Uma Trilha, que É... leva...Dor

Esta é uma estória de mistério, coisa em que não sou versado e nem sei explicar; por isto é de mistério.

Tinha ido à São Paulo para não sei o quê fazer lá e estava de paletó, gravata, relógio e uma pasta 007 na mão, quando adentrei um edifício onde parecia que eu morava no 3º andar. No ‘hall’ de entrada havia uma fila enorme para acesso ao elevador e aguardei no final a minha vez de entrar.

Quando o elevador chegou, a fila avançou e tive de forçar minha entrada antes da porta fechar, pois fui o último, e fiquei espremido lá dentro.

Não assinalei a escolha do meu andar pela lotação excessiva e, pacientemente, deixei ‘rolar’ até a primeira parada, quando poderia ter acesso aos botões. A primeira parada ocorreu no 7º andar, quando fiquei só no elevador. Olhei o quadro e percebi mais de trinta botões. Acionei o que desejava, embora havendo indicação de que estava subindo. O elevador continuou parado.

As luzes todas apagaram e senti um tranco, como se ele fosse mudar o sentido do destino; após, principiou a descer. Sentei-me na cadeira de vidro ao meu lado e aguardei a próxima parada. Observei que as próprias paredes eram, também, de vidro e fiquei olhando para fora o interior dos apartamentos nos níveis em que passava: de início, um escritório com um chefe e uma secretária; depois um estúdio fotográfico onde um profissional (meu ex-amigo João José Durão) fotografava uma modelo nua para a capa da ‘Playboy®’, ‘arrodeado’ de assessores, como contra-regra, maquiadora, eletricista e um ‘travesti’ dirigindo a cena. No andar seguinte era outro estúdio, de arquitetura, onde pranchetas eram usadas por desenhistas e um ‘boy’-contínuo, com bandeja, servia cafezinhos. O elevador descia. Uma sala de gravação de CD e DVDs piratas, com toda a parafernália eletrônica.

Dois andares vazios e, de repente, o elevador parou.

Era um quarto grande, bem decorado e com uma cama bem junto a mim (ali sentado na cadeira de vidro do elevador) com um rapaz dormindo. Quando o elevador parou, ele acordou assustado e me fitou dentro da cabine. (Aí é que percebi que a cabine era redonda e transparente, lógico!) O rapaz levantou-se com seu ‘robe’ de seda verde, avançou para atacar-me (?) muito mal-encarado e tirando o ‘robe’, deixando-o cair no tapete do quarto. A porta do elevador, curva, abriu-se e ele caiu contra mim, desviei-me instintivamente. A porta voltou a fechar-se e o elevador desceu.

Olhei o novo companheiro de viagem, nu, deitado no chão e com uma adaga oriental enfiada nas costas, de onde o sangue jorrava aos borbotões. Atônito e paralisado deixei cair a pasta 007 que bateu na banqueta de vidro e a quebrou, no momento exato em que o elevador parou. A porta se abriu e, no ‘hall’ do edifício, uma equipe da RONDA (Polícia servil de São Paulo) apontava suas armas para mim. Ergui as mãos, apavorado.

Felizmente acordei, numa rede, da minha última noite de estadia em Natal, após tantos anos sem ir lá!

Yvaniokunha

[03:45’ de

08.05.2004

Calmas/Maceió

YvanioDaKunha
Enviado por YvanioDaKunha em 30/11/2007
Código do texto: T759857
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