13º Salário

O sinal ficou vermelho. Augusto atravessava a rua na faixa de pedestres, enquanto apressava os passos, a fim de chegar logo em sua residência. “A Marli e as crianças vão adorar a surpresa!” Exclamava euforicamente para si mesmo, enquanto no seu rosto desenhava-se um sorriso contagiante.

Estava nublado, mas nada poderia ter corrido melhor naquele dia – Era o último dia de trabalho antes das suas férias, e recebera uma bonificação em dinheiro como presente antecipado de natal. “Vou levá-los para fazer uma viagem no final de semana. E ainda vai sobrar para comprar os presentes no natal!”. Ele tinha variados planos para aquele suado dinheiro, que ele esperou todo o ano para receber.

Alguns metros atrás, alguém seguia o Augusto. Era um tipo baixo, com sinais de calvície e barba por fazer. Aguardava o momento mais oportuno para o bote certeiro.

E foi em uma rua pouco movimentada que ele agiu. Colocou um gorro que ele carregava no bolso e anunciou o assalto, com um revólver em punho. Augusto entrou em desespero. Não podia entregar todo o seu esforço e seus planos de final de ano assim, de mão beijada. E em uma tentativa de salvar o seu dinheiro, tentou correr do bandido. Foi alvejado duas vezes nas costas. As poucas pessoas que andavam por ali correram, enquanto aquele rapaz trabalhador caía em uma poça de lama. O assassino revirou-lhe os bolsos, e levou todo o dinheiro de Augusto, já sem vida no asfalto frio e molhado numa mistura de lama e sangue. Logo depois fugiu em disparada, para longe do alcance dos olhares curiosos.

Naquele mesmo dia, Elizeu chegava em casa, enquanto exclamou para sua mulher e seus sete filhos: “Deus nos abençoou hoje! Vamos ter presentes de natal para todos este ano!”. Os moleques comemoravam, enquanto a esposa dava um beijo e abraçava aquele rapaz baixo, calvo e com a barba por fazer.