Eliott Scoch - Na hora certa

- Bom dia, telespectadores de todo o globo terrestre. Aqui quem fala é o seu apresentador de todas as manhãs. Jackson Puller e não esqueçam que exatamente neste sábado devemos atrasar os nossos relógios para uma hora antes, pois este é o fim do horário de verão. Não vamos esquecer, pois...

Eliott que apreciava os programas de televisão logo pela manhã notou que justamente em seu dia de folga – o que ele sempre dizia ser necessário para os seus neurônios – não havia absolutamente nada de interessante e instigante. Eliott retesou-se no sofá de seu hotel e bocejou alto para espantar os ruídos – que ele mesmo criou – de sua mente e que emanavam no ambiente. Ele era dado como um tresloucado de férias. Os seus olhos foram se fechando lentamente. As pálpebras pesavam e o sono era o seu maior inimigo. Um lugar tão remoto da vida urbana com certeza oferecia algo de aventureiro e radical, mas Eliott não conteve a preguiça e o desânimo. Se fosse para ficar durante as férias neste estado físico – mais magro e flácido – e espiritual – preguiçoso e deprimido com a lentidão do tempo – seria melhor trabalhar, mover os músculos deixar-se levar pelo seu emprego de detetive.

E foi neste instante, em que por um átimo de segundo não fechou os olhos por completo e ser dominado pelo sono profundo, o seu celular tocou. O som parecia estar de longe, mas ao ver na tela do aparelho ele percebeu que o sujeito que fazia a ligação requeria toda a atenção de sua parte.

- Diga amigo. – a voz de Eliott foi pronunciada com tamanha exaustão que Thomas Hens não poupou indagações. – Eu estou bem. Obrigado por se preocupar. Vamos. – Eliott sentou-se no sofá. - Qual a novidade?

I

“É melhor se apressarem, pois o velho Josef Hunter morrerá neste sábado. Ele não tem mais tempo. Comecem as investigações e descubra a verdade.”.

Atenciosamente, Anne Hunter, sua filha.

Eliott dobrou o papel e colocou-o dentro do envelope enquanto Hens apreciava um vinho do porto retirado da adega.

- Fenomenal. Parece que neste hotel eles se preocupam de verdade com os hóspedes. Onde eu estou à única coisa que eles sabem nos servir são aqueles biscoitinhos de leite com suco de laranja. Francamente. Em um país como este deveriam se preocupar conosco.

- Quando você recebeu essa carta? – indagou Eliott.

- Hoje pela manhã.

- E você acha mesmo que foi essa tal de Anne Hunter que a escreveu?

- Sim. O nome dela consta no final. E vamos ser francos, Josef Hunter é o velho mais rico desse planeta. Se estiverem com a intenção de matá-lo é evidente que alguém naquela mansão quer apanhar os seus pertences.

- Quais são esses pertences?

- Ele forneceu uma entrevista a uma rádio local na semana passada, dizendo que possuía um cofre e não revelou onde ele está e que dentro deste cofre havia um diamante valioso que foi avaliado no preço de dois bilhões de dólares.

- Nossa! É uma grande fortuna.

- E então? Vamos investigar? – indagou Hens com o semblante eufórico e entusiasmado.

II

Ao chegarem à mansão Anne Hunter foi confrontada e transpareceu um comportamento impassível e ficou boquiaberta ao saber que a carta foi escrita em seu nome.

- Eu nunca escrevi essa carta. Essa letra não é minha.

- Pode ser um impostor. – disse Peter Hunter o filho mais velho da família.

- Sabemos que o seu pai senhorita Hunter é um senhor muito rico. – disse Eliott. – Ele se encontra na casa?

- Não. Está no campo jogando golfe.

- Pois bem, eu acredito que além do diamante que ele esconde no cofre toda essa propriedade pode vir a ser sua, do seu irmão e de sua mãe quando ele... Morrer.

- Senhor Scoch eu já disse que essa carta foi um completo engano. Alguém com intenções macabras de nos prejudicar.

- Afinal, o meu pai nunca precisou esconder nada de nós. – disse Peter.

Eliott saiu do quarto de Anne e avançou para a cozinha onde estava a mulher de Josef. Ela se chamava Clemence Hunter e tinha uma aparência extremamente sedutora e encantadora. Era ruiva e seus lábios bastante chamativos. Durante todo o tempo ela se manteve impassível e imperturbável.

- Josef nunca comentou nada comigo a respeito desse cofre. Chega a ser estranho, pois ele nunca mantém segredos comigo. – Clemence passou suas mãos sobre o seu cabelo sedoso. Thomas Hens estava sentado na poltrona em uma posição confortável e assistia ao confronto imaginando aquela mulher planejando a morte do marido.

- Evidentemente um casal não pode esconder segredos. É preciso confiar um no outro.

