima surpresa! Quase que

instantaneamente ao ingerir aquele líquido, senti forte convulsão! Todo o meu corpo começou a tremer! - Mas que diabos é isso!? - Pensei. Comecei a tossir e parecia que eu ia desfalecer. Mas para minha grata surpresa e alívio, depois de um minuto ou dois, fui sendo invadido por um bem-estar imenso! A sensação nítida que eu tinha era de que aquela água estivesse expurgando do meu organismo os venenos e impurezas que ele pudesse conter, o que gerou aquela imprevisível crise. Deveria ser algum tipo de água curativa, pois é a única explicação que tenho para entender o fenômeno que me ocorrera. Contudo, eu ainda desejava sorver mais daquela água. Mas ainda estava assustado com a experiência desagradável que tive. Mesmo assim me aproximei novamente da margem e juntei as mãos para colher mais daquele líquido. Ao levá-lo à boca, já havia até mesmo fechado os olhos acreditando que teria nova crise! No entanto, tudo que senti foi uma intensificação ainda maior do bem-estar que naquele momento eu sentia! Aquela água, de alguma forma, curava de forma profunda os mais diversos níveis de meu ser! Isso eu podia sentir!

Um outro fato que achei instigante e que merece ser mencionado, foi que ao beber a água daquele lago, eu não apenas havia saciado a minha sede e me sentido melhor, mas também havia satisfeito a minha fome! Impressionado com tudo que me ocorria até então, decidi

entrar no lago para tomar um banho, coisa que há muito tempo não sabia mais o que era. Nem mesmo me despi, pois desejava também

lavar minhas roupas - na verdade o que havia sobrado do que um dia fora peças completas de roupas. Me pus descalço pegando minhas sandálias de couro velho e sujo em mãos e entrei no lago. Percebi que não era fundo; tanto porque pela sua transparência eu podia ver o fundo como também a água ia apenas até meu tórax. O lago não devia ter mais de 1 metro e meio de profundidade. Foi quando algo que só tenho como classificar como mágico aconteceu - aliás desde que vi aquele "raio branco" surgir no céu, tudo tem sido mágico e incompreensível para mim.

Assim que a água ia me limpando e a sujeira ia se espalhando ao meu redor na água, a parte da água que ia ficando suja começava a brilhar num tom dourado até que viravam diminutas partículas de luz que se elevavam ao meu redor e logo iam sumindo, deixando ao meu redor um delicioso aroma semelhante ao que um dia conheci como jasmim! Encantado com aquilo agradeci a sorte por ter me levado até ali. Ou não fora a sorte? Realmente não sei; aliás eu saberia em breve...

(Continua...)