Só Mais Um Crime (Final)

- Olha, se você depuser contra ela aqui agora, vamos fazer um acordo com a promotoria e você não deve pegar mais do que seis anos na cadeia. Talvez saia com dois anos se se comportar bem. – falou Olívia.

- E por que eu faria isso? – perguntou Gonzaga – Falaram que eu nem ia ser preso.

- Foi necessário para fazer você falar. Precisamos prendê-la, mas precisamos que você deponha para termos uma prova. E se nos ajudar vai se ajudar.

- Eu não sei, não confio em tiras.

- E eu não confio em você, mas é tudo o que temos aqui.

- Eu deponho, se eu puder sair com um ano da prisão.

- Um ano? Rararara. – Olívia riu – Posso fazer por um ano e sete meses e você sai em condicional. – era uma boa proposta para quem não podia escapar da prisão.

Gonzaga resolveu depor contra Jackie Craig. Enquanto isso era feito, conseguiram um mandado de prisão para ela. Ela seria pega se surpresa.

O plano já estava montado. Ela seria presa dentro de casa. Se prepararam para partir e a viatura com os federais enfim saiu. Foram direto para a cobertura quando chegaram no prédio. Bateram, mas ninguém abriu a porta. Arrombaram. Hill tinha o sangue correndo quente nas veias. Finalmente havia pego a bandida do caso. Mas ainda não tinha como saber quem matara Silvan Craig, afinal, Jackie estava tocando no teatro quando o pai fora morto.

A cena que viram na piscina quando adentraram a casa era horrível. Haiden apontava uma arma para o corpo inerte de Jackie que estava no chão – ela tinha um olho roxo e um tiro na perna.

- Haiden você está preso. – gritou Olívia. Ele apenas riu.

- Preso, como assim? Ela é a bandida! – gritou. Estava drogado. Não foi fácil leva-lo prendê-lo, pois ele saiu correndo pela escada que dava para o terraço da cobertura. Hill não deixou nenhum policial segui-lo e foi ele mesmo atrás de Haiden. Quando chegou lá em cima, Haiden estava dependurado, pronto para saltar, no muro baixo do local.

- Não faça isso Haiden. Você ainda pode viver.

- Para quê? Pobre e preso? Prefiro morrer. – ele falou. Hill pensou no que fazer e foi falando coisas com Haiden, tipo como seria inútil ele se matar, apenas para ganhar tempo, enquanto avançava para mais perto dele. Haiden não percebeu de início, mas quando percebeu, atirou na própria perna, para despencar muro abaixo. Por sorte Hill estava bem perto dele e agarrou sua mão, de uma forma que ele não podia se soltar de Hill e este o puxou para cima e deu-lhe voz de prisão.

Quanto a Jackie, fora levada de ambulância para a delegacia. Olívia e Hill foram interrogar Haiden.

- Comece a se explicar. – falaram.

- Não tenho o que contar. Não tenho nada a ver com as drogas.

- Então por que estava querendo matar Jackie?

- Simples. Pelo dinheiro. Por anos eu trabalhei para aquele velho safado, que sempre teve dedo com as drogas, para ganhar mais dinheiro. Eu o matei para conseguir dinheiro. Não sabem que eu me casei com Jackie há dias? Pois é. Por isso eu ia mata-la também. Quando o velho morreu toda a grana foi para ela, e ela estando casada comigo e morrendo, o dinheiro viria para mim e eu poderia comandar a empresa. Mas eu não ia mata-la, só que a vaca resolveu vender as ações. Ela ia ficar na miséria.

- E quanto ao dinheiro desviado para a Espanha? – Hill perguntou.

- Não sei de nada quanto a isso. Jackie era a contadora do pai, mas ela usava um nome falso nos registros para ninguém duvidar dela. Eu contei hoje a ela que eu tinha matado seu pai. Ela tentou me matar com sua arma, mas eu desarmei ela. – Hainden contou.

- Você sabe que vai ser preso né? Pela morte de Silvan Craig e tentativa de assassinato a Jackie Craig. – Olívia perguntou.

- Não dou à mínima.

Terminaram de falar com Haiden e seguiram para a sala onde estava Jackie.

- Acho bom você começar a falar. – aconselhou Olívia.

- Com prazer.

- Fale das drogas.