- Josef tem medo, é isso. Naturalmente, por que ele é um homem rico e pessoas como ele precisam ser discretas e sigilosas. – outra vez ela passou a mão sobre o cabelo. – Como o dia está abafado hoje. O meu cabelo detesta dias assim.

Eliott e o seu olhar arguto avistou uma televisão antiga, uma relíquia possivelmente, posicionada na estante, onde outras relíquias estavam também dispostas. Clemence caminhou até a porta e abriu-a.

- Vamos fazer esta poeira ir embora de uma vez. – ela sorriu. – Mais alguma pergunta senhor Scoch?

- Não. Não por enquanto. Onde está o seu marido?

- No campo de golfe. Espero que ele esteja de bom humor. Ultimamente anda errando muito e eu sou a vítima de suas lamúrias de fracassado. – inclinando a cabeça trás ela soltou uma gargalhada. – E ele também ultimamente não sabe colocar “a bola no buraco”. Entenderam? “A bola no buraco” – e riu jocosa. – Principalmente à noite. – e deu uma piscadela.

Hens e Eliott sorriram desconcertados e rumaram para o campo de golfe.

III

- Ninguém sabe onde escondo o cofre. – disse Josef dando a sua última tacada. Colocou a mão sobre a testa para avistar a direção da bola. Bufou decepcionado. – Longe demais.

- Então quer dizer que ninguém na casa, muito menos os empregados, sabem onde está o cofre? – indagou Eliott.

- Não.

- E como o senhor explica essa carta que recebemos hoje? Esta no nome de sua filha.

- Deve ter sido algum fanático. Algum tresloucado solto por ai. Eu apenas dei uma entrevista falando sobre a existência desse cofre e não disse onde ele está.

- Foi um erro senhor Hunter. Um grande erro. Não se pode se expor dessa maneira em um mundo como esse. As pessoas são como vigias ininterruptos. Não sabem se controlar.

Josef, vestido em seu traje de jogador de golfe, virou-se para Eliott, um tanto enfurecido, exasperado.

- Quem quer que seja ou que queira me matar, jamais conseguirá. Compreendeu detetive Scoch? A minha mansão é impenetrável para ladrões e fanáticos. Eu tenho escolta policial, câmeras em todo o perímetro e seguranças dentro da casa. Ninguém poderia me fazer algum mal.

Josef jogou o taco de golfe no chão e acelerou o carrinho, partindo.

- Mas... Será que ele não compreende que não se trata de alguém de fora? – disse Eliott seguindo-o com os olhos. - E sim de alguém que já está penetrado na mansão?

IV

- Muito obrigada pelas flores Leonce. – disse Anne ao jardineiro. – Eu as colocarei na minha janela.

- Senhorita.

- Diga.

- Que diabos estão fazendo esses dois rapazes aqui na mansão?

- Bem... – Anne estremeceu por um momento. – Eu... Na verdade eles estão fazendo uma investigação.

- Investigação? Mas... O que aconteceu?

- Não aconteceu nada... Ainda.

Eliott entrou no quarto de Anne, interrompendo-a. Anne Hunter sentiu o corpo desabar.

- Eu atrapalho? – indagou Eliott olhando para o jardineiro na porta e para o semblante assustado de Anne segurando o ramalhete de flores.

- Não. Não. Eu estava conversando com Leonce sobre as flores.

- Posso falar com a senhorita?

Anne olhou para os lados, tentando conter o nervosismo.

- Sim, claro. – a sua voz pareceu se apagar em segundos.

V

- A letra não era dela. – disse Eliott dentro do carro na companhia de seu “amigo” Hens. – Anne escreveu os mesmos dizeres em outro papel e definitivamente não foi ela quem escreveu aquela carta ameaçadora.

- Eliott. Bem... – disse Hens com aquele ar de bom entendedor que Eliott admirava. - De acordo com as nossas investigações, ninguém sabe onde está o cofre. Será mesmo que não foi alguma brincadeira de algum fanático ou de algum louco?

- Sou incrédulo nesta hipótese Hens. Absolutamente incrédulo. Um maluco não se arriscaria tanto assim. Você mesmo ouviu do Josef que a sua mansão é muito bem protegida e segura o suficiente para evitar qualquer invasão de algum estranho. Não mesmo. Um maluco não seria tão maluco assim no sentido real da palavra. Ele usaria uma pequena parcela de sua sã consciência para planejar algo que desse êxito, pois do que adiantaria se arriscar tanto? Por isso, eu acredito que a pessoa que deseja matar o velho Josef é a pessoa que mora na mansão. É a pessoa que convive com ele o tempo todo.

- Mas... Ninguém sabe onde ele esconde o cofre. E seria muito amador para um criminoso matar o velho e depois sair procurando o tesouro enlouquecidamente como um pirata. Ele precisa ter o alvo no ponto certo.

