O VEREDICTO

O VEREDICTO

Um indivíduo estava a ser julgado por assassinato. Havia evidências indiscutíveis sobre a culpa do réu, mas o cadáver não tinha sido encontrado. Quase no final da sua sustentação oral, o advogado, temeroso de que o seu cliente fosse condenado, recorreu ao seguinte estratagema:

"– Senhoras e senhores do júri, senhor Juiz, eu tenho uma surpresa para todos! Dentro de dois minutos, a pessoa que aqui se presume assassinada vai entrar na sala deste Tribunal." E fixou o olhar sobre a porta de entrada da sala.

Os jurados, surpresos, também com alguma ansiedade, ficaram a olhar para a porta. Decorreram-se dois longos minutos e nada aconteceu.

Então o advogado, com um gesto do braço acompanhado por uma voz teatral argumentou:

"- Eu falei e todos os senhores olharam para a porta com a expectativa de ver aparecer a suposta vítima. Portanto...; ficou assim evidente que todos têm dúvidas sobre se alguém na realidade teria sido assassinado.

Por isso meritíssimo Sr. Juiz e senhores jurados insisto para que considerem o meu cliente inocente do crime que lhe é imputado. " In dúbio pro-réu", ou seja: em caso de dúvida abone-se a favor do réu.

Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão final. Alguns minutos depois, voltaram e anunciaram o veredicto:

– CULPADO !

– Mas como? – perguntou o advogado. – Eu vi todos vocês a olhar fixamente para a porta, é de se concluir que estavam em dúvida! Como condenaram na dúvida?

E o juiz então esclareceu:

– Sim, todos os Senhores olharam para a porta, mas se tivessem como eu, observado o réu teriam reparado, que ele nem sequer olhou para a porta ...!!!

O julgamento terminou e mantem-se o Veredicto.

Gualberto Marques
Enviado por Gualberto Marques em 19/06/2015
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