Só Mais Um Crime (Parte 2)

- Olá Hill. Bom trabalhar com você de novo. – falou a policial Ana Olívia Torres.

- Olá Olívia. – foi a resposta, seguida de um olhar intenso, do agente Hill. – O que temos?

- O que te enviei no e-mail. Mulher, 42 anos, sem família, sem inimigos, sem nenhuma relação com o primeiro homicídio, a não ser o modus operandi do assassinato. – falou ela.

- Tá. Bom, pode ser que tenha a ver, pode ser que não tenha a ver, um caso com o outro. – falou ele pensativo.

- Você acredita nisso? – perguntou a policial Torres preocupada.

- Não. – Hill se encaminhou para o local do crime. Analisou todas as possibilidades, mas sem falar nada. – Já é tarde, estou com fome. – falou ele para Olívia, quando voltou da análise. Ela estava do lado do chefe do caso, o policial federal Antônio Souza.

- Agente Hill. Quanto tempo desde Bangu hein? – falou o policial Souza, que não gostava muito de Hill. Ele pensava que o S.I.F.A.P.B. era só um programinha imposto pelo exército para ficar no controle de tudo. Odiava ser um federal e trabalhar com um militar disfarçado de policial. Na verdade, odiava a parte “auxiliar” imposta pelo exército.

- Verdade. – foi a resposta seca de Hill. – Estou com fome, quero ir para o hotel.

- Descobriu alguma coisa?

- Não imagino a polícia federal sem pistas. Provavelmente nada que vocês já não saibam. – falou Hill.

- Tá certo. Policial Torres, quero você no caso com o Hill. Quero alguém para controla-lo. Espero que você esteja qualificada para o cargo. – falou Souza, que sabia de histórias sobre a policial Torres.

- Estou qualificada. – ela respondeu, e o assunto se encerrou.

O hotel escolhido era bem simples, um tanto fuleira. No quarto tinha uma cama, um armário, uma mesa e duas cadeiras, e um banheiro. Chamava-se Noite de lua, apenas mais um hotel desconhecido no centro do Rio de Janeiro. Era o que o exército havia escolhido pagar.

Hill e Olívia estavam num chinês ao lado do hotel, tomando um caldo de cana e comendo pastel.

- Não tinha nada melhor? – perguntou Hill.

- Ora Hill, pelo menos é aqui do lado. – falou Olívia. – Temos que conversar.

- É mesmo? – perguntou ele descrente.

- É, é mesmo. Olha, o que aconteceu na Amazônia...

- Olívia. O que aconteceu, aconteceu. Acabou.

- Não podemos transar ou Souza me tira do caso. – falou ela.

- E você quer muito estar neste caso?

- Claro. Eu amo meu trabalho. – falou ela.

- Eu sei. Olívia, eu não quero e não vou transar com você. – garantiu Hill, mas Olívia não pareceu menos aflita.

Terminaram a “janta” e foram para o quarto de Hill.

- Você podia ficar lá em casa.

- Não quero ficar muito próximo de uma cama e você. – falou Hill, divertido.

- Tem uma cama aqui.

- Mas aqui é meu escritório. – falou ele e ela se calou.

Ficaram em silêncio por algum tempo, analisando os relatórios da perícia e os dossiês sobre Aparecida e Jorge.

- Amanhã vamos trabalhar no escritório de verdade. – falou Olívia.

- Sabe de uma coisa? Não, espere. Sabe onde morava Jorge Vila? – perguntou Hill.

- Na Rocinha. – respondeu Olívia.

- E Aparecida do Carmo?

- No Complexo do Alemão. – respondeu ela sem entender. – O que isso tem a ver? São favelas diferentes. – observou ela.

- Eu sei, mas me diga, o que há de comum em favelas?

- Gente pobre, lixo, drogas...

- Continue. – ele falou. Ela pensou. Entendeu.

- Tráfico?

- Exatamente. A máfia da favela. Boca de fumo.

- E daí? São bocas diferentes. – falou ela.

- Amanhã eu te conto. – falou Hill. Ele se levantou e foi para a cama. Dormiu na hora. Olívia se levantou também e se dirigiu ao seu quarto.

Ela estava tensa por trabalhar novamente com Hill.

Na Amazônia, Olívia foi escolhida para a equipe de investigação de um crime que envolvia mortes de animais nativos do local, sempre com pessoas mortas ao lado. Era seu primeiro trabalho na equipe oficial de investigação, ao passo que Hill, já estava em sua quarta missão no Brasil. Na época ele tinha 32 anos e ela 27. Ela se apaixonou por ele e não pôde deixar de se entregar a ele. Trabalhavam juntos, como parceiros. Mas desde então haviam ficado seis anos sem se ver. Só que Hill havia sido o primeiro homem dela e ela não conseguia esquecer isso. Além do fato dele ser um deus do sexo, na mente dela, que depois dele havia tido outros parceiros, de longe tão bons na cama quanto ele.

Camilla T
Enviado por Camilla T em 17/10/2012
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