O Garoto que Desapareceu

Fim

Já está de noite e este garoto ainda não foi dormir, sua testa dói pelo esforço de suas sobrancelhas em ficarem contraídas com a mesma expressão de preocupação que teve durante todo o dia. As cortinas dançam ao sabor do vento que vem da janela e ele só pensa em uma coisa, já não mais lhe importa as notas do colégio ou os seres abissais que tanto o impressiona, só lhe importa uma coisa: Amanhã ele vai embora, não de sua cidade ou de casa, mas sim de todo o mundo conhecido. Para onde me perguntas? Isso não importa, só importa que do nada ele vai partir, deixando tudo que ele ama ou odeia para traz, deixando o sopro do vento do rosto, ou a satisfação de sentir a água descendo sua garganta após tanta sede.

Ele fica andando de um lado para o outro do quarto pensando como seria o futuro sem ele, o que ele vai perder, e o que ele perdeu. Tentava imaginar quem daria falta dele, pois ele não sentirá falta aonde ele vai. De vez em quando, vem a sua mente a imagem aterradora dos rostos do qual ele vai deixar para sempre, se ele pudesse ao menos voltar mais uma vez não se importaria tanto... só para ver como ficaram... Logo vem em mente os seus trabalhos pendentes, não os trabalhos de escola, a escola não importa, mas sim seus textos e seus garranchos aos quais se dedicou com tanto esmero. O que ele vai fazer? Deixar para que as traças devore todos os seus devaneios? Ele não confia que alguém vai publicar para ele, nem se ele deixar uma carta.

Ele vai para a janela mais uma vez respirar um pouco de ar puro, apreciando como se fosse o último pedaço de um doce que ele nunca mais vai comer, coloca em som uma musica que marcou a vida dele, sente por não ter em mãos uma foto de seus amigos, fica em duvida se aqueles eram realmente seus amigos, resolve escrever uma carta, mas não tem papel no seu quarto. Tenta memorizar os seus melhores momentos mas o stress causado pela expectativa não o deixa. Por fim, tira a camisa e deita no chão, esperando sentir o ar frio passar por ele, só para se sentir vivo... Ele queria estar abraçado com alguém nesse momento, só para dizer como se sente, mas nesse momento ele está sozinho no quarto...

Enquanto isso, os ponteiros andavam com uma velocidade aterradora, o mundo seria mais justo se fosse ao contrario, se o tempo andasse mais devagar quando estamos aflitos e não entediado. Ele olhava para o relógio a cada minuto, e suas sobrancelhas doíam cada vez mais! Quando o relógio anunciou meia noite, ele olhou para o espelho em seu quarto e viu o assustado rosto do qual lhe pertenceu a vida inteira, foi em direção a ele, tocou levemente o espelho apreciando a sensação fria do espelho roubando sua temperatura... E enquanto olhava para seus rosto no espelho fixadamente, disse usando a vós que nunca mais ondularia pelo vento, o que ele disse foi: “Adeus, valeu a pena! Não foi? Espero que se lembrem de mim...”

E desapareceu, deixando apenas uma muda de roupa caida no chão, como se não existisse... como se fosse apagado.