Era cinza

A cor das paredes daquele quarto de motel era cinza. A decoração, impecável, ia de carpetes cor-de-rosa a cortinas creme. O rapaz gordo e bonachão aguardava, ainda usando aquela cueca samba-canção xadrez e expelindo gotículas de suor de cada parte do corpo, de tanta ansiedade. Tomou mais um gole de whisky.

Ela saía do banheiro destilando sensualidade. Cada passo em direção ao rapaz gordo fazia o pequenino órgão sexual dele pulsar. Estava linda com aquela lingerie preta. Nem parecia uma garota menor de idade trajando aquilo.

Ela empurrou-o sobre a cama de casal já desforrada e sentou no seu colo. O gordo agarrou-a como um faminto se agarra a um prato de comida. Ela sentiu o cavanhaque dele roçar-lhe pelo pescoço e descendo em direção aos seios. Afastou-o e aproximou seus lábios vermelhos e carnudos do ouvido dele.

- Pedófilo gordo e nojento..

E quebrou sobre o criado mudo aquela garrafa de champanha. Um golpe sobre a garganta foi o suficiente para fazê-lo jorrar sangue por todo quarto.

Tomou um vagaroso banho, e desfilou sobre o corredor cantarolando:

- “Nè mé quitte pas...”

No quarto, o corpo gordo e pálido repousava na cama. As paredes, cinzas outrora, exibia agora tons rubros. A camareira teria trabalho para limpar tudo aquilo.

Violeta Marx
Enviado por Violeta Marx em 09/04/2012
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