O fantasma

Estavam os três no plantão daquele dia.era um domingo ensolarado.Dia tradicionalmente calmo, então os três policiais passaram o tempo conversando,dando alguma informação a desconhecidos e tomando mate.Para almoçar e jantar saiam dois e permanecia um deles.Asssim passou o dia e veio a noite, ainda assim calma.Joselito era o mais graduado e por isso atendeu o telefone.Eram passados de 23h30 min.

-Alô! De onde fala? Disse uma voz distante.

-Delegacia de Polícia, Inspetor Joselito,respondeu.

-Inspetor tem uma briga grande aqui na "casa dos eucalipios".Mande a Polícia.Desligou.

Joselito ordenou a seus colegas,Marciano e Juca: vão lá nos Eucaliptos e olhem o que está havendo.Cuidado!

Os dois policiais embarcaram na Rural Willys e se foram. O cabaré distava dali uns quatro quilômetros.Lá chegando os dois viram que não havia mais nada, mas ficaram conversando um pouco Mariana, a dona do local e bebendo uma cerveja.Todos gostavam dela, além do mais era uma mulher muito bonita e qualquer homem sempre vislumbrava algo mais com ela.

Enquanto isso na Delegacia, Joselito ligou a televisão e ficou vendo um filme sem emoção.Levantou-se, verificou os livros, olhou a arma se estava limpa e voltou para o filme.Esteve assim por vários minutos.O volume da tv estava bem reduzido e imperava mais o silêncio daquela noite.De repente Joselito começou a ouvir barulhos.Não.Eram passos.Mas como passos? O velho casarão permanecia fechado aos fins de semana e somente a sala do plantão, a sala da frente e um quarto para um rápido descanso, permaneciam abertos.Entrou em alerta,deixou o coldre apto a sacar e posicionou-se próximo da parede de forma a atacar o inimigo quando este estivesse ao seu alcance.

Os passos continuavam a ecoar no assoalho de tábuas: toc, toc, toc.As tábuas estralavam e Joselito à espreita.Pelo som dos passos era uma pessoa.

-Isso mesmo.Ele vem dos fundos, pensou Joselito.

Alguns minutos e o barulho parou exatamente no lado oposto da parede onde Joselito estava. Joselito tomou coragem, sacou do revólver, engatilhou lentamente, moveu-se com o maior silêncio possível.Um passo adiante,mais um passo.As tábuas do outro lado rangeram:rammm.Joselito era homem de coragem e experiente, avançou de uma vez, venceu a entrada do outro cômodo de arma em punho e estaqueou,dedo em riste, pronto a atirar.

Foi tomado de pânico, não havia ninguém ali, nem um rato, nem uma barata,achou que nem os mosquitos zumbiam ali.Ainda de arma em riste, tomado de medo retornou andando de costas chegou até a frente do prédio e já na rua encostou-se na parede e tomou uma posição defensiva.Ali permaneceu.Esperou.A espera parecia uma eternidade.E ele ali, de arma em punho, na rua.Joselito, um homem valente,tremia muito.

Enfim, seus colegas chegaram, alegres e informando que lá na casa dos "eucalipios" não havia briga nenhuma, estava tudo calmo. Haviam passados apenas vinte e cinco minutos desde a saída deles da Delegacia.

-O que houve Joselito? Perguntou-lhe Juca, notando seu colega muito alterado.

Joselito contou-lhes então o ocorrido.

-Mas então vamos olhar toda essa Delegacia,porque esse bandido deve estar à espreita para nos pegar,disse Juca.E dito isto sacou de seu revólver e adentrou o prédio, foi seguindo e verificando peça por peça, janelas e portas.Chegou ao fim do prédio.Todas as portas e janelas estavam fechadas tal qual como haviam sido deixadas na sexta-feira.

Sentaram-se e ninguém naquela noite teve mais sono e nem conversaram como era de costume.Não houve mais ocorrências.A porta da frente foi fechada com tranca, mas às 03:00 horas ouviram um movimento na rua e ficaram alertas.A campainha tocou, estridente como era e ao mesmo tempo o telefone.

Joselito foi na direção do telefone.Juca e Marciano foram para atender a porta.

Enquanto Joselito dizia:

-Alô,Delegacia de Polícia às ordens.

Marciano posicionava-se de arma em punho e Juca abria a porta de sopetão.Não havia ninguém.Então sairam à rua e olharam em todas as direções.Nada nem ninguém,nem cães, nem gatos na rua.

-Alô,às ordens, disse Joselito novamente.

Joselito ouviu um ronco e palavras inaudíveis que ele jurou diziam assim: aqui é o escrivão Juarez.

Repos o telefone no gancho e disse.

-Era o Juarez.

Foi para o quarto, deitou-se e tapou a cabeça com seu pala de lã.No outro dia pediu licença médica e transferência.

Juarez era um escrivão de polícia que falecera a cerca de trinta dias durante uma diligência policial em circunstâncias não totalmente esclarecidas.

drmoura
Enviado por drmoura em 23/09/2012
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