Índio Letal

Índio Letal

Além do calor, que eles ainda não estavam habituados, a chegada da equipe de Camilo ao Pará foi tranquila. Eles foram chamados por Sophia que estava de férias e descobriu no noticiário que alguém invadira um instituto de pesquisa sobre plantas da floresta Amazônia, matou cinco cientistas e a polícia não tinha noção de quem seria os assassinos.

– Olá, pessoal! Bem vindos a minha cidade! – saudou-os Sophia.

– Acho que Altamira já foi mais calma. Eu passei as férias com minha família em um clube de pesca – comentou Saramago.

– Você não faz nada além de pescar mesmo! Lui, já se recuperou da depressão de ter saído de São Paulo? – provocou Sonia.

– Não tem do que me recuperar: só to trocando uma selva pela outra – retrucou Luimar.

– Eu sei que vocês dois se amam, mas temos trabalho a fazer. Luimar, o local tem fitas de segurança, faz uma análise mais detalhada das imagens. Sonia e Saramago, façam um favor, descubra com as pessoas do local o que eles pensam sobre o instituto, talvez descubramos a motivação do crime. Sophia, vem comigo, preciso saber exatamente o que aconteceu aqui.

A equipe se separou para seguir as ordens de Camilo. Todos os pesquisadores foram mortos, mas não houve roubo, nem uso de armas de fogo. Isso intrigou o chefe da equipe, o que o fez supor que o motivo poderia ser algumas das pesquisas desenvolvidas pelo instituto.

– Chefe, temos um problema, ou uma solução não sei.

– O que foi Sophia?

– O veneno usado nas flechas não está em meu banco de dados.

– Mas você é especialista em veneno?

– Eu sei, mas este foi criado a pouco tempo, nem foi registrado no banco de dados internacional.

– Consegue identificar as substâncias químicas do veneno?

– Sim, já sei que seu princípio ativo é extraído de plantas.

– Ótimo separa ele e compara com as amostras do laboratório, algo me diz que nosso veneno está aqui.

O especialista em eletrônica entra para conversar com Camilo e Sophia.

– Gostam de fantasias?

– Depende. O que tem pra mim? – perguntou o inspetor.

– As fitas de segurança não geram dúvidas: alguém fantasiado de índio entrou aqui acertou uma flecha no peito de cada um. Consegui identificar o grupo indígena que ele se fantasiou, fica algumas horas mata adentro.

Saramago chega com mais más notícias.

– Chefe, a população não foi. Mas houve uma nova invasão a outro centro de pesquisa, precisamos ir lá.

– Ok – respondeu Camilo.

– Descubra o veneno rápido, Sophia, precisamos pegar o assassino logo. Não quero mais cientistas mortos aqui.

Chegando no novo local do crime, Saramago, Camilo e Luimar. Não foi difícil para perceberem que estavam sem conhecimento necessário para conseguir novas informações. O policial constatou, ao ver os corpos, que foram mortos por flechas envenenadas. O técnico em informática, rapidamente, verificou as câmaras de segurança, e com ajuda de um programa, conseguiu constatar que o índio fantasiado era o mesmo apesar de ter mudado as roupas e as pinturas. O responsável da equipe limitou-se em dar um telefonema.

– Sophia, preciso de você aqui, agora!

Não demorou muito para as meninas chegarem juntas. Em alguns minutos, de análise Sophia concluiu:

– Novamente, o veneno não consta no meu banco de dados, mas dessa vez ele tem base animal.

– Este local pesquisa animais peçonhentos da floresta, não é? – questionou Saramago.

– Verdade. Você estava certo chefe, havia uma planta no laboratório que continha a substancia tóxica dos primeiros assassinatos. Tenho uma sugestão: o veneno usado nos atuais estão neste laboratório. Como ele consegue isso?

– Sonia, tem a resposta?

– Ele é paranoico, ele considera as pesquisas uma invasão, ele vê os laboratórios como uma forma de criar armas mortais não como avanço para o país. Observando as imagens o arco é o mesmo, ele tem o arco, mas não ajuda muito, pois pode ser comprado em uma feira de produtos artesanais. Mas o perfil dele não é de um amador, mas sim de um atleta profissional, alguém que treina todos os dias. Tem algum local para treino de arco e flecha aqui?

