O ditador (Parte 5)
Capítulo Três
“Uma guerra com aquelas proporções não podia acabar com um bom resultado, para o azar do planeta, foi péssimo. O conflito acabou sem uma grande potência existente, o poderio nuclear iraniano e norte-coreano arrasou quarteirões no território norte-americano. Em resposta, o Oriente Médio acabou devastado. Das cidades milenares de Roma e Paris restaram apenas os escombros, seus monumentos não foram lembrados na hora do conflito. A sede administrativa da União Européia em Bruxelas não se sabe como ficou inteira, mesma sorte teve o Parlamento Europeu em Estrasburgo. Também não foram atingidas pelo ataque a sede da OEA e a Comissão Interamericana na Costa Rica. No período pós-conflito, líderes militares e chefes de estado e de governo tomaram uma decisão crucial na organização político-administrativa global: os países estariam extintos a partir daquele momento...”.
Wilhelmsom estudava concentrado em seu quarto, de repente leva um enorme susto com três batidas na porta.
– Entre, por favor – gritou o tenente
– Atrapalho? Era Sid.
– Na verdade, um pouquinho sim.
– Vim te buscar para darmos uma volta pelo bosque.
– Bem que eu gostaria, mas veja o que tenho pra estudar ainda.
– Vamos! Você precisa descansar um pouco, tenho certeza que não te fará mal respirar um ar fresco por alguns minutos.
– Tudo bem então, eu te acompanho.
– Agasalhe-se! Está frio lá fora.
– Você sempre muito preocupado comigo – disse o tenente, apanhando o casaco marrom, seu preferido e colocou seu relógio que aliás o que menos parecia ser era um próprio, devido às múltiplas funções do pequeno aparelho de pulso.
– Um futuro membro do Conselho Superior Militar não pode viver resfriado – respondeu de prontidão o coronel.
– O que está achando do meu desempenho nos júris?
– Eu estou satisfeito, você tem feito um bom trabalho.
– Acho que falta um porém na sua fala.
– Um porém?
– Estou vendo em seus olhos que não está tudo muito bem.
– Bem, é que...
– Não estão gostando não é?
– Não disse nada disso.
– Não precisa, estou sabendo que não sou a menina de ouro dos olhos do Conselho Superior. Espero que não reflita no resultado do meu teste, não quero que isto me prejudique.
– Preocupe-se apenas em se preparar adequadamente.
Um pouco longe do bosque, a divisão especial treinava com a nova tenente no paintball. Oliver ainda não conseguia acertar um adversário atirando sem se movimentar, logo foi eliminado da arena. Após terminado o treino, ela se dirigiu ao soldado com uma cara de poucos amigos.
– Estão todos dispensados com exceção do rapaz aqui – disse ela, apontando para Oliver. Aliás, comece agora a pagar quinhentas flexões e depois encontre-me no outro lado da academia para treinar tiros.
A caminho da cozinha, Kim comentou com Colin sobre como Chris pegava pesado com Oliver.
– Você acha que Wilhelmsom colocou-a no comando por outro motivo?
– Não, faz sentido agora. Coitado, vai sofrer tanto.
– O que acha de uma rápida corrida até o outro lado do bosque em vez de nos empanturrarmos de comida? Convidou Colin.
– Vamos apostar alguma coisa?
– O perdedor lava o banheiro do outro – disse o sargento e saiu em disparada.
– Prepare a escovinha para limpar o meu – disse Kim, ultrapassando-o.
Uma hora depois, Oliver com muito sacrifício terminou as quinhentas flexões, após isso já nem tinha mais forças pra levantar.
– Vamos fracote, o mundo não pára depois de um pouco de exercícios.
Oliver a olhou com uma cara de quem tinha séria vontade de matar alguém.
– Não tenho medo de cara feia, vamos melhorar essa coisa que você chama de pontaria.
Duas horas depois, o soldado Oliver estava exausto.
– Vamos correr um pouco agora – disse a tenente.
– O quê? Está doida? Correr depois de todo o treinamento que tivemos.
– Prefere ser arrastado pelo chão?
– Droga!
– Reclamando mais uma vez ganha mais uma hora para correr.
Lá foi Oliver exercitar as pernas.
Não muito longe dali Kim venceu Colin na corrida.
– Boa sorte na limpeza – disse o soldado para o sargento.
– Tudo bem desta vez, você já limpou o meu muitas vezes mesmo.
– Pedi demissão do cargo, o serviço agora é teu.
– Até o Wilhelmsom já fez o serviço uma vez pra mim.
– Como foi isso?
– Fácil, não foi uma disputa de tiro ao alvo. Deus sabe como eu corro mais do que qualquer um da divisão.
– Claro que cada um tem habilidades específicas aqui. Qual você acha que é a do Oliver?
– Não sei te responder. Sei que o tenente assumiu uma responsabilidade gigantesca ao convidá-lo para a equipe.
– Mas muitas vezes não vejo vontade de melhorar da parte dele.
– Só sei que temos que ajudá-lo o quanto puder, o Wilhelmsom já fez a parte dele.
– Fez?
– Para que você acha que ele chamou aquela mulher?
– Ah sim! Faz sentido ela estar pegando tanto no pé dele.
Semana seguinte, havia chegado o momento da disputa por uma cadeira no órgão mais importante para a carreira de um militar.