Mente Assassina

Mente assassina

Um corpo de uma jovem aparece em uma praça da cidade. A equipe do delegado Camilo chega ao local. O capitão Saramago já se encontrava no local e veio os receber. Quando Luimar viu Camilo, Sophia e Aline saindo do carro, perguntou:

– Chefe, posso ficar no carro? Está frio e eu não vou ajudar muito lá.

– Está com medo de que o vento da madrugada queime os seus circuitos, ratinho de computador? – provocou Aline.

– Precisa me chamar de rato de computador o tempo todo, Aline?!

– Mas quando ela não te chama você não sai do carro, Lui – concluiu Sophia. Vendo que Camilo já terminava de assinar os documentos se dirigiram até ele.

– Na verdade, nem sei porque chamaram vocês – disse Saramago, enquanto todos se dirigiam até o corpo. – É um caso simples de suicídio. Ela deu um tiro no peito, morreu na hora, já fiz o teste químico ela apresenta pólvora nas mãos. Suicídio.

– Gênio, quantos suicídios você já viu, em toda a sua carreira, em praça pública? – perguntou Aline.

– Esse não pode ser o primeiro?

– Então, onde está a arma do crime?!

– Algum mau elemento pode ter passado e pegado.

– Olhe em volta aqui é um bairro de classe média alta. Faça-me o favor!

– Terminou de examinar Sophia? – perguntou Camilo.

– Sim.

– Relatório.

– Mulher morta com um único tiro no peito. Apresenta pólvora nas mãos, mas apenas na palma: alguém segurava junto com ela a arma. Dinheiro e documentos da vítima intactos: descarta assalto – entrega a carteira com os documentos para Camilo – Tem mais uma coisa: um número 1 riscado com um canivete, um pouco abaixo da panturrilha direita, logo após a morte. Estamos lidando com um assassino em série.

– Temos que pegá-lo o mais rápido possível! Não quero ver um próximo corpo com um número 2 riscado a canivete logo após a morte. Então, vamos para as ordens. Lui, tome isso – entregou os documentos da vítima – Quero que busque na sua rede de dados toda e qualquer informação sobre a vítima. Sophia, o caro do IML chegou vá com eles e veja se conseguimos mais informações sobre a causa da morte, ou o que ela fez antes de morrer. Aline e Saramago têm casas por aqui. Procure ver se alguém percebeu algo diferente hoje, ou se viu o assassino.

– E quanto a você chefe? – perguntou Sophia ao sair.

– Eu vou jogar sete erros – respondeu Camilo com aquele tom característico de confiança com ironia.

Algumas horas depois, na delegacia, todos reunidos, um olhando para o outro, esperando o Camilo dizer quem começaria a falar as suas informações.

– Ninguém quer começar mesmo? Então, eu vou ter que escolher? Mas eu não vou escolher. O seu paladar vai – disse Camilo colocando sobre a mesa uma caixa com canudos de chocolate – Aquele que pegar o canudo de chocolate com morango fala. Vamos lá pessoal, comam! Eu sei que vocês devoram esses biscoitos em minutos.

– Não é justo! Nós somos em dois e vocês em um só – disse Aline.

– O Saramago não conta Aline. Podem começar a comer.

– Mas e se quem comer não falar que comeu como vai saber? – perguntou Sophia.

– Eu saberei – respondeu Camilo.

Todos os chocolates tinham o morango era apenas questão de tempo para que um deles falasse. Luimar percebeu que pela ordem das informações a sua deveria ser a primeira. Então resolveu falar:

– Peguei o de morango. A nossa vitima se chama Sara Galgano Siqueira, quinze anos, conseguiu um contrato de modelo fotográfica com um estúdio, está em São Paulo há 60 dias. Mora em um apartamento, próximo ao local do crime, com duas moças, com as quais divide as despesas. Não conhece ninguém na cidade, vítima fácil. O homem foi oportunista. Talvez um maníaco sexual.

– O morango está comigo agora – disse Sophia – Esquece o maníaco sexual. Sem sinal de luta ou resistência, nem alteração hormonal. Com certeza ele conseguiu a confiança dela, não me pergunte como. O corpo examinado, pelo legista, trouxe algumas informações novas: hora da morte, por volta 1:30 a 2 horas da manhã, cheguemos no local meia hora depois; segundo, ela tinha se alimentado a em menos de duas hora antes, conteúdo estomacal ainda no estomago, comeu frutos do mar e peixes.

– Eu estou com o morango, porque eles dois não tem nada de relevante. Não é mesmo?

– Sim. Só algumas pessoas relataram que por volta da 1:30 a 2 horas da manhã ouviram um forte barulho. Mas ninguém se importou. Não sabemos quem chamou a polícia. E ninguém reconheceu a vítima – respondeu Saramago e Aline concordou com a cabeça.

