A Estranha Morte de Alfredo Amaral

I

Rio Claro, SP, Sábado, 17 de janeiro de 2005, 00h17min. Era tarde da madrugada, Alfredo Amaral, bem sucedido programador de computadores, se preparava para dormir depois de uma longa jornada de trabalho, em frente ao micro. Ele despe sua roupa, pois a possui o hábito de dormir só de cuecas, e faz pose para deitar-se, senta-se na cama e pega um copo com água, mas antes de dar o primeiro gole, algo lhe assusta, ao que diz:

- O que você esta fazendo aqui? Já não lhe disse que estou furioso contigo!? Suma já de minha frente!

O que terá acontecido naquele dia chuvoso de sábado, que deixou Alfredo tão furioso, e quem era aquela pessoa? Aquela pessoa que, do bolso da calça retira, uma pequena arma de fogo e sem declarar nada, atira sem dó nem piedade em Alfredo.

- Não!

Alfredo grita na esperança de ser socorrido, talvez pela sua família a tempo.

Nem bem a bala da arma crava em seu coração, o assassino foge e o deixa sozinho por alguns instantes, até o momento em que a filha e a esposa que dormiam no quarto ao lado, aparecem e o vendo estirado no chão, se desesperam.

Julia, sua filha de 17 anos, uma bela loura, dos olhos cor de mel, corre até o pai e o abraça, desesperando-se mais ainda, quando percebe que a bala que atingiu seu pai, estava bem, no coração. Ela tenta arrancar de seu pai algumas palavras, mas este já estava morto.

- Vou chamar a ambulância - Diz sua esposa, Márcia - De 40 anos, uma bela ruiva, de pele bem branca, e um corpo escultural de dar inveja a muitas meninas. Ela sai correndo pelo corredor até chegar à sala onde estava o telefone.

Mas Julia já tinha percebido que era tarde demais, seu pai não estava mais neste mundo.

Quando a ambulância chegou, a policia veio junto, e dois investigadores, interrogam mãe e filha, sobre o ocorrido. Elas estavam confusas, quem poderia ter cometido esta crueldade, Alfredo, mesmo às vezes tendo seus ataques de cólera, era um homem bom, um bom marido e um excelente pai.

O cadáver de Alfredo é levado, e as duas entram na casa, para dormir ou pelo menos tentar. Amanhã cedo seria o velório dele.

II

Domingo, 18 de janeiro de 2005, 07h17min. Estavam todos reunidos no velório, do querido amigo, Alfredo Amaral, excelente profissional, excelente amigo, e excelente marido e pai .

Esposa e filha choravam, sua mulher com a cabeça abaixada, os olhos meio roxos, pois não dormiu a noite inteira, usava óculos escuros, e o tradicional vestido negro .

Sua filha caiu no pranto, quando a sepultura de seu pai fora aberta, e o caixão dele, se preparava para descer. Ela tinha uma ligação muito forte com ele.

No velório, aparece um jovem rapaz, que se destacava, pois os conhecidos de Alfredo eram em sua maioria pessoas de maior idade, este jovem era Otavio, o namorado de Julia, que veio consolar sua amada.

Ele a abraça forte, e lhe dá seus pêsames, olha fixamente para a mãe dela, e faz o mesmo.

As horas passam e o velório chega ao fim, o ilustre amigo de todos, estava agora, a sete palmos abaixo da terra. A multidão que lotará o cemitério, aos poucos se dispersa, e no final, ficam apenas, Julia e Otavio, sua mãe havia ido também, pois não havia se sentido bem.

Os dois conversam:

- Não entendo, meu pai não fazia mal a ninguém, por que alguém teria motivos para matá-lo ?

- Talvez por inveja, Julia, lembre-se que seu pai era um excelente profissional...

- É verdade... Ainda não acredito que não o tenho mais do meu lado, ela era meu anjo da guarda.

- E ainda o é, meu amor, pode acreditar que ele ainda esta ao seu lado, em espírito.

- Quero acreditar nisto. Vamos pra casa?

- Adoraria... Mas preciso ver uns negócios, mais tarde te encontro, tudo bem?

- Tudo bem. Até breve.

- Até breve.

Os dois trocam um breve selinho e se despedem. Otavio vai embora do cemitério, mas Julia fica mais alguns instantes meditando sobre o fato.

III

No mesmo dia, do velório, lá para o meio dia, Julia, resolve ir até a casa de Otavio, pois costumavam almoçar juntos todos os domingos.

Ela chega e o chama, mas ninguém atende a campainha, ela mexe na porta e percebe que estava aberta, entra e o chama, mas logo andando pela casa, percebe que estava sozinha.

- Deve ter ido ao supermercado.

Ela se senta no sofá, da sala de estar que havia, no fundo da casa, e tira um cochilo, dorme por umas duas horas, até que acorda assustada por ter perdido hora, e percebe que já eram duas da tarde.

- Ah meu Deus! O coitado do Otavio nem deve ter percebido que cheguei, e deve ter almoçado sozinho.

Ela resolve andar pela casa e procura-lo, ouvi alguns ruídos que vem do quarto, e percebe que era ele que estava lá.

Resolve fazer surpresa, pois ele não percebeu que ela entrou na casa. Vai sorrateiramente até o quarto dele, mas quando se aproxima começa a ouvir uma voz estranha, de mulher:

- Ai, ai, ai! Vai gostoso, vai!

Julia já pensou o pior, Otavio a estava traindo, pensa ela:

"-Como pode, eu sou fiel, e faço de tudo por ele, é meu xodó, mal agradecido."

Chocada pelo fato, vai devagar, até a porta do quarto que estava apenas encostada, ela se achega devagar para espiar antes de pegá-lo no fraga, mas de repente, ela com os olhos esbugalhados, murmura baixinho:

- Mamãe...

Que choque para Julia, sua mãe, uma mulher que ela sempre amou e respeitou, estava agora de quatro, em cima da cama, com Otavio por trás a penetrando ferozmente, e lhe dando cintadas, deixando sua bundinha branca vermelha.

Julia tinha vontade de entrar e desmascarar os dois, mas não teve coragem para fazer isto.

Sem pensar, ela sai correndo daquele lugar, e vai para a sua casa.

Chegando, ela vai direto ao quarto da mãe, e louca, de ódio, começa a quebrar tudo, abajures, espelhos, vidros de perfume. Mas de repente, quando ela pega um travesseiro, percebe que abaixo dele havia um pequenino pedaço de papel, ela o pega desconfiada e lê algo que estava escrito:

-À Márcia... Até que enfim, você matou o velho... De seu amante fiel, Otavio.

Não podia ser, mas o era, sua mãe, em parceria com Otavio, eram os causadores, da morte de seu pai, Julia estava louca, a ponto de surtar, ela se dirigi a janela, e desta janela lá longe vê o cemitério onde seu querido pai estava, e logo abaixo avista Otavio e sua mãe se aproximando da casa, os dois sorridentes, mas disfarçando seu romance. Julia, que perdeu tudo, o amor de seu pai, o respeito pela sua mãe, e o amor de sua vida, olha mais um pouco para eles e faz o inesperado, se joga da janela do terceiro andar de sua casa e cai morta, ensangüentada aos pés de sua mãe e de Otavio.

A mãe, que de feliz agora está desesperada, contempla sua filha aos pés caída, que como últimas duas palavras dizem:

- Eu sei...

A mãe então consciente de que sua filha já sabia de tudo, pois só isso poderia dar motivo para ela se suicidar, se ajoelha ao chão e berra .

- Não!

Mas, era tarde demais.

Alexander King
Enviado por Alexander King em 20/03/2006
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