Retalhos De Sangue!

Os retalhos estavam espalhados pelo chão. Todos manchados pelo sangue de Fátima. Ela não teve tempo de reação. A costureira, aquela sexta-feira ainda fizera planos, para o fim de semana, que prometia, porém não sobreviveu até à hora do lanche daquela tarde com as outras funcionarias da fabrica. O golpe foi desferido, diretamente na artéria jugular. Maria não quis conversa. Não jurou de morte, tampouco ameaçou. Já chegou matando. Fátima caiu como se fosse: uma ave, abatida para o almoço de domingo.

Dias antes, corria na fabrica os rumores, que uma sirigaita, andava cercando o terreiro de Maria. Querendo ciscar e beber da água que ela conhecia bem! Maria estopim curto, apenas ligou uma coisa com a outra e “batata.” Descobriu ser Fátima. Sua amiga de infância, companheira de dificuldades. “Que amiga que nada! Cretina!” “Hoje eu apago aquela vaca. Galinha!” “Mexeu foi com macho meu!” Os pensamentos dominavam as ações de Maria. Duas ou três vezes fora chamada a sua atenção, pela gerente de repartição, por um corte mal feito na malha. A tesoura dançava em suas mãos!

Elas almoçaram todas no refeitório. Fátima sorridente falava. “Esse fim de semana promete Zuleica!” E contava todos os planos, que programou com o bofe novo, que arranjara. Maria a cada palavra confirmava a sua certeza de duvidas que se dissipavam. A sirene tocou e todas voltaram aos seus afazeres. Fátima cantarolava uma canção que ela adorava. Quando a voz lhe faltou. O sangue quente começou escorrer-lhe, pelo corpo, manchando-lhes as vestes. Andou alguns passos, caindo no monte de retalhos. Olhando jaz sem vida a amiga que a acertou fatalmente.

As operarias da fabricas correram a acudir Fátima. Porém, tardiamente! Os policias foram chamados, depois que, tudo foi esclarecido, Maria atuada em flagrante: artigo 121 do código penal brasileiro. Condenada a mais de sete anos de reclusão na penitenciaria feminina. Já cumprindo a pena a mais de seis meses e nenhuma noticia do seu marido para as visitas intimas.

“Carta para Maria!” Ao ouvir o anuncio do carcereiro, ela sorri com um fio de esperanças de serem noticias dele, seu marido. Aquele a qual com uma fealdade leonina, matou a melhor amiga, para conservá-lo ao seu lado. Trêmula de emoção rasga o envelope. Então ela vê: as sandálias estavam jogadas pelos cantos do quarto. O Lingerie comprado na loja de intimidades também. O reflexo do espelho ainda tinha as cenas do amor trocado, sobre os lençóis, embaixo das cobertas. A janela entreaberta deixando a luz de o luar invadir o quarto. Cobrindo os corpos imóveis parecendo insaciáveis, no entanto a lente da câmera digital, mesmo longe, lá da janela do outro apartamento registrou todos os acontecimentos. Pena que sua mãe Fátima já havia sido morta pelo ciúme de sua melhor amiga Maria!

Seu corpo treme! O sangue lhe ferve nas veias de todo o corpo. Seus olhos derramam incontidos as lagrimas! Ela gira, gritando estridente. Segurando a missiva nas mãos. Cegada pelo ódio, ela mirou as grades de sua cela, e feito um projétil, saiu em disparada, chocando-se com tamanha força na grade! Que sua cabeça esmagou de encontro às barras de ferro. Morrendo instantaneamente, deixando cair de suas mãos: o envelope e seu conteúdo. Entre tantas fotografias, no verso de uma somente estava escrito: MAMÃE ERA INOCENTE! TITIA MARIA...

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 19/05/2010
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