- Meu pai e eu fomos cera vez a Bolívia e ele se encantou com a possibilidade de fazer dinheiro com o tráfico. Começou a importar a droga e vender aqui mais caro, e com isso ele foi fazendo dinheiro. Até que teve dinheiro suficiente quando meu avô morreu, deixando uma gorda herança para ele. Ele comprou terrenos e plantou as drogas e começou a fazer mais dinheiro com o aluguel dos caminhões. Ele desviou alguns para o carregamento de maconha e coca e outros para as entregas de crack. Sempre fazendo muito dinheiro, ele não vendia só aqui no Brasil, mas também nos EUA, França e Espanha. Eu sempre fui a contadora dele e administrava o dinheiro das drogas. Até que ele morreu e eu me dei conta da burrada que tinha feito só para agradá-lo. Desviei um dinheiro pra Espanha para poder ir para lá. Eu ia hoje, mas Haiden me prendeu em casa. Ele ia me matar para pegar meu dinheiro, afinal, estamos casados há dois dias.

- Confuso. Me fale sobre as mortes. – Hill pediu.

- Tive que tirar a Aparecida do mundo porque ela desconfiou do trabalho que estávamos fazendo, ouvindo uns boatos na favela e tals. Quanto á Berenice ela recebeu uns papéis que eram meus com todas as planilhas da contabilidade do dinheiro das drogas. Contratei o André Motta, conhecido do José Vila para fazer o trabalho para mim. Nunca tive nada a ver com o José além da apresentação do André. Não sei quem o matou.

- Provavelmente foram alguns bandidos com raiva que o mataram. Você está muito encrencada. Vai pegar anos de cadeia, espero que saiba. Seu amigo matador já está preso mesmo e claro, vai pegar anos de cadeia também.

- Eu fiz tudo isso pelo meu pai.

- Sei. – falou Olívia.

- O que vão fazer com o dinheiro?

- Ainda não sei, mas você com certeza nunca vai por as mãos nessa grana.

- Não vamos nem entrar num acordo?

- Você ordenou a morte de duas pessoas, vendia drogas e quer acordo? Não senhora, só cadeia e ponto final. Quem é bandido tem que viver vida de bandido. – falou Hill.

Saíram da sala deixando Jackie com uns guardas. Estavam finalmente contentes com a vitória do caso.

- Parabéns. Silvan era bandido. –falou Olívia.

- E André também.

- Bom, acho que é aqui que nos despedimos. Foi bom trabalhar novamente com você Hill. Sentirei saudades de você para o resto daminha vida. – falou Olívia.

- E eu de você Olívia. – Hill falou e deu um beijo na boca de Olívia, um beijo de despedida. Laura viu o beijo e se afastou.

Estavam no ponto do ônibus esperando um carro que os levaria de volta para o quartel. Laura e Hill se mantinham em silêncio. O carro chegou. Entraram.

- Bom, e como ficamos? – Laura perguntou. Hill não respondeu – Vi o beijo entre você e Olívia.

- Foi de despedida.

- Ela gosta de verdade de você. E eu também. Você me fez perder meu medo.

- Eu quando disse que me apaixonei não menti, mas não posso simplesmente seguir em frente num relacionamento.

- Temos que correr riscos Hill.

- Eu já corro muitos riscos com meu trabalho Laura.

- Eu sei Hill, e eu te respeito por isso. E apesar de finalmente eu sentir o desejo de ter uma família, com você, vou entender se mesmo assim você preferir descer do carro e seguir em frente sozinho. – falou Laura. O carro tinha parado no quartel. Hill não sabia se descia e ia embora ou se ficava e construiria uma família com a mulher por quem estava apaixonado. Ele ponderou. Queria muito ficar com Laura, mas sabia que os fantasmas do passado não parariam de assombrá-lo. Queria muito ficar ali, com aquela mulher que lhe fazia tão bem, mas não seria um marido para ela. Olhos no fundo dos olhos da moça e lhe deu um beijo, o último beijo que daria nela. Depois se levantou e saiu do carro. Deixou Laura apenas com a certeza que ela o amava e que ele a amava, mas era muito fraco para prosseguir.

Já era noite, estava frio. Hill não tinha rumo. Só queria caminhar. Fazia três semanas que ia todas as noites até a rua do apartamento de Laura, só para pensar nela e talvez vê-la na janela, sonhando acordada ou falando ao telefone. Mas ainda não era tempo e ele ainda tinha o coração ferido. Mas aquela ainda não era a noite. Não podia ainda se relacionar com aquela mulher que habitava seus pensamentos. Voltaria para casa e na noite seguinte voltaria para ver Laura. Talvez, numa noite dessas, ligasse para ela. Talvez.

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Bom acabou, espero que tenham gostado. Aviso: estou pensando em fazer uma continuação para os personagens desta história, numa nova aventura. O que acham? Obrigada pelas leituras.

Camilla T
Enviado por Camilla T em 21/10/2012
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