Mistério na Rua da Escola. - Cap 2 – Um moleque escorregadio.

Na loja de móveis ninguém conhecia o moleque pois o expulsavam a todo instante mas ninguém queria papo com ele que tinha a fama de mãos-leves. Na escadaria os moradores não conheciam. A Deth disse que ele era muito malcriado e ela o apelidou de franzino por causa do tamanho. Sempre que ele vinha ,ela lhe dava algo pra comer mas não sabia seu nome verdadeiro. Desistimos do moleque e partimos pra outro caminho.

A polícia achara estranho que não tinha sobrado quase nada do fusquinha. Não dava pra montar um carrinho de mão. Não encontraram nenhum vestígio de bomba. Gasolina também não tinha derramado e o chão não estava queimado. Apenas uma lata de 3600 de tinta velha, queimada num canto do muro. Ninguém ligou pra ela e acabou sendo levada por uma criança qualquer na confusão.

Numa tentativa de esquecer o problema que nos afetava mais do que deixávamos transparecer, resolvemos ir até a cascata. A água fria nos aliviava e fazia os nossos neurônios funcionarem melhor. Ali também a gente lembrava do Maurão que quando ia a cascata ficava pegando no pé de todo mundo. Queria que a gente curtisse a natureza sem fazer tantos desperdícios de tempo e de saúde. Dizia que mais tarde, na velhice nos lembraríamos do que fizemos na juventude. Sem ele, estávamos tão tristes que fazíamos tudo, do jeito que ele sempre nos mandava fazer e nunca levávamos a sério. Pobre Maurão! O que teria acontecido com ele?!?!

Jairo que era o menorzinho de todos mas era também o mais sábio, olhando a cachoeira teve uma ideia, que vindo dele, que era sempre brilhante, pareceu estranha, mas resolvemos topar assim mesmo. E se a gente voltasse a porta da escola e esperasse o dia amanhecer pra ver o que acontece?

_Eu não!!!- Gritou a Luisa. Amanhã tem aula e eu não quero parecer um zumbi de tanto sono.

_Olha gente, se eu bem conheço Vila Florida, aqui não vai haver aula amanhã. A escola está sendo investigada. Está tudo lacrado. A polícia vai demorar ainda um tantão pra resolver o sumiço do Maurão. Pode Crê. Estaremos atoa amanhã. _Disse o Everton.

_Sim eu topo - disse a Diana._ E você Diva?

_Também topo. _ Eu não podia dizer que não, porque magoaria o Jairo que queria que eu dissesse amém a tudo o que ele inventava. Eu sabia que ele era muito inteligente e assim tinha algo muito especial escondido na mente.

O resto da galera seguiu a gente em silêncio. Não disseram nem sim nem não , mas sabíamos que topariam ir também. A caminhada da cascata até a sede foi toda em silêncio. Dá uns 3 Kilômetros mas a gente curte a natureza e lá os pássaros e as flores são muito coloridos e fazem até a gente esquecer os problemas. Os lírios, as margaridas silvestres ficam bem vivos, nesta época, até mais tarde. As outras flores ficam bonitas apenas na parte da manhã. São “Onze horas”, “Malva argentina”, Orquídeas selvagens de muitas espécies. Tem umas margaridinhas amarelas, que tem a semente em forma de pico, que também não sobrevivem ao sol. Ficam murchas logo.Os beija flores são muitos por aqui e parecem se divertir na cata do néctar de todo dia.Chegamos no centro da cidade eram dezoito e trinta. Não havia muito barulho porque aqui as lojas e os supermercados fecham as 16 horas e a escola só funcionaria as 19 horas. Mas nem isso haveria. Parecia que Vila Florida era uma cidade-fantasma. Fomos pra casa e tomamos banho, jantamos e voltamos pra porta da escola. Fomos chegando de um a um. Havia dois policiais de plantão. Não deixaram a gente chegar perto mas ficamos de longe. Eles voltaram pra dentro da viatura.

