Pescador de Moças

Pescador de Moças

Dois corpos foram encontrados em Corumbá. Ambos, mortos da mesma forma: um anzol envenenado atravessou-lhe o corpo e foi pendurada em uma árvore da cidade. Outra semelhança entre as vítimas: as duas jovens chamavam a atenção pela beleza.

Não gosto muito de dividir a equipe antes de todos irmos ao local onde corpo fora encontrado, mas dessa vez preferi deixar Luimar e Sonia já encarregados por levantar alguma informação suspeita no celular e no computador de ambas as vítimas. Eu, Saramago e Sophia chegamos ao local. Confesso: ver uma jovem pendurada por uma linha de pesca, atravessava-lhe o peito, não foi uma boa imagem. Eu me afastei um pouco, enquanto Saramago e Sophia vaziam uma análise do corpo.

– Gostaria de não ver o rosto dela – comentou Saramago enquanto Sophia observava o local onde a linha traspassara o corpo.

– Ela estava viva quando a linha passou pelo seu corpo. Preciso fazer um toxicológico completo. Cadê o chefe?

– Está dando uma de macaco! – disse Saramago apontando para Camilo que subira em uma arvore para ver a cena de cima.

– Chefinho, vou precisar levar o corpo! – gritou Sophia para Camilo.

– Ok! Pede por Saramago colocar algo para substituir o corpo, olhando para onde ele está olhando! – respondeu Camilo.

Saramago segue as ordens de Camilo colocando no lugar uma vassoura amarrada no local do corpo, então percebendo que não conseguia entender a intenção de Camilo, se aproximou da árvore onde ele estava, este saltou rapidamente e seguiu rápido em uma determinada direção.

– Chefe, pode me dizer por que toda essa dramaticidade?

– Sim. Porque o assassino gosta de brincar de caça ao tesouro.

– Chefe, ainda não entendi

– Da árvore você consegue ver que o corpo foi enroscado afim de se tornar uma seta que aponta para um local determinado – respondeu Camilo, apontando para um grupo de manilhas que estava próximo.

Como eu gostaria de estar errado, quando fui examinar as manilhas, mas não estava: havia três fotos uma continha a garota após a morte; a segunda ela com uma amiga, ambas riscado de vermelho; e a terceira ela sozinha em uma rua, com a roupa que fora encontrada. Não podia esperar mais, peguei meu celular e liguei:

– Luimar, chama a Sonia e vem o mais rápido possível para cá. Preciso de vocês!

Fiquei pensativo por alguns minutos.

– Chefe, o pescador virou fotógrafo?

– Cala a boca Saramago! Ele não virou fotografo, apenas gosta de exibir o peixe que pesca!

Alguns minutos depois, chegou a psicóloga e o técnico em computação.

– Por que a pressa, chefinho? – perguntou o rato de computador, como sempre diz a Sonia.

– Muito simples, o cara gosta de jogar conosco. Então vamos mostrar para ele que jogamos melhor!

– O que houve? – repetiu a pergunta Sonia.

– Isso! – respondeu Camilo, mostrando as fotos para os dois.

– Perfil de caçador – respondeu rapidamente Sonia.

– Já que a Sonia cumpriu rapidamente a função dela. Lui vê se não perde para ela, – provocou Camilo – analise detalhadamente a foto e descubra algo sobre o assassino.

– Considere empatado, mestre – replicou ele – O assassino tem uma Sony XTZ2000 automática. Elas têm rastreadores, talvez eu consiga descobrir quem tirou essas fotos.

– Má notícia para você, então Sonia, vai ganhar mais algumas imagens para analisar – brincou Camilo, convidando-a para entrar no carro e dirigir-se para a segunda cena do crime.

Ambos chegam ao novo cenário, Sophia já os esperava.

– Chefe, temos sorte! Veneno cadastrado, melhor do que no último em que ele mesmo manipulava as toxinas. E o assassino gosta de regularidade, mesma combinação de veneno: super analgésico, em seguida neuroparalisador em dose suficiente para matar em poucos segundos.

– Obrigado pela informação. Aquilo é um escorregador? – comentou Camilo – Me acompanhem até lá.

Os três seguem em direção ao escorregador, Camilo sobe.

– Chefe, você não está grandinho demais para brincar com isso? – perguntou Sonia.

– Sonia, não se esqueça que o chefe sabe o que faz – disse ela censurando a amiga com um sorriso nos lábios.

– O assassino é bem regular, gênia – disse Camilo, descendo do brinquedo.

Camilo seguiu com as meninas em direção ao outro lado do parquinho.

