Epopéia Romântica

Em um salão imenso de quatro andares eu estava. Havia muitos seres semelhantes a mim: demônios, vampiros, zumbis. Todos dançando e fazendo seus rituais de acasalamento. Alguns até caçavam vítmas para saciarem seus desejos carnívoros e sanguinolentos, e eu no meio de todos sentia-me um pouco distante. Minha mente estava mergulhada em um único pensamento, ou desejo, ou o que for: encontrar no meio de toda aquela prole maligna aquela Vampira da Escuridão, de olhos mel-escurecido e cabelo preto.

Passaram-se horas até que eu finalmente a visse. Linda, minha rainha, ainda envolta em um manto de negra energia, ela estava rodeada por seus discipulos. Sua presença fez meus medos sumirem, meus desejos florescerem, mas não tive coragem de me aproximar. A realeza da imagem dela é tão perfeita que me sentiria um pobre animal me rastejando se ao menos olhasse para ela.

As criaturas no salão entretidas em suas atividades pouco percebiam minha presença e eu me senti deslocado. Por mais que eu fosse parte daquele mundo, houve um espinho que se empurrava para dentro de minhas costas em cada momento que eu tentava agir como os outros. Em um dado momento ela, a minha rainha, a Vampira da Minha Escuridão passou por mim e a vi de braço dado com um vampiro. Este usava coturno, um sobretudo preto, cabelos negros e lisos que se limitavam no meio das costas. Ele sorria. Ele sorria, mas acima e tudo, ela também sorria. Sim. Ela também sorria e isto me matou.

Fui então direto para o primeiro andar, e no centro, onde havia um pentagrama vermelho, eu fiz uma cova naquele chão negro, e tudo em volta daquela sepultura de dor, era cinzas. Meu peito doía, doía muito, e eu me deitei. E após alguns milênios se divertirem com meu desalento, eu senti ela se aproximando. Ela colocou perto de mim uma rosa fantasma, de cor vermelha. De meus olhos escorreram sangue, porém, em meu peito surgiu novamente a vontade de viver.

Mister Eric
Enviado por Mister Eric em 10/09/2007
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