A noite chegou muito antes porque aqui, no inverno, escurece cedo. A cidade fica incrustada entre montanhas e por isso o sol se põe cedo no horizonte. A escuridão da lua nova não nos permitia ver muita coisa. As lâmpadas da rua foram quebradas por uns rapazes que queriam namorar no escuro. Foram trocadas algumas vezes mas depois a iluminação pública desistiu e deixou no escuro mesmo. A lâmpada da escola estava apagada. Diante das circunstancias, ninguém pode entrar pra acender. As 3 horas da madrugada uma luz apareceu do nada. Pensamos que fosse uma lanterna mas logo depois ela foi aumentando e houve uma explosão. Foi um barulho ensurdecedor. O carro da polícia que estava estacionado perto do DPM Explodiu e desapareceu no ar. Não ficou muita coisa dele pra gente ver. Os policiais que estavam dentro dele também desapareceram. As meninas e eu começamos a gritar feito loucas. Gritos diversos que não tinham sentido algum:

_Carro!!

_Bum!!

_Credo!!

_Deuuuusss!!!

_Socorro!!

E houve alguns desmaios e correria dos meninos que se desesperaram. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Só um menino não correu pra longe.

Quase morri de susto ao procurar o Jairo. Acreditem se quiserem, mas o maluquinho daquele anão de jardim, estava correndo de encontro ao local da explosão. Gritava entre urros de prazer.

_Incrível!! Vocês viram? Era isso o que eu estava pensando!!! Foi isto o que aconteceu!!! Viagem no tempo!!! IúúúúúPiiiii!! Alguém conseguiu!!!

Ficamos confusos por alguns instantes mas logo entendemos os gritos do menino, partimos para lá e fomos observar o local pra ver o que achávamos. Ele não deixou a gente tocar em nada mas avisou:

_Vai começar tudo de novo.- Em seguida a sirene tocou, uma ambulância apareceu do nada e outra viatura da polícia apareceu. Muitos policiais se espalharam por todo o local e buscavam pistas do carro explodido e dos dois guardas que estavam dentro dele. O mesmo que aconteceu com o fusca do Maurão aconteceu com a viatura da polícia. Muitas pessoas apareceram e começaram os comentários mais loucos que já ouvi por aqui

_Deus do céu!! De novo!

_Que foi isso, Ets?

_Credo!!

_Chama um padre pra benzer este lugar. Está macumbado.

E por aí a fora. Era criança chorando com medo e mulheres tendo chiliques, homens dando opiniões e a polícia mandando todo mundo embora. Menos a gente. Quando a polícia chegou a gente estava no local e por isso a gente arrumou foi um problema. Tínhamos que explicar o que estávamos fazendo ali e o que fizemos. Sabíamos que não tínhamos culpa nenhuma, mas como explicar? Jairo piscou pra gente e não quis revelar o que pensava acontecer. Ele deixou claro pra polícia que estávamos lá apenas bancando os detetives, mas que não tínhamos visto nada demais. Apenas uma explosão, pois estava muito escuro.

A polícia liberou a gente mas disse pra ficarmos fora desse caso. Isso era coisa de adultos e não de adolescentes intrometidos. Se acontecesse alguma coisa conosco, eles ainda seriam responsabilizados.

Entendendo o lado da polícia, a gente se afastou mas não ficamos fora, coisa nenhuma. A polícia estava mais perdida que a gente. Sabíamos que segundo a palavra de Jairo, alguém tinha conseguido inventar a máquina do tempo e voltado aqui pra buscar o Maurão e os policiais. Ele estava estudando esse assunto ha muito tempo. O bastante pra saber o que estava dizendo.

_ Gente escuta só isso: De acordo com Albert Einstein, a existência de um túnel no tempo é teoricamente possível, mas, na verdade, trata-se de uma pequena explosão, o tempo de existência de tal túnel é suficiente para a passagem de uma partícula elementar ou fóton. Assim, essa pessoa maluca deve ter descoberto uma maneira de transportar algo maior e está testando a passagem pra ver o que consegue transportar. E o pior é que não sabemos como ficam as moléculas das pessoas.

Ficamos tristes sem saber o que pode ter acontecido ao Maurão quando foi teletransportado.

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 14/10/2014
Reeditado em 17/10/2014
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