Velhinha policial de elite.

Consultou o relógio de pulso que usa por hábito, apesar de ter celular – 23h45min.

“Hoje eu me atrasei, mas quem cuida de pessoas nem sempre pode prever horário”.

Caminhou pro carro estacionado há uns cinquenta metros, na rua arborizada totalmente erma àquela hora da noite.

A jovem senhora entrou no carro e sem olhar, jogou a bolsa no banco de trás, como sempre fazia, depois parou por instantes tentando compreender porque o ruído da bolsa caindo no o banco estava diferente...

Ao tentar se virar pra ver onde a bolsa caíra, surpreendeu-se: alguém que, deveria estar agachado no banco de trás, segurou firme a sua cabeça com as duas mãos: - Não se mexa e faça exatamente o que eu lhe disser: Destrava as portas.

A voz feminina não lhe pareceu estranha... Olhou pelo retrovisor, mas não conseguia ver ninguém.

Percebeu quando o carro escuro estacionou atrás do seu como se alguém fosse entrar na garagem do sobrado de muros altos, mas dele saiu outra mulher de óculos escuros e cachecol que caminhou rápido e abriu a porta do motorista. De trás veio o comando: _ Vai pro banco do passageiro. Ela vai dirigir pra nós.

Com alguma dificuldade, por causa do console entre os bancos, a dona do carro mudou de banco. E pensava: essa voz não me é estranha...

A motorista tentou dar a partida e o carro morreu. Repetiu e o carro saiu aos solavancos e depois se normalizou.

A dona do carro sorriu por dentro pensando - o Bianco, nome que dera ao seu carro, deve ter estranhado a motorista. Fiel companheiro.

A moça sequestrada pensava se teria chance de abandonar o carro num semáforo ou fizer algum sinal pra quem estivesse em outro carro, seria fácil já que o carro não tinha vidros filmados.

A moça do banco de trás parece ter lido os seus pensamentos e forçando uma arma nas suas costelas avisou: _ Não tente nenhuma gracinha que eu estou de olho.

A dona do carro começou a rezar baixinho...

O transito estava lento àquela hora da noite, certamente por conta do feriado prolongado que começaria no dia seguinte.

O carro estava abafado com todos os vidros fechados. Ela pediu se podia ligar o ar condicionado ou abrir a janela um pouquinho, mas a resposta foi seca: _Não.

O transito estava cada vez mais lento... A dona do carro estranhou -”passo aqui todas as noites, nunca peguei lentidão há essa hora”.

A dona do carro percebeu que alguém no carro ao lado a olhava com insistência. Disfarçadamente olhou com o rabo dos olhos e reconheceu dona Ernestina, sua vizinha bruxa ao volante.

Ela era dada a fazer coisas que o pessoal do prédio achava estranha por isso à boca pequena a chamavam de bruxa.

O carro com as três mulheres avançou deixando o de dona Ernestina pra trás.

A jovem senhora recomeçou a rezar.

De repente um dos pneus do carro estourou. O susto foi grande, parecia um tiro e todas se abaixaram inclusive a motorista e o carro se chocou direto em outro que estava ao lado.

Parou tudo. Quando as assaltantes pensaram em deixar o carro foram surpreendidas