- Exato. Concordo plenamente com você meu amigo. Mas... É melhor você substituir a palavra “ninguém” por alguém.

- O quê?

- Sim. Alguém sabe onde está o cofre, mas este alguém está mentindo descaradamente. E eu sei como descobrir.

VI

Porém, o verdadeiro impasse a ser impedido, infelizmente aconteceu. Eliott recebera uma ligação urgente de Hens dizendo que o velho Josef havia sido assassinado na biblioteca com um tiro no peito. Eliott arrumou-se e partiu em direção à mansão.

Atravessou o portão após ser recebido pelo mordomo cortesmente e rumou para o local do crime. Ao colocar os seus pés na ampla sala e empilhada de livros se deparou com o cadáver estirado no chão com o sangue escorrendo pelo tapete luxuoso e agora imprestável, pois todo aquele sangue jamais sairia com uma lavagem. Hens se aproximou e lhe concebeu uma informação bastante importante.

- Ele foi morto há uma hora. Mais precisamente às onze da noite.

- Eu preciso falar com a filha dele, a Anne. Vá chamá-la. – disse Eliott seriamente.

Só estava ele e o morto no chão. Quem dera se ele pudesse dizer como tudo aconteceu. Possivelmente houve uma discussão, uma briga, pois havia alguns livros e pertences esparramados. Com certeza não foi na biblioteca que Josef escondeu o cofre. Eliott permaneceu ali, parado, respirando o silêncio daquela sala ampla e sombria, por assim dizer. Virou-se para uma estante e começou a analisar alguns livros dela. Eram muitos, muitos livros. Alguém gostava de ler naquela mansão. Não seria Josef por que ele se preocupava mais com a distância da sua bola de golfe a apreciar mestres da literatura. E foi nesse momento, um pequeno momento de quietude, de silêncio profundo e tranquilizador que Eliott sentiu-se diferente. Ele se recordou de algo...

“- Bom dia, telespectadores de todo o globo terrestre. Aqui quem fala é o seu apresentador de todas as manhãs. Jackson Puller e não esqueçam que exatamente neste sábado devemos atrasar os nossos relógios para uma hora antes, pois este é o fim do horário de verão. Não vamos esquecer, pois...”.

Isso! Não. Não seria nada profissional pensar em um método sobrenatural como esses. Entretanto, Eliott sentia que algo o pressionava a fazê-lo, pois de alguma forma daria certo. Não, pensou ele um tanto exasperado. Como explicarei a polícia no inquérito? Que banalidade. Mas, aquela sensação, uma boa sensação até, o dominou novamente. Olhou ao redor. Não havia ninguém na sala. Apenas ele e o morto. Mas, era um simples morto. Eliott olhou no relógio. E BINGO! Os ponteiros marcavam exatamente meia-noite. Meia-noite em ponto, logo, já se passou uma hora desde que Josef fora morto... E se... E se Eliott fizesse o que o apresentador aconselhou a todos a fazerem? Sim. Atrasar. Atrasar uma hora. Eliott girou os ponteiros e nesse instante, como mágica, sobrenatural e perturbador, pareceu que a sala girou trezentos e sessenta graus em uma velocidade incontável. Eliott presenciou nitidamente algumas engrenagens girando a sua volta acompanhada por um vento gélido e fugaz. Não pareceu, a sala girou realmente, as engrenagens flutuando e girando a sua volta eram mesmo reais e quando parou abruptamente, Eliott, que antes estava de costas, virou-se para frente e viu. Viu espectros humanos, perfeitamente humanos. Seus olhos contemplavam a realidade. Ele estava na hora certa, no momento certo em que Josef fora morto...

- Eu não sei onde está esse cofre. Eu já disse. Eu não sei. E mesmo se eu soubesse, eu não diria nada a você. Impostor. Você me traiu. Judas. Imbecil.

Josef estava de frente para a janela. E a luz do lado de fora desenhava a silhueta do indivíduo na janela.

- Saia daqui. Pare de me provocar. Eu não tenho medo de você. Eu odeio você. Impostor. Maldito! Idiota. Saia do meu escritório! Agora! Imediatamente!

O revólver se disparou contra o peito de Josef e neste momento Clemence abriu a porta.

- Oh! – Clemence soltou outro grunhido ininteligível. – Prece que já vi isso antes!

Eliott caminhou em direção do indivíduo encapuzado e arrancou-lhe de seu rosto. Ficou surpreso. Era quem ele menos esperava, mas anteriormente, já havia suspeitado e até mesmo tido como o verdadeiro culpado.

- Leonce Rider? –Leonce exibia um sorriso reluzente e a sua calma era um tanto demoníaca.

Depois daquele episódio de atrasar os ponteiros do relógio e retornar ao passado não muito longínquo, Eliott não se pronunciou a respeito de nada, até por que não afetara ninguém e quando tudo retornou ao normal, nada de estranho se notara. Seria um segredo que Eliott carregaria pelo resto da vida, consigo.

