FITA ERRADA

Outubro de 1998

Na Vila do Sapo, vivia um garoto chamado Vagner, que era chamado de Vaguin por todos seus conhecidos. Com apenas dezenove anos, Vaguin foi batizado no crime, assaltando uma farmácia, e reza a lenda que ele era impiedoso; tipo reagiu, morreu.

Aos vinte anos já tinha sido absolvido de um crime de homicídio devido à excludente legítima defesa, já que o desafeto também estava armado quando foi morto.

O tal Vaguin era um expert no Artigo 157, o crime de roubo na lei penal brasileira, já que quando cometia um assalto, ia decidido, e vez ou outra, cumpria suas ameaças de morte.

Com os dividendos provenientes do produto de furto, Vaguin gostava adquirir e consumir coisas boas: correntes de ouro pesadíssimas; tênis de marcas famosas; roupas transadas, compradas nas melhores lojas; perfumes franceses; uísque escocês; motocicletas; e cocaína, a qual consumia sem moderação, "sem miséria", como se diz no dialeto do gueto.

Apesar de baixinho, pardo e sempre careca, Vaguin sempre andava acompanhado de garotas bonitas, humildes, mas bonitas, que com seus shortinhos curtos, se exibiam na garupa das motos esportivas por ele pilotadas.

Recém saído de uma prisão por roubo, agraciado com o benefício do regime condicional, Vaguin estava louco para se divertir e tirar a barriga da miséria, para gastar um pouco do dinheiro sujo que estava bem guardado.

Certo dia, a convite de mais três amigos, Vaguin topou ir até uma cidade vizinha, onde funciona uma famosa Boite & Drink´s, com garotas lindas e fáceis; e uísque caríssimo.

Antes de saírem, Vaguinho passou na casa de um parceiro de crime e pegou umas vinte gramas de cocaína para apimentar sua festa.

Mal sabia ele, que seria este o motivo de sua derrocada.

Chegando na cidade do pecado, eram 20:00 hs, eles pararam o carro próximo à uma praça, em baixo da sombra escura de uma árvore para cheirar a primeira porção da droga. Enquanto preparavam a substância, um carro da P.M. se aproximou e lançou um foco de farolete no carro dos então suspeitos; e antes que o motorista pudesse pensar em arrancar com o carro, outra viatura cercou o automóvel, impedindo a saída.

Vaguin, que estava na condicional, sabia que voltaria para o xadrez , caso fosse pego com aquela quantidade de droga, e impensadamente, engoliu as quase vinte gramas do pó, embalado em vários papelotes.

A polícia abordou o carro, e começou a examinar o interior do veículo, tirou todos os ocupantes, encostou todos na parede e começou a revistá-los, um a um, perguntando o que faziam e já pegando a identificação de todos.

Posteriormente, levou todos para a delegacia, dentro da gaiola da viatura, e lá dentro, Vaguin avisou os companheiros que não estava se sentindo bem.

Na delegacia, foram para uma salinha de interrogatório e Vaguin já apresentava sinais estranhos, começara a gritar, queria até uma faca para tentar abrir a própria barriga, tentava vomitar e não conseguia.

A polícia, espertamente, dizia que era manha, desculpa de bandido que é pego na condicional e em atitude suspeita.

Vaguin não aguentou mais cinco minutos; e teve uma parada cardio-respiratória fulminante, devido à overdose pela ingestão de cocaína.

Mais um fim trágico, de quem se envolvera no mundo do crime.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 17/03/2009
Reeditado em 18/03/2009
Código do texto: T1491226
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