Morte no Funeral

Morte no Funeral

A capela de homenagens aos mortos estava isolada quando a equipe chegou. Camilo chamou Saramago:

– Saramago, por que este cordão de isolamento de uma quadra? E por que para entrar tivemos que vestir essas roupas de proteção química?

– Esses monstros estão cada vez mais insensíveis: não respeitam nem os mortos. Cerca de 20 pessoas foram envenenadas na capela de homenagem, estamos ainda procurando como.

– Chefe, descobrimos a arma do crime! – gritou Luimar, dentro da capela.

– Assim não vale! Estamos a quatro horas procurando e vocês descobrem em um minuto!

– Meu caro capitão a vida é assim cada um tem as suas especialidades.

– O que temos, Sophia? – perguntou Camilo ao adentrar a capela.

– Simples e rápido. As pessoas inalaram neuroparalisadores e morreram instantaneamente.

– Mas que tipo de veneno foi usado?

– Ofídio. Eles diluirão o veneno para ficar possível de se inalar.

– Eu continuo. E usaram um dispositivo na coroa de rosas vermelhas, desses utilizados para perfumar a casa, ligados a uma placa eletrônica, acionada remotamente e autodestruído, em seguida. Só que no lugar de perfume de flores, como manda o protocolo, ele colocou algo mais mortal.

– Qual foi a floricultura, Lui? – perguntou Camilo.

– Rosas Flores, chefe.

Nesse momento, o telefone de Camilo toca. Ele atende:

– Alô. Tenho, Aline, os corpos sem vida estão na minha frente. Isso mesmo, é para pesquisar entre os sobreviventes se o falecido homenageado tinha algum problema de relacionamento, ou se ele alguém teria motivo para assassinar a família por algum interesse. Thau e até mais.

Todos iam saindo com suas respectivas tarefas: Lui pegou a sua placa com o borrifador assassino para examinar. Sophia foi com a caravana de corpos para o legista. Ficando apenas Saramago e Camilo na sala.

– Saramago, fique aqui e descubra como alguém poderia ter acesso visual a sala de homenagem. Eu vou fazer um agrado a minha esposa.

O capitão, no salão de cerimônia, tinha em sua cabeça mil possibilidades para o ocorrido. Mas as informações que tinha se contradiziam: não ocorria uma cerimônia religiosa no momento do crime, o assassino sabia que muitas pessoas estavam no local, a ação do dispositivo foi menos do que um minuto e o assassino estava fora da capela. Olhando por todos os lados do salão, Saramago reparou que alguns edifícios tinham visão do local.

Enquanto, Saramago procurava uma vista privilegiada da capela, Sophia estava no necrotério.

– Tem algo diferente para mim, doutor Roberto?

– Na verdade, não muita. Você tinha dito que todos inalaram veneno neuroparalisador, correto. Mas havia entre os corpos um que me chamou a atenção – disse o doutor e caminhou até o corpo de um senhor de sessenta anos.

– O que tem ele, doutor?

– Havia cerca de quinze substancias tóxicas relacionadas com venenos orgânicos botânicos nele.

– Obrigada, doutor, acho que já tenho as informações que preciso.

Na floricultura, Camilo se dirige para o balcão, e se dirige a atendente:

– Bom dia, moça, eu gostaria de encomendar uma coroa de flores.

– Desculpa, mas não fazemos esse tipo de encomenda.

– Ok, então foi uma exceção a coroa que vocês mandaram para o funeral do senhor José Régis? – perguntou mostrando-lhe o distintivo da polícia.

– O senhor José Régis era amigo pessoal da família do falecido. O dono do estabelecimento estava no velório ontem à noite. Mas não fazemos coras de flores para velórios.

– Você não recebeu a notícia. Todos que estavam no velório ontem estão mortos! E a coroa de flores que mandaram foi arma do crime que o assassino usou! – Camilo parou as acusações, pois a moça começou a chorar e a perder as forças.

Ele precisou apoia-la para que não caísse. Nesse momento, um rapaz que escondia as olheiras atrás dos óculos saiu e disse:

– Por isso não contei aos funcionários. Tinha que poupá-los.

Camilo saiu da floricultura encomendando rosas brancas para sua esposa e seguindo para delegacia. Todos já se encontravam na sala de reunião quando ele chegou, dizendo:

– Vamos pessoal o que temos?

– O dispositivo utilizado foi uma simples substituição do controle de dosagem por uma placa de rádio que foi acionada por um aparelho em um raio de 100 metros. Só precisava de conhecimento mínimo mecânico para prepará-lo – disse Luimar, revelando a arma do crime.

– Entre os mortos um homem chamou a atenção do doutor Roberto: Josimar Rosas. Ele é dono da floricultura que trouxe a coroa de flores e tornou-se a arma do crime. Ele tinha muito resíduos de venenos botânicos nas mãos, ele também era conhecido pela sua perícia em venenos orgânicos – disse Sophia.

