O Ditador ( Parte 4 - Capítulo 2, b)

Oliver obteve uma boa nota no segundo treino.

– Tem uma coisa que eu não entendo – disse Wilhelmsom ao amigo de infância – você tem um desempenho excelente em movimento e péssimo quando está parado.

– Nem eu entendo senhor, só sei que sinto mais facilidade, parece estranho mesmo, não faz muito sentido.

– Vamos para o paintball brincar um pouco – convidou Colin.

Devidamente equipados, o sargento selecionou uma arena urbana no painel do sistema, partida de três contra cinco adversários. Desta vez entrariam na arena por elevadores vindos do subsolo. De estratégia anteriormente planejada, o trio chegou ao solo de combate. Os adversários já sabiam quem seria o primeiro eliminado, Oliver, só que em vez de combater resolveram rir um pouco e tirar sarro do soldado trapalhão, logo, dois foram alvejados com imensa facilidade pelo tenente. A partir daí tomaram extremo cuidado e passaram a pressionar. Eliminaram Colin com alguma facilidade e não pararam de atirar. Wilhelmsom não suportando a pressão se deixou descobrir e os três restantes partiram pra cima dele devagar, o tenente se decepcionou consigo mesmo por ter cometido falha tão grave.

– Então tenente – disse um dos rapazes – finalmente pegamos você. Qual sua última palavra antes do fim?

– Uma coisinha só. Olhem para trás daqui a três segundos.

– Como assim?

Uma surpresa para todos, menos para Wilhelmsom. Oliver atravessou o campo correndo e disparando, acertando em cheio nos peitos dos três. Os rapazes ficaram embasbacados pelo que acabaram de ver e sentir, foram surpreendidos pelo soldado tido como mico por eles, isso era quase inadmissível.

O tenente, o sargento e o soldado foram jantar para comemorar, não era nenhum feito heróico, mas uma grande evolução. Em seguida o tenente voltou para o seu quarto afim de estudar. Estava enlouquecido em meio de diversas legislações marciais, inúmeros estatutos e regras internas do Conselho Superior. Wilhelmsom já nem dormia mais, a cafeína virou sua melhor amiga. Alguém bateu levemente na porta.

– Entre!

Era Sid, o coronel.

– O que o traz aqui a essa hora da noite coronel?

– Uma notícia nada agradável.

– O que houve? Pare de fazer tanto mistério!

– O General Viddon faleceu esta tarde.

– Nossa! Quando será o velório?

– Amanhã de manhã, logo depois o corpo dele será cremado. Mas tem mais, o teste será antecipado para a próxima semana.

– Está próximo demais. O que eu faço?

– Dê o melhor de si. Não garanto que você vá passar, mas não desista antes da luta terminar rapaz.

O coronel deu um tapinha no ombro do tenente e foi embora. Wilhelmsom ficou mais motivado para se internar nos estudos.

Pela manhã o tenente estava um verdadeiro caco, sequer um minuto dormira na noite anterior. Mas naquela manhã não haveria treino, apenas apresentação de um novo membro na divisão.

– Então tenente, quem é o nosso novo companheiro? Perguntou Oliver.

– Logo vocês a conhecerão.

– Estranho! Uma mulher na companhia?

– Isso mesmo, entre Chris.

O silêncio foi generalizado diante da chegada do novo membro. Era uma mulher perfeita e sensual, capaz de deixar qualquer, mas qualquer milico com queixo arrastando no chão.

– Quero vos apresentar a nova tenente da divisão especial. Como sabem, estou me preparando para tentar a vaga no Conselho Superior, não poderei dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo.

– Teria um prazer imenso de treinar a sós com a nova tenente – sussurrou Oliver para Kim.

– Como é? Perguntou Chris.

– Nada não senhorita – respondeu o soldado

– Cem flexões agora, por favor.

Kim soltou um pequeno riso.

– Você! Acompanhe-o no exercício – ordenou a tenente.

Enquanto os dois se exercitavam, Wilhelmsom foi dar uma palavrinha com a nova tenente.

– Sobre o Oliver, seja bem dura com ele, quero ver este rapaz perfeitamente alinhado daqui a alguns meses.

– Não precisa nem pedir, já faria por natureza.

– Eu já imaginava que sim, por isso a chamei para treinar esta equipe.

– Eu tenho experiência com algumas divisões especiais, acho que conseguirei um bom resultado nesta também.

– Que bom que está confiante. Vamos até a minha sala, vou te passar algumas instruções básicas.

Após ter passado tudo para Chris, ela foi embora e o tenente pôde voltar a estudar. Uma semana para o teste seletivo e ele havia estudado não mais do que a metade de todo o conteúdo, precisaria se apressar muito.

Na sala do General Sato, seu secretário coloca sobre a mesa alguns papéis assinados.

– Aqui está senhor, do jeito que pediu.

– Excelente.

Wilhelmsom participara de mais um júri. Caso um tanto complicado, um jovem recruta havia matado um colega ao disparar a arma acidentalmente fazendo a manutenção dela. Os jurados não compraram os argumentos da defesa e pretendiam condenar o soldado por homicídio doloso em vez de culposo. Foram dez votos pela condenação pelo crime doloso contra um pelo culposo, este fora do tenente. De algum jeito o caso o lembrou da morte do irmão de Oliver, o que o fez entender a situação do soldado. Obviamente o corpo do Conselho Superior não gostou da atitude, o tenente nos últimos tempos estava nadando para o lado contrário, parecia até certa desobediência à legislação, era o entendimento dos jurados.

Farah
Enviado por Farah em 14/06/2008
Código do texto: T1034513
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