O SONHO

Cedo deixou os estudos. A família. Os amigos... A sua realidade. A guerra intensificava-se. Consumia o país... Mortes. Infra-estruturas destroçadas. Desagregação familiar. Tecido social dilacerado. 17 anos... Joca alistou-se no exército. Tinha um sonho... Ajudar a resgatar a paz para o país. A despedida... Lágrimas. Estudos. Familia. Amigos... Até breve!...

Construiu uma nova família. Novos amigos. Os companheiros de luta. A arma, sua esferográfica. Especializou-se em reconhecimento e emboscadas. Inteligente... Sabia que d’outro lado estavam adversários. Mas também sabia que eram irmãos. Filhos da mesma pátria. Porquê?- Reflectia.

Os livros... Companheiros!... Adicionais! Nos poucos momentos de tréguas... Militar também é gente! Militar também tem lazer!... Dos livros... as ideias. Das ideias... as estratégias... Das estratégias... o sonho... Ajudar a resgatar a paz para o país. D’outro lado... p’ra lá da fronteira... um amigo d’infância. Separados. Porquê?- Perguntava-se.

Certo dia... O reconhecimento!... Fim de trégua! Na emboscada... foi emboscado. Na linha da frente... Sousa. O amigo d’infância. Olhos nos olhos... Pensamentos voando... Retorno aos bons momentos d’infância. Porquê?- Pensaram... Um impulso... Um abraço!... Lágrimas!... Militar também sofre! Militar também sente!

Sousa, um dia, contou aos companheiros... situações bonitas. Do passado. No foco... Joca... Naquele instante, olhos nos olhos... pensamentos voando... armas no chão!... Guerra nunca mais!- Exclamaram!... Militar também sabe distinguir o bem do mal.

N’outro lado, a notícia chegou... Pensamentos partilhados... Conexão de ideias. E assim?- Guerra nunca mais!- concluiram. Armas no chão!... Militar também sabe que a guerra só destrói... E porquê lutam?... Ambição desmedita. Obsessão. Irracionalidade... De uma parte ínfima!

De um lado e d’outro... comandantes em aflição. Ninguém mais para comandar. E agora?... Um vazio!... Comandante adora comandar!... E o Joca?... Despertou da emboscada do sono. Porque era apenas um sonho!... Que só será real quando os homens perceberem que a guerra é avessa à felicidade.

António MBridge
Enviado por António MBridge em 29/08/2017
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