– Chefe, a pesquisa que pediu para fazer acabou resultando que a única pessoa viva que poderia querer a morte de todos os presentes no salão de homenagem só poderá ser o filho do senhor Josimar Rosas, já mencionado, senhor Carlos Elias Rosas – disse Aline, pouco empolgado.

– Saramago alguma informação? – perguntou Camilo.

– Nenhuma a informação do hacker tirou minha única pista.

– Chefe, por que não mandamos prender logo o senhor Calos Elias? – perguntou Aline.

– Porque uma peça não se encaixa nesse quebra-cabeça. A floricultura Rosas Flores não faz coroa de flores para enterros – disse Camilo. – Não sei quem quer incriminar o senhor Carlos, mas sei que não foi ele. Sophia dá uma olhada no veneno, se descobrimos a composição talvez consigamos algo melhor. Saramago e Lui vocês vão até os arredores da capela procurarem o dispositivo eletrônico que acionou o veneno, pode ser que o criminoso o jogou próximo ao local do crime.

– E quanto a mim chefe? – perguntou Aline.

– Verifique a situação da empresa da família Rosas, o assassino pode ter interesse comercial em comum.

Todos saíram da sala, mas Aline e Camilo permaneceram na sala. Ela estava inquieta precisava perguntar-lhe algo:

– Como tem tanta certeza que não foi ele?

– Você já ouviu falar em fuga? Algumas pessoas diante de grandes dificuldades procuram esconder-se da realidade em determinados lugares. O senhor Carlos se escondeu no trabalho, ele passou a noite toda na floricultura. Se me dá licença, preciso verificar a qualidade de algumas flores.

Os homens na capela vasculharam todo o território em busca do dispositivo, mas não tinham encontrado nada. Saramago precisou contestar a situação:

– Hacker, vamos embora. Se realmente for a rádio ele pode ter ligado de qualquer lugar da face da terra.

– Não capitão. O dispositivo não foi feito para se adicionado a longa distância, ele não capita ondas de baixa freqüência, e pela o tamanho de onda capitada ele com toda a certeza estava a menos de 100 metros do local do crime. Mas ele poderia se autodestruir. Como aquele botão de ferro e plástico retorcido que está bem atrás de você.

Camilo viu o arranjo de flores, apenas o tocou e constatou:

– Não são iguais as que os Rosas vendem – ele resolveu usar o sistema de rádio – Sophia, encontrou a substância misturada ao veneno de cobra?

– Ainda não, chefe. Por quê?

– Já testou para leite de rosas?

– Ainda não.

– Faça o teste.

Alguns minutos depois:

– Incrível, bateu perfeitamente. Como sabia?

– Simples. Algumas floriculturas para tornar as rosas mais vistosas preferem deixá-las dias mergulhadas nessa substancia, mas as pétalas sofrem osmose e ficam mais grossas. Preciso que analise as pétalas pra mim, Sophia?

– Pode deixar, chefe, estou indo aí.

Aline pesquisando sobre a vida recente dos Rosas, percebeu através das várias conversas, o aparecimento de um empresário mexicano que oferecera durante vários propostas de compra da floricultura. Recentemente, tinham entrado em uma crise financeira e o senhor José Régis comprou metade do estabelecimento deles para manter os negócios funcionando. Com a morte do senhor José Régis, eles viram uma oportunidade para adquirir a empresa da família, mas isso só fazia parte de seu pensamento. Aline precisava de provas para prendê-los.

Na delegacia, todos encontravam-se aflitos, pois todos tinham pistas, mas nenhum nome. No meio do silêncio, Camilo pergunta:

– O que temos pessoal?

– Encontrei o dispositivo, consegui identificar o fabricante: Mexicas Eletronics. Empresa mexicana de dispositivos mecânicos automatizados. Segundo nota emitida por eles: “Fabricamos o dispositivo o que farão com ele não é problema nosso” – informou Luimar.

– A família informou que estavam sendo aliciados a venderem o estabelecimento para um grupo de empresários mexicanos – declarou Aline.

– O veneno foi comprado no Instituto Butantã por um homem Juan Luiz Mexicas, misturado a leite de rosas utilizado na México Flores para deixas as flores mais vistosas. Acho que teremos que dar o bem-vindo ao Brasil para o senhor Juan Luiz? – concluiu Sophia.

– Saramago já saiu com o mandato de prisão para prendê-lo.

Alguns minutos mais tarde, o assassino e o capitão chegam e entram na sala de interrogatório. Sophia faz sinal que quer entrar. Saramago permite.

– Bem vindo ao Brasil, senhor Juan – cumprimentou-o Sophia – Se pensou que ia resolver seus negócios como você resolvia no México se enganou completamente.

– Meus negócios eu resolvo como bem entender. A única obstinação era uma floricultura falida que tinha em seu prazer avisar a todos os meus compradores que minhas flores eram mantidas assim por uma técnica. Eu só quis dar um recado, se interferissem nos meus negócios novamente. Meu único azar foi não ter contato com policiais competentes e sem interesses pessoais.