O DELEGADO PAULO SOUTO

O DELEGADO PAULO SOUTO

Paulo Souto foi um delegado (das antigas na Polícia Civil do Mato Grosso do Sul). Colecionou casos e mais casos elucidados, desde roubos contra bancos até crimes passionais - por meio de jogadas pouco convencionais.

Claro que ele contava com 24 anos de atividade, na qual acompanhou toda evolução da perícia científica – tendo iniciado suas atividades num tempo de muita precariedade de investigações (com hábitos não muito éticos como torturas dos suspeitos para coleta de pistas que os direitos humanos da OAB e do Ministério Público começaram a coibir).

Sempre encerrava um caso por meio da intuição aguçada, desenvolvida na prática policial - fazendo o jogo que o povo define como "jogar verde para colher maduro".

Ele estava no plantão, no 1° Distrito Policial de Campo Grande/MS, na madrugada fria de junho de 2009. Estava acordado a poder de café e cigarro. Café e cigarro eram seus companheiros de devaneios noturnos.

Plantão sem grandes problemas era aquele, apenas com brigas de rua e desentendimentos pequenos originário de bares e casas noturnas da cidade.

Isso até que às 3 horas da manhã chegou uma notícia: um médico pediatra famoso na cidade, Dr Thiago Rosembal, o qual cuidava dos filhos da elite campo-grandense, estava morto. Estava com 7 facadas no tórax, no bairro do Jardim dos Estados, na sala da mansão na qual vivia após o divórcio de uma "grã-finona".

Paulo Souto entra na viatura juntamente com 2 de seus agentes, indo à mansão do Dr. Thiago Rosembal, o então pediatra envolto numa poça de sangue na sala.

Ao chegar lá, Paulo Souto diz ao seu agente, Gustavo Pamplona:

- Pega o celular dele, Gustavo. Pega a faca ali também para coleta de impressões datiloscópicas. Iça e coloca num saco.

- Parece que não reviraram nada aqui. Não vi nada de arrombamento. Ou seja: está com cara de crime passional.

Gustavo pega o celular do Dr. Thiago, que está caído de bruços; vai mexendo no bolso da camisa do cadáver no qual estava um caríssimo smartphone. Iça e coloca o aparelho num saco plástico e o leva ao 1° DP, para ser periciado.

Após 2 dias do crime, Gustavo, o agente, entra na sala do Delegado Paulo Souto, numa tarde comum e diz:

- Doutor, um tal de Patric, de 20 anos, ligou 10 vezes para o Dr. Thiago, 5 horas até o comunicado da morte dele.

Paulo Souto, delegado experiente que era, pediu ao IML, onde estava o corpo do médico a disposição das investigações, para que analisassem se o Dr. Thiago não era heterossexual.

Os legistas encontram indícios de que Dr. Thiago praticava coito passivo.

Paulo Souto, munido desta informação, pede para o agente Gustavo intimar Patric, um jovem que vivia em academias de ginástica da cidade e declarava ser modelo fotográfico.

(...)

Paulo Souto arma toda a cena. Ao entrar Patric na sua sala no 1° DP, sem advogado, de peito aberto, Paulo solta a seguinte frase:

- Rapaz, para quê você fez isso com o Médico? Eu já sei de tudo...

Patric, desconcertado, sem reação, sem saber que Paulo apenas desconfiava, diz:

- Doutor, fui eu mesmo. Eu queria que ele pagasse um flat para eu morar. Estava sem casa. Ele não me assumia publicamente com medo do que os filhos dele iam pensar.

Paulo Souto resolve mais um caso sem alongar o Inquérito Policial e dar brecha para advogados caros.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 29/06/2018
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6377554
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