O ASSASSINATO DE RULIO- PARTE 2

Chegando à velha cabana de madeira. Derek observava as três senhoras que ali estavam. Lydia, devastada, parecia ter uns 90 anos ou mais, ''estava acabada'' pensou Derek ''Não era o tipo de mulher que mataria um homem daqueles''. Adelaide, bom, Adelaide era bonita, alta, mas parecia assustada, sua expressão dizia isso, ''seu avo acabara de ser assassinado, seria suspeito se estivesse serena'' por ultimo analisava Dora, a única que não estava apavorada, pelo contrário- era ela quem estava consolando ambas as mulheres ''claro, porque estaria triste? O defunto não tinha nenhuma ligação parental com essa menina!''. Rapidamente o superintendente, de forma serena, interrompeu os gemidos de choro das mulheres, ofereceu-as lenços e, gentilmente aceitaram. Começou a interrogar:

-Bem, senhoras, sou o Halking, superintendente da policia e este é meu amigo e detetive Derek. Vou estar oficialmente a frente desse caso. Vamos descobrir o que aconteceu com o senhor... é... não se preocupem... como é mesmo o nome dele...

-Rulio, se chamava Rulio...-completou educadamente Dora

-Ah, sim, obrigado, senhora. Bom, o que voces acham que ocorreu. Alguma hipótese?

-Ele foi assassinado, não? -perguntou Lydia, chorosa.

-Ainda não sabemos...

-Pra mim foi assassinato - Disse convicto Derek. Todos olharam-no, surpresos.

-Por favor, detetive... - Sem jeito, o superintendente tentava apaziguar a situação. Mas Derek insistia

-Não há outra hipótese, desculpe, em todo caso- seu marido tinha motivos para se suicidar dona Lydia?

-Não. Ele era um homem muito doente, mas temente a Deus. Jamais teria uma atitude pecaminosa desta! -Lydia parecia revoltada com a pergunta.

Derek refletiu um instante, olhava para o chão, percebeu que os sapatos de Lydia estavam sujos de lama, sim, a mesma lama daquele barranco que o velho caíra. Após isso, o detetive estufou o peito e prossegui:

-Alguma das senhoras foi até o barranco hoje?

As três se entreolharam, os olhos de Derek fitaram os de Lydia ‘’aqueles olhos guardavam muitos mistérios’’ pensava, Lydia por sua vez quando percebeu que o homem espera uma resposta, disse:

-Não, eu nunca vou para aquele lado.

-E as senhoras?

-Eu fui esta manhã com Dora, mas foi muito rápido. Nem lembro direito. - Adelaide estava certa do que dizia.

-Bem, sabemos que um empurrão não exige mais do que dois segundos para quebrar o pescoço de um senhor da idade de seu avo.

A feição de Adelaide mudou num instante, parecia zangada. Oh, sim estava muito zangada.

-O que o senhor está insinuando? Que eu matei meu avo?

-De forma alguma, senhora. Jamais vou tomar conclusões precipitadas.

-Seu avo costumava ir até o barranco? –perguntou, agora, Halking, tentando de novo apaziguar a situação constrangedora em que, de novo, o detetive os colocara.

-Não. Como eu, ele nunca ia para aquele lado. - Disse Lydia e depois de um tempo continuou- Esperem. Voces acham que uma de nós matou o meu marido. É isso?

O superintendente corou na hora e alertou:

-Não, senhora, estamos apenas investigando, preciso interrogá-las e não vamos descartar nenhuma hipótese. Sei que é um momento difícil para as senhoras, mas precisamos fazer isso se querem que descubramos o que houve.

Derek fez uma pergunta um tanto quanto impertinente:

-A senhora tem outra idéia senhora Lydia?

-O que quer dizer?

- Voce acha que seu marido sofreu um acidente?

-Provavelmente!

-Engraçado, a senhora disse que ele não tinha o hábito de ir até o barranco e, quando finalmente ele vai, escorrega e cai, quebrando o pescoço. Não acha muita coincidência?

-Olha, eu não sei o que está pensando senhor detetive, mas eu lhe garanto que nem eu, nem minha neta, faríamos mal ao meu marido!

Enraivecida Lydia parecia ter esquecido ser uma frágil senhora e partiu pra cima do detetive.

-Calma, minha senhora. Por favor, mantenha a calma. O detetive está apenas fazendo o seu trabalho. -Halking suava, queria terminar logo aquele interrogatório antes que tivesse mais um crime para cuidar. Já Derek, tirava daquilo o máximo que pudesse. Cada detalhe, cada olhar, tudo para ele era essencial. Estava preparado para tudo aquilo. Tinha mais de 42 anos de carreira, não seria uma senhora frenética como Lydia que o faria perder a pose. Seria cômico se isso ocorresse. O superintendente prosseguiu com seus questionamentos:

- O senhor Rulio tinha inimigos?

-Jamais, meu marido era digno de ser beatificado!

Derek deu um suspiro irônico, baixinho, em resposta ao que ouviu. A senhora, quase surda, não percebeu o manifesto, mas Dora, essa sim, o olhou com ar maléfico, parecia querer devorá-lo com os olhos.

-Bom, creio que seja o suficiente. Por hoje dou por encerrado o interrogatório, claro, se o detetive não quiser fazer nenhum adendo.

Derek fez que não com a cabeça.

-Então, até amanhã, senhoras. Boa noite.

Os dois homens saíram da velha cabana. O superintendente não poderia deixar de comentar a postura do detetive.

-Por Deus, homem. O que foi aquilo? Mais um pouco a senhora lhe arrancaria um olho. Tem certeza que quer continuar com o caso? O senhor, sabe, não foi bem visto por nenhuma das três. Já tem uma lista de inimigas para sua coleção, meu caro.

-Ora, Halking, não me interessa o que elas pensem de mim. Aliás é bom que me odeiem, assim posso ver até onde chega sua raiva. Faz parte do meu processo investigativo- Todos começam me odiando, até eu descobrir o crime, aí meu caro amigo, sou ovacionado como John Travolta nos tempos da brilhantina... Agora o culpado- esse me odiará de qualquer forma.

-O senhor é sem igual, detetive...

O superintendente ajudou o velho detetive a entrar no carro da polícia.

Da velha casa a senhora olhava pelas frestas que tinham na parede de madeira os dois senhores partirem. ‘’Amanhã será um dia cheio’’ pensou, em seguida olhou para o chão, havia um sapato ‘’Onde estava o outro pé, podia jurar que estava aqui’’ estranhou o ocorrido, fez pouco caso. Apagou as luzes e foi deitar-se. Como ela mesma disse- amanhã seria um dia cheio.

Artur Sanfournt
Enviado por Artur Sanfournt em 15/01/2016
Código do texto: T5511406
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