– Eu examinei a cena do crime, era exatamente onde encontramos o corpo. Não havia sinal de arrastamento. Encontrei a bala que a matou na árvore, bem próximo a cena do crime, um revolver calibre 38, arma comum. Seguindo os rastros dos calçados deixados na grama da praça, percebi que vieram duas pessoas caminhando, pararam na praça uma morreu e a outra seguiu em frente, a que viveu deixou o telefone da senhorita Sara em uma lixeira uma quadra dali, não antes de ter ligado para a polícia. Não sei quem é esse cara, mas ele quer jogar conosco. Vamos fazer ele se arrepender disso!

– O que iremos fazer, chefe? – perguntou Aline.

– Montar o quebra-cabeça. Aline siga com Lui para casa da vítima, vejamos o comportamento da Sara. Sophia examine o conteúdo estomacal e descubra se há alguma substância que possa restringir as buscas: existe dezenas de restaurantes de onde o assassino veio e se foi; passe a informação para Saramago para conseguirmos descobrir a onde aconteceu a última refeição da vítima. Eu vou ser o mensageiro da morte agora: avisarei a família da morte da adolescente.

Luimar e Aline chegaram a um apartamento que ficava umas quatro quadras do local do crime. O porteiro deu a informação: a menina morava, junto com as companheiras no apartamento 305. Seguiram até o número indicado e bateram na porta. Uma jovem bela e sorridente atendeu e perguntou:

– Algum problema, seu Mauro?

Mauro é o nome do porteiro. Que se limitou a dizer:

– Esses policiais precisam falar com vocês.

– Boa tarde. Eu sou a investigadora Aline Suliman e esse é o investigador Luimar da Silva Souza, poderíamos entrar?

– Sim podem.

– Sara Galgano Siqueira é moradora desse apartamento?

– Sim. O que ela fez?

– Não é mais o que eles fizeram com ela – disse Luimar.

– Como assim?

– Ela está morta.

A garota ficou pasma, mudou completamente o semblante de alegre para assustada e triste e começou a chorar.

– Tem mais alguém morando aqui? – disse Aline depois que seu olhar ter censurado o rato de computador.

– Tem.

– Ela está?

– Sim.

– Pede para ela vir aqui. Preciso falar com ela também. Antes que eu me esqueça, onde a Sara dormia?

– Primeira porta a esquerda.

– Quarto individual?

– Sim.

– Lui, pegue a câmara e examine o quarto.

– Quando a viram por último?

– Faz uns quatro dias, chegamos agora de uma sessão de fotos em outra cidade.

– Conhecia alguém que ela confiava na cidade?

– Ela só conversava conosco e com nosso agente. Mas ele chegou faz uma hora. Junto conosco.

– Ela tinha algum problema nos últimos dias?

– Teve uma discussão com o pai pelo telefone a duas semanas, eles se afastaram, e ela estava um pouco triste, mas nada que de mais.

– Tinha algum lugar que ela costuma freqüentar aqui perto?

– Ela comia no Siri Azul quando se sentia abatida, relembrava a culinária dos pais que eram pescadores.

– Obrigada. Luimar, vamos! Temos que ir a um lugar.

– Siri Azul, tem vários cartões dele no quarto.

Quando chegaram lá Saramago e Sophia já estavam no local e com novas ordens. Luimar iria analisar os vídeos da câmara de segurança. Aline deveria interrogar os garçons. Sophia e Saramago iriam até o apartamento recolher os pertences da vítima. As novas ações não ajudaram muito. O vídeo e as conversas revelaram que um homem de sobrecasaca preta e chapéu escuro conversou com a vítima e depois saíram ambos do estabelecimento. Os pertences da vítima recolhidos apenas confirmaram que ela tinha brigado com os pais e estava bem deprimente nas últimas horas. Sem mais pistas resolveram irem para as casas.

Sábado de madrugada, o telefone de todos da equipe recebe o telefonema de Camilo. Nova vítima. Homem de 60 anos que queria viver sem tecnologia, mas não conseguia, foi a encontrado em uma praça próxima a uma tradicional padaria. Mesma forma de assassinato, grafado em sua perna o número 2.

A equipe chegou e encontrou Camilo muito nervoso. Aline não se conteve e perguntou:

– O que está acontecendo?

– Ele me ligou, me chamou de incompetente. E disse que ele já superou e muito a nossa equipe. Mas uma fala ele disse que me marcou: se a vida é só sofrimento, então devemos desistir dela.

Foram até a padaria onde o homem estava o mesmo homem de chapéu e sobrecasaca pretos saiu caminhando tranquilamente segundo testemunhas e o vídeo.

Os dois dias que se passaram novos corpos e novas ligações. O nervosismo de Camilo não o permitia de pensar direito. A equipe procurava nos crimes as semelhanças, e nas vítimas as diferenças, por ordem do delegado, mas ninguém conseguia alguma informação relevante naquela semana. Próximo final de semana e mais três corpos se juntaram aos quatro antigos. E nada de evolução na captura do assassino nem nessa semana. Com mais três vítimas na outra semana. Saramago, em reunião, comentou:

– Quando a líder de um bando de leoas é ferida gravemente é necessário que uma nova líder assuma até que aquela se recupere.

