Liberdade ou solidão

Jazz toca ao longe, a música leva ao um devaneio qualquer, sem destino certo, aleatório e intenso como a melodia... Algumas palavras chegam mais nítidas aos ouvidos... “dreams... coffee and cigaretts” contrastando com o ruído de crianças e gritos vindos de fora... Ali era sua ilha, seu mundo. Em diversos momentos um universo paralelo e era assim que gostava, sem intromissões... Na vida muitas vezes somos meros espectadores e como tal nos resta à busca pelo eterno aprendizado...

Do alto de seu universo tem uma boa vista do bairro... Gente passando, crianças como mochilas, um carroceiro, alguém discute gesticulando ao longe... O sax ressoa apressado e intenso pelo ambiente... O vendedor de ovos passa lentamente anunciando promoções... A vida segue seu rumo, análoga diversas realidades, verdades individuais que precisam ser geridas, vivenciadas, escolhas são feitas a todo instante... Um canário ensaia um possível canto, quem sabe empolgado com o piano aliado ao violoncelo?

A cena vista de por um observador oculto e desavisado poderia ser encarada com um caos generalizado, já para olhos examinadores e atentos a vida desnuda-se como uma odalisca que deixa cair o véu... Mundo dentro de vários mundos, realidades que se tocam, misturam-se para logo voltarem cada qual a seu rumo, a seu certame interno.

O smartphone toca, a música remete seu ouvindo a um filme onde atores valseiam num filme dos anos 1920, por instantes esquece-se do telefone que não esquece sua missão e toca insistentemente... ... ... Algumas palavras trocadas, monossílabas, olhar apressado ao relógio... Chaves, fones, cigarros, isqueiro, casaco, porta fechada... Vida a ser vivida