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VOCÊ É LOUCO
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- VOCÊ É LOUCO!!!
- Nossa! O que foi isso?
- Resolvi chamar quem estiver lendo de louco.
- Hã? Ué, e pra quê?
- Ora, só pra ver o que acontece. Tô chamando a atenção do leitor.
- Parece maluquice...
- Não. É como diz aquela frase, "de médico e de louco todo mundo tem um pouco".
- Ah, tá. Vou fingir que acredito.
- Pode acreditar, e também tem o lance da inovação. Texto berrado, nunca foi tentado. Até rimou!
- Ainda não entendi nada.
- Ah, é simples, é só chegar, olhar pra quem está lendo e...
VOCÊ É LOUCOOOOO!!!!
- Ai. Cara, não berra no meu ouvido...
- Agora já foi.
- Putz... maluquice. Pelo menos tem gente lendo. Acho.
- Como assim "acho"?
- Ah, e você acha que é simples assim? Chega gritando, em caixa alta, e já vão te ver?
- Claro que é? Olha só...

- Olhar o quê? O que cê tá fazendo?
- Calma, tô dando espaço. É marketing. Umas linhas em branco também chamam a atenção.
- Linha em branco? Do que você tá falando?
- Espera aí. Confia que vai dar bom. 1, 2, 3 e...

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- EI, VOCÊ! SIM, VOCÊ QUE TÁ LENDO, VOCÊ É LOUCO!!!!!
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- Para, velho! Cê é que é louco... Baita fiasqueira...
- Eu fora. Louco é quem tiver lendo.
- Mano, isso vai dar ruim. Fica ofendendo o leitor em caixa alta e ainda usando trilha de asterisco pra destacar.
- Pois é. Se tem leitor, é que alguém leu ou está lendo, né? Objetivo alcançado.
- Vai bater a polícia. Vão interditar o jornal...
- Que interditar o quê. Vai é dar ibope.
- Ibope na cadeia...
- Você é muito pessimista, tá criando caso por nada.
- Você chamou o leitor de louco, em caixa alta e com moldura. Mano...
- E se ele for louco mesmo?
- Cara, isso não é problema nosso. O pinéu que se vire.
- E se for uma leitora?
- ...
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- EI, VOCÊ QUE TÁ LENDO, VOCÊ É LOUCO(A)!!!
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- Para, desgraça!
- Tô sendo inclusivo.
- Inclusivo o caramba!
- Tá de boa, isso aqui é só uma crônica.
- Como isso pode ser uma crônica? A gente só tá falando e você fica fazendo fiasco em caixa alta.
- Melhor ainda. É tipo aqueles esquemas, aquelas misturas de uma coisa com outra... hipertexto...
- Intertextualidade.
- Isso. Mó da hora! O cara vai achando que vai ler uma crônica e...
- É CHAMADO DE LOUCO, em caixa alta e com moldura, ainda por cima!
- Para de fazer drama!
- Não vê que isso pode dar problema pro jornal?
- E como você sabe que isso aqui é um jornal?
- Não acredito que a gente tá tendo essa conversa...
- É sério. E se for uma revista? Pode ser até uma parada online, um site ou rede social.
- Não interessa se é ou não é jornal! O que interessa é que não pode ficar chamando as pessoas de louco, ainda mais em CAIXA ALTA, caramba!
- Calma, não precisa gritar.
- Maior vacilo...
- Mas não tem problema, principalmente se a pessoa que tiver lendo não for louca.
- Ah, vai dormir, vai...
- Sim, ela vai ficar de boa.
- Quer se encrencar, se encrenca sozinho. Fui!
- Ela vai até achar engraçado. Olha só:
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EI, VOCÊ QUE TÁ LENDO, VOCÊ É LOUCO(A)...
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Hmm... Você sabe como se diz louco em língua neutra LGBT? Será que é 'louque'?
Ei!
Espera!
Volta aqui!


Texto de autoria de Fabian Balbinot

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