O BANDO

O BANDO

O bando de Zé Muniz tinha embrenhado pelo mato adentro atrás do velho matadouro. Eles tinham entrado na casa de um juiz aposentado La no alto colégio batista na rua varginha para roubar. Foi o ciganinho aquele corno que dissera a Muniz que havia muitas jóias, pois sua namorada havia trabalhado ali e dera o serviço. Só que o desgraçado não havia dito que o dono da casa era da lei e no momento da invasão o velho tinha acordado com a garrucha na mão e o talisca meteu fogo no homem e agora toda policia estava no encalço deles.

O pequeno Muniz vivia pelas ruas da ainda em formação vila concórdia. Seu pai era carroceiro. Brincava com a molecada de soltar papagaio, jogando bola de meia, mas a sua brincadeira preferida era caçar passarinho com seu bodoque de jabuticabeira e roubar frutas naquele tempo seu melhor amigo era Jaci um frequentava a casa um do outro. Muniz morava na renascença na mesma rua de seu amigo. Dona Ana mãe de Jaci não gostava do jeito daquele menino que nunca olhava nos olhos dos mais velhos e sempre avisava a Jaci para que ele não ficasse de muita amizade com ele, pois ela não via nada de bom em seu futuro.

Os soldados cercaram tudo, mas havia um acordo entre eles ninguém se entregaria só mortos.

O cabo Tião deu ordem; ”é para matar” (á muito tempo vinha no encalço do bando, mas matar um juiz era inaceitável). Ciganinho pulou a cerca de trás do matadouro e levou um tiro de trinta e dois numa das pernas, revidou acertando o peito do soldado Bené, o cabo Tião vendo seu comandado no chão apontou a cartucheira e atirou as balas pegaram as costelas de ciganinho atravessando seus pulmões. Ciganinho olhou para o policia e pediu água; “toma” e deu mais um em seu rosto.”menos um falta dois” gritou o cabo.

Ciganinho era um menino mirrado seus pais eram ciganos moravam numa barraca no descampado do bairro da graça apareceu do nada e começou uma amizade com Muniz, Jaci e os outros meninos era mais ligado a Muniz do que os outros chegando a ficar mais tempo em sua casa do que com seus pais que não se preocupava com ele. Eram inseparáveis, gostavam de roubar frutas na chácara do velho Sá onça que por varias vezes os tinham espantados com tiros de sal grosso. Muniz o ameaçava; “quando eu e cigano crescer vamos vingar” e quando cresceram foram lá, roubaram e surraram o velho Sá onça.

Talisca vendo que ciganinho caíra, entrou pelas águas do onça atirando a esmo, quando olhou para margem oposta viu dois soldados olhando o mato, respirou fundo e mergulhou saindo junto ao barranco. Foi subindo, agarrando se nas raízes de bambu. Um dos soldados o viu e fez fogo, a bala arrancou um tampo de terra perto de sua cabeça, ele tentou revidar, mas sua arma estava molhada e falhou. Puxou a faca, pois sabia que em cima do barranco tinha outro soldado, mas nem chegou no alto do barranco, pois levou um tiro de espingarda do lado esquerdo do pescoço caindo dentro do córrego.

Talisca era filho único morava com os pais em uma grande casa na renascença seu pai trabalhava na prefeitura. Em sua casa tinha empregada e tudo de bom. Um dia o filho da empregada foi ate sua casa com a mãe e eles brincaram e desde esse dia se tornaram amigos. Seu pai sempre o advertia que não queria amizade com filho de empregada ainda mais aquele menino que nunca olhava nos olhos dos mais velhos, era o Muniz. Mas talisca não o ouvia sempre fugindo para brincar com os meninos da vila concórdia, ali sim tinha liberdade, podia jogar bola de meia, roubar fruta na chácara e correr livre. Seus melhores amigos eram Muniz e ciganinho.

Muniz olhou para trás e viu quando as águas do córrego se tingiram de vermelho era o sangue de talisca. Parou, escondeu atrás de uma pedra, contou duas balas em sua arma, respirou fundo, ouviu a voz do cabo Tião; ” se entrega Muniz acabou”. Muniz ficou calado, pensou em toda sua vida. De como um dia sua mãe doente e não tendo dinheiro foi ate a farmácia pedir o remédio para o farmacêutico e recebendo um não, entrou e roubou o remédio para salvar sua mãe, mas foi preso imediatamente e quando saiu da prisão recebeu a noticia que ela havia morrido pegou uma faca foi ate a farmácia e esfaqueou o farmacêutico que por sorte não morreu, mas ele morreu para o mundo do bem. De que como ele e seus amigos se tornaram o bando mais perigoso na região de Belo Horizonte nos anos quarenta e agora estava ali pronto para morrer como seus camaradas. Puxou o cão do revolver e correu atirando, mas recebeu quatro tiros no peito caindo morto ali no mato molhado do sereno da madrugada.