– Onde estamos indo chefe? – perguntou Sonia.

– Buscar mais fotografias. O assassino posiciona as vítimas em forma de estaca apontando para onde deixa as fotos, no caso as fotos estão naquela arvore ocada do outro lado do parque.

Novamente, tiro certeiro de Camilo, dentro da árvore, novas fotos: uma do cenário com a vítima posicionada; outra, era a vítima na proximidade do rio, com um peixe na mão; e a terceira, três garotas em uma lanchonete, duas eram as vítimas encontradas e a terceira uma outra bela jovem, todas já riscadas.

– Chefe, temos um terceiro corpo então – concluiu Sophia.

– É não queremos encontrá-lo posicionado, pois aí seriam quatro vítimas – completou Sonia.

Tarde demais, o radio de Camilo soou, o terceiro corpo foi encontrado.

– Má notícia. Terceiro corpo foi encontrado.

Silêncio por alguns segundos, que pareceram minutos.

– Sonia vá para o laboratório na delegacia e vê se encontra algo revelador nas imagens. Sophia, eu e você vamos para o local do crime, necessito da sua capacidade de observação.

Luimar e Saramago se juntaram a nós na cena.

– Não deu para evitar, chefe, me desculpa – comentou Saramago.

– Consegui usar o localizador da câmara, mas existe pelo menos uma dúzia delas na cidade, não dá para ter certeza de quem a possui a específica – lamentou Lui.

O corpo estava posicionado rente ao chão, a cabeça, no entanto, amarrada em arbustos ia em direção contrária apontando para uma caixinha de correio, posicionada no meio do parque, novamente havia fotografias com uma nova garota, que provavelmente seria a próxima vítima. Mas quem tem uma boa equipe, tem tudo.

– Isso é Sarcolis! É venenoso e o nosso criminoso se cortou. Ele deve ter solicitado tratamento em algum hospital da região.

– Escutou, Saramago! Temos que agir rápido!

E agiram a solicitação de mandato ajudou descobrir que um homem alto e magro, com uma máquina fotográfica tinha sido medicado em um hospital da cidade, um nome bateu com o banco de dados dos registros que o técnico em informática tinha conseguida Jarmelão Altus Rodrigues. Não demorou muito até que Sonia nos dissesse que nas três imagens havia um lugar em comum uma casa de pesca próximo ao rio que aparecia nelas por ângulos diferentes. O GPS da câmara também apontava o mesmo local.

Saramago entrou no local indicado, vendo que o suspeito estava ali gritou:

– Polícia!

O homem saiu pela correndo por uma entrada lateral, mas Saramago o espera ali. Quem batera na porta foi Sophia, e eu fiz questão de verificar que estava destrancada. Ela foi medicar a moça raptada, Luisa Roger Lisboa. Olhando o arsenal fotográfico existente na casa, entendemos que seriam mais cinco vítimas se não tivéssemos agido rápido.

Na delegacia, Saramago e Sophia quiseram conversar com o assassino. Esperei do lado de fora. A química estava tão bem produzida que eu senti o desejo de casar com ela novamente. Ela apenas entrou e permaneceu em silêncio até Saramago entrar e falar.

– Pescador, essa a sua profissão, mas pelo visto você não gosta de peixe. Prefere mulheres.

– Senhor Jarmelão tenho uma pergunta para você: porque o sonífero e depois morfina, se iria matá-la?

– Mulheres não merecem sofrer. Mas gostei de poder capturá-las.

– E eu gostei de impedir que continuasse a sua caçada.

– Elas eram piranhas, mereceram morrer como uma!

– Não eram – retrucou Sophia – Todas morreram virgens e segundo informações de familiares três tiveram um único namorado e a quarta estava gostando de você!

– Mas você considerou todas as mulheres bonitas como piranhas e estas deveriam ser mortas. No caso o peixe é você: o tubarão. Porque ele destrói tudo que aparece na frente – completou Saramago.

Uma lágrima rolou no rosto do homem. Estava arrependido pelo seu julgamento, mas era tarde.

Saímos da delegacia, mas não antes de Luimar pedir Sonia em casamento na frente da equipe toda, as lágrimas rolaram, os beijos também. Mas não podia perder a oportunidade de perguntar:

– Por que resolveu pedi-la em casamento?

– Porque não posso ver a mulher da minha vida ser tratada como um peixe qualquer, ela merece ser tratada com todo o cuidado do mundo! – respondeu Lui – Mas a sua também está muito linda!

– Tira os olhos, você tem a sua deixa a minha comigo!

Os dois gargalharam