Olhos incandescentes IV - revelação

Tendo estabelecido residência em Goiás, Mazinho trabalhava bastante, pois não faltava serviço de desmatamento de área verde para formação de pastagens.

Montou uma nova carvoaria e também fornecia lenha para moradores, comerciantes e ferreiros.

Certo dia, durante uma operação de rotina, a polícia goiana fez uma abordagem e constatou que Mazinho era foragido da justiça paulista.

Mazinho foi mandado de volta à sua cidade e depois de exames periciais foi constatada sua psicopatia assassina. Mazinho acabou confessando outros homicídios - dentre os quais o do comerciante que ligara para sua companheira - ajudando a solucionar vários casos de desaparecimento pendentes de resolução e ainda esclarecendo com riqueza em detalhes o modo pelo qual esquartejou e queimou vários corpos em suas fornalhas de carvão, insistindo que todos haviam merecido morrer por algum motivo.

Também esclareceu que apesar de saber atirar, não gostava de armas de fogo, pois sentia prazer ao ver o punhal entrando e ao sentir o sangue escorrer por suas mãos, olhando nos olhos e explicando à vítima porque estava sendo morta.

Hoje em dia, no alto dos seus 70 anos, Mazinho se locomove com dificuldade e está quase cego, vivendo num abrigo para idosos em uma cidade tranquila do interior. Vive a carregar um pedaço de madeira na cintura, o qual acredita ser o seu punhal de aço damasco com cabo listrado.

O corpo já não tem a resistência do jovem, a mão trêmula perdeu a precisão no manejo do punhal, no entanto, seu olhar transparece um ódio que arde e ainda mete medo em quem tem coragem de encará-lo.

FIM.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 11/03/2010
Código do texto: T2132139
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