Rubens trabalhou a vida inteira com metalurgia, ao completar 50 anos e juntar suas economias a uma pequena herança de família decidiu investir no próprio negócio e abriu uma fundição. Estava separado já há alguns anos e após isso, mantinha um caso com Mônica, que era 20 anos mais nova, bonita, ex-miss na cidade em que nascera no sul do país. Possuia nível superior, sem entretanto jamais exercer qualquer profissão. Resolveu então, a pedir em casamento já que lhe proporcionava uma vida abastada frente à praia. Mônica fazia academia todos os dias mantendo assim um corpo perfeito, de botar água na boca em qualquer marmanjo.  No mesmo horário que fazia seus exercícios, Uilliam um fisiculturista de vinte e poucos anos que se passava por Personal Trainer. Sempre que possível a cortejava com galanteios. Passado um tempo, os dois começaram a se relacionar mantendo assim, um tórrido caso de amor. Rubens, nunca desconfiou de nada, sua vida era exclusivamente para o trabalho ou então atender todos os desejos e mimos de sua amada.
   Após três anos de relacionamento, Uilliam que era sustentado por Mônica, propôs a ela dar um fim a vida de Rubens. Sua reação imediata foi de repulsa a idéia. Porém, como Uilliam a dominava na cama, não demorou muito para que a mesma começasse a aceitar essa diabólica trama. Quando Uilliam então lhe disse:
   - Oswaldo, colega meu de bairro, tem um Tio chamado Gelson, que foi pistoleiro na região norte do país. Agora está de volta, mas ainda faz alguns serviços, tem fama de trabalhar limpo, sem deixar rastros.
    - Não quero me envolver nisso!
   - É mais ele irá cobrar uns 20 ou 30 mil. "Moni", vou precisar que você me arranje esse dinheiro.
   - Tá bom, isso eu arranjo. Mas, não quero saber de mais nada. Mesmo porque, estou grávida e essa criança pode ser do Rubens.
    - Fica tranquila, esse guri é meu e não daquele corno e brocha. E de mais a mais contra a criança eu não tenho nada, vou até registrar, porque sei que é meu. Tá bom, amor?
   - Willy, vê se não faz besteira, pelo amor de Deus...
   - Fica tranqüila, o cara é “muito profissa”.
    Uilliam, consegue finalmente manter contato  com Gelson, tio de Oswaldo.
   - Tudo bem com o Senhor?
   Gelson era um homem ríspido e foi curto em sua fala:
   - Quero os 30 mil adiantados, foto do alvo e endereço do trabalho.
   - O dinheiro e a foto estão aqui, a Metalurgia fica em Bangu, Rua...
   - Ok garoto, agora desaparece!
  Gelson está com 60 anos, utiliza sempre um revólver 32 em suas execuções, repete sempre que pode o ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro..."  Porém, não trabalha sozinho, anda sempre com Paulinho, ex-policial com 20 anos de atuação na baixada fluminense, um homem sem escrúpulos, que fora expulso da Corporação, por ser extremamente perigoso e violento.
   - Tem um serviço aí, quinze  conto pra cada um, vai?
   - Demorou, chefe...
   Numa manhã chuvosa d'uma quarta feira, pouco antes do sol raiar, Gelson e Paulinho entram num automóvel roubado, cinza escuro, 04 portas para realizarem o serviço.
   Rubens chega a fundição e encosta seu carro importado do lado de fora. Ao trancá-lo sente um objeto frio tocar-lhe a nuca.
    - Quietinho e nem um pio véio.
   Diz-lhe Gelson, enquanto Paulinho aguarda de pé ao lado do carro que permanece ligado.
    Rubens, responde:
     - Cara, pela sua idade, vejo que temos quase a mesma idade. Quanto  pagaram para me matar?
     - Não te interessa, cala a boca!
     - Pelo amor de Deus, eu dobro a parada. Te dou 300 mil reais, 150 na mão agora e o restante depois que você levar esse revés ao mandante.
     Gelson silencia, Paulinho se aproxima, tinha ouvido a conversa e com os olhos coloca a  decisão a critério de Gelson.
      - Cadê o dinheiro? Diz Gelson.
      - No meu escritório, vamos pegar.
      Dois dias depois, a notícia repercute: - “Socialite e amante fazem pacto de amor, tomam veneno e cometem suicídio em motel. ”
   Providencialmente, Rubens se encontra em São Paulo a negócios conforme recomendação de Gelson. Abre o folhetim e se surpreende ao ver a foto de sua mulher morta abraçada a um desconhecido, numa espelunca como aquela.

                                                  Rio de Janeiro, Outubro de 2017.