VII

- E vocês devem estar se perguntando por que Leonce? - iniciou Eliott ajeitando os seus óculos redondos no rosto. - Bem... Por quê? Primeiramente, eu recebo uma carta ameaçando a vida do senhor Josef Hunter. O velho possuía uma fortuna avaliada em dois bilhões de dólares, uma quantia bastante chamativa e esplendorosa. Impossível não atrair atenções e ambições. Porém, todos os interrogados diziam não saber onde estava o cofre. E se ninguém sabe onde se encontra uma fortuna por que então matar o velho? Seria mais fácil e melhor ter o conhecimento prévio do paradeiro do diamante. Então, com certeza alguém estava mentindo. E mentia para proteger a identidade do assassino.

Eliott olhou para Anne e se recordou do dia em que a avistou conversando com Leonce.

- Quem recebe flores, é claro, é sinal de que é uma pessoa muito importante, não é mesmo senhorita Anne?

- Mas... Mas...

- Entretanto, - ele deu de ombros. - foi em uma conversa bastante intrigante, interessante e agradável – disse para amenizar o momento do clímax. - que descobri a silhueta do criminoso. Não somente a silhueta, como também os seus traços e até mesmo o que segurava nas mãos. No dia em que Anne conversava com Leonce, este se encontrava exatamente na mesma direção em que a sua silhueta se refletia na tela da relíquia da televisão – Eliott apontou. – Nela é possível ver o reflexo da porta e consequentemente quem está próximo dela. E não obstante a pessoa que está de frente para esta porta, pode, obvia e naturalmente, ter avistado o senhor Leonce, já que eu estava de costas para a porta em questão. Não é mesmo senhora Clemence Hunter?

Clemence levantou os olhos e inclinou levemente a cabeça para trás demonstrando intimidação e segura de si.

- Quando conversávamos a senhora mexeu no cabelo umas duas vezes, não é mesmo?

Clemence não respondeu.

- E isso fazia parte de um sinal. De um código. Ao avistar o senhor Leonce Rider pela porta, queria assegurá-lo de que você não estava dizendo a verdade, pois a senhora sabia a verdade de fato e estava ocultando-a. Foi quando eu o avistei pelo reflexo que transparecia na tela da televisão. Você queria confortá-lo senhora Clemence, pois Leonce só apareceu na porta para se certificar de que a senhora estava sendo interrogada e de que não falaria a verdade. Vocês agiram juntos. E com a senhora no comando tudo ficaria mais fácil.

- Eu detestava o Josef. Leonce sabia me compreender. Foi quando eu pressionei Josef a me dizer o paradeiro do cofre. E naquele momento eu maquinei a ideia de matá-lo. Escrevi a carta, jogando a culpa para Anne e assim que eu colocasse as mãos na fortuna eu desapareceria com Leonce e seríamos felizes. Eu sei que estaria agindo como uma idiota por estar morando em uma mansão e ser mulher de um homem milionário e abandonar tudo isso... Porém, o dinheiro e toda espécie de fortuna do mundo não substituem o amor e o carinho que uma mulher deseja e que Josef nunca soube dar. Eu pagaria Leonce se ele cometesse o crime. Ninguém sairia ferido. Ninguém sairia triste e desolado.

- Pois eu sim, mamãe. – disse Anne levantando-se e seguindo em direção ao seu quarto com lágrimas nos olhos.

- Vamos ter que ir à delegacia fazer o inquérito. – disse Eliott. – E mais, senhora Clemence. Quando a senhora disse que pareceu já ter visto o crime acontecer quando avistou o cadáver do seu marido no chão... Pode apostar que a pegamos na hora certa. Ou melhor, uma hora antes da hora certa.

E deu uma piscadela para Clemence que ficou sem compreender os dizeres de Eliott.

VIII

Eliott observava o por do sol de sua janela e as pessoas se despedindo da praia lá embaixo. Foi um dia e tanto para ele. E agora o que mais precisava e que complementaria o seu dia era uma dose cavalar de sofá e travesseiro durante a noite e uma parte do dia seguinte todo. Deitou no sofá da sala e ligou a TV. Os mesmos programas, os mesmos desenhos, os mesmos filmes, mas nunca, nunca o mesmo Eliott Scoch. O detetive que hoje teve o controle do tempo para solucionar o caso. Soa bastante atípico e utópico, mas... Bem... Eliott pensava apenas em descansar. “Hens” no carro... Alta velocidade... Projeção... Televisão... Filme... Sonho... A alteração dos ponteiros foi legítima... Hens no carro... Projeção falsa... TV...

FIM

Rogério Varanis
Enviado por Rogério Varanis em 24/02/2015
Código do texto: T5148709
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