– Tem sim – respondeu Sophia.

– Acho que sei aonde nós vamos – entusiasmou-se Saramago.

– Eu dou o meu aval, os dois seguem para o campo de arco e flecha. – confirmou Camilo.

– Consegue identificar o veneno, mais uma vez?

– Consigo.

– Sei que minhas opiniões não valem muito aqui, mas encontrar o veneno não vai ajudar em nada. Afinal, da próxima vez ele não matará com ele, mas alguma toxina encontrada no local. Precisamos saber como ele consegue essas informações antes dos laboratórios patetearem – disse Luimar.

– Você está certo, Lui. Mas preciso então que os dois trabalhem aqui, enquanto eu brinco de velho oeste, preciso capturar um índio – concluiu Camilo.

Algumas horas depois, no casa da mãe de Sophia. Todos se encontraram e começaram a expor o que descobriram.

– Encontramos alguém com o arco das imagens, mas ele nos informou que o arco dele ficava em casa onde havia cinco irmãos que também treinam no campo, e isso foi confirmado pelos vigias responsáveis – informou Saramago.

– Acho que temos informações melhores, chefe. Alguém se passando por um investidor entrou em contato com os dois laboratórios perguntando sobre as pesquisas desenvolvidas, então ele obteve as informações sobre as toxinas usadas nas mortes, conseguiu separá-las e usá-las em suas armas.

– Criptografou o e-mail?

– Claro, chefe, mas não dá para saber a localização. Mas sei que temos pouco tempo, ele entrou em contato com outro instituto que pesquisa a biodiversidade aquática da região.

– Capitão já viu um jacaré atacando. Ele se aproxima da presa, parecendo um troco de arvore, quanto fica do lado dela ele ataca e ela nem percebe – Saramago fez aquelas comparações de caça que todos sempre esperam.

– Acho que para pegar o índio vamos ter que ser jacaré. Saramago, entra em contato com o instituto e avise-o que o assassino vai aparecer. Vamos fazer uma pescaria pessoal.

Saramago estava conversando com os pesquisadores, quando tudo começou a balançar e afundar. O procurado tinha danificado o motor do barco com uma flecha, e algum tempo antes tinha jogado os cilindros de oxigênio na água, e a pouco tinha feito um rompo no casco da balsa com um explosivo que iria parar no fundo do rio em alguns minutos, e em terra atirou uma flecha em direção ao local de pesquisa com um recado: “Porque não pesquisam os peixes vivendo com eles”

A mensagem mal chegou e ele ouviu uma voz:

– Largue o arco, você está preso!

O rapaz virou-se Camilo estava com a arma apontada, juntamente com sua equipe, o prendeu; os pesquisadores chegaram com botes salva-vidas que Saramago havia levado. O rapaz se rendeu.

Na delegacia, Sonia e Sophia pediram para confrontar o detido, a equipe consentiu.

– José Lucas Boaventura, prazer em te conhecer. Eu queria saber como conseguiu tanto conhecimento em química? – perguntou Sophia.

Silencio.

– Interessante, você conseguiu produzir dois venenos, usar oxigênio para explodir uma embarcação, apenas com informações obtidas de pesquisas em andamento e sua paranoia – continuou ela.

– Não sou paranoico – respondeu José Lucas.

– Eu, como psicóloga, discordo. Foram enviadas no relatório primeiro relatório que você solicitou 25 substâncias encontradas nas plantas estudadas, apenas uma podia ser transformada em veneno letal, e você a usou. No segundo relatório eram estudados 50 animais, o único veneno que causava morte rápida você sintetizou. E você transformou o ar que respiramos em explosivo para destruir uma embarcação. você é paranoico e pessoas como você sempre procuram algo para ferir e matar outros. Foi um prazer ter tirado você das ruas – declarou Sonia.

Quando a equipe saiu da delegacia, Luimar lembrou-lhes:

– Vamos voltar para a base em São Paulo, porque nossos dias de agente da SHILD acabaram!

– Não somos da SHILD. Esse arqueiro paranoico nem se compara a qualquer vilão ridículo da Marvel – respondeu Camilo.

E todos caíram na risada.