– Você às vezes honra seu nome, Eugênio Saramago. Sophia assuma o comando da operação, eu vou ficar na minha sala. Apenas recebendo esses telefonemas. Torcendo para que não tenhamos a décima primeira vítima – disse Camilo saindo da sala de reunião.

– O que temos sobre o assassino até agora?

– Nada – responderam em coro Saramago, Luimar e Aline.

– Estamos focando no lugar errado. Estamos tentando descobrir algo do assassino através dos crimes, mas só encontraremos se olharmos para as vítimas. O que todas elas têm em comum?

– Pelos dados físico, sociais e comportamentais nada – respondeu Luimar.

– É isso. Quem pode conhecer pessoas de aparência, convívios e pensamentos distintos e ter a confiança de todos eles?

– Profissionais da saúde e da educação – respondeu Saramago.

– Lui, verifique prontuários médicos e referências escolares das vítimas.

– Aline, converse novamente com as famílias, descubra o que estava acontecendo no momento da morte deles.

– Saramago vem comigo. Vamos analisar algumas evidências.

Depois de algumas horas, todos se reuniram na sala de reunião, com exceção de Camilo.

– Descobri uma coisa, a primeira vítima foi aleatória. Todas as outras conheciam o sujeito de algum lugar – informou Sophia.

– Todas as vítimas estavam tendo crises psicológicas depressivas – essa foi a conclusão que chegou Aline.

– De posse da informação da Sophia, fui até a empresa de segurança que cuida do Siri Azul com um mandato. Eles me forneceram os vídeos antigos das câmaras, o homem da sobrecasaca aparece em outras imagens. Meu sistema está o identificando, em breve terei o nome – informou Saramago parando para atender o rádio.

– Não precisa. Eu já tenho o nome – disse o perito em redes de dados.

– Roberto Francischini Klem – falaram os dois ao mesmo tempo.

Aline ficou branca no mesmo momento. Completamente atônita.

– Eu conheço ele, formou-se comigo em psicologia e eu o avisei que estávamos com um caso onde uma jovem com problemas psicológicos depressivos foi vitima de um assassinato que simulava um suicídio. Eu o prenderei pessoalmente se for o culpado.

Saramago saiu da sala de reunião, chamou Camilo, pegou o mandato de busca e seguiram até a casa do doutor Roberto. Enquanto isso, Aline se perdia em pensamentos: O que fez seu amigo Roberto agir dessa forma? Sophia permanecia em silêncio, não sabia o que dizer. O investigador Luimar romperia o silêncio trazendo a resposta para a pergunta de Aline.

– Ocorreu um acidente aéreo, na mesma semana da primeira vítima Há uma lista de mortos, três me chamaram atenção: Ana Clara Sodré Klem, Marcos Paulo Francischini Sodré e Maria Rita Sodré Klem. O doutor estava na lista de passageiros também, mas não pode embarcar no horário. Embarcou duas horas depois, chegou reconheceu os corpos dos três mortos e voltou para casa. Chegando domingo à noite, na segunda fomos chamados para investigar o caso.

– Ele perdeu tudo o que amava no mesmo dia. Pirou. Mas não justifica ter traído a profissão, e nem ter feito o que fez.

Telefone toca. Sophia atende. Em seguida informa:

– Foi encontrado o canivete, a sobrecasaca, o chapéu com sangue de várias pessoas na casa do Roberto, e também um revólver calibre 38. Saramago foi fazer o teste de balística. O canivete continha resquícios de sangue e Camilo mandou para checar se é compatível a última vítima.

Algumas horas a mais de espera, e os dois testes estavam na mão de Sophia e o mandato de prisão na mão de Aline. As duas seguiram ao consultório de Roberto, Aline entrou e o esperou na sala com o mandato, quando acabaram os pacientes. Ela se dirigiu a ele e disse:

– Roberto Francischini Klem você está preso pelos assassinatos de dez pessoas, por favor, me acompanhe.

Os dois saíram pela sala e entraram na viatura. Em seguida Sophia lacrou o escritório e os seguiu. Dentro da sala de interrogatório Camilo encontrou Roberto, e perguntou:

– Por que você fez isso?

– Eu não tinha mais nada a perder, delegado. Àquela sexta-feira perdi tudo que me importava, perdi meu sentido de viver. Mas aquela jovem me deu outro, me mostrou que eu poderia ter um novo objetivo, desafiar uma equipe de investigação policial. Foi um excelente jogo, tomei a torre de comando, mas os soldados a recuperaram

– Você traiu a sua profissão. Atraiu e traiu dez pessoas. Apenas por que um motor trem de pouso não abriu e o avião explodiu em uma viagem aérea?

– Se quer entender assim, tudo bem.

– Leve esse assassino da minha presença! – respondeu Camilo – Não foi os soldados que a recuperaram, foi simplesmente a torre que ligou a autodestruição, antes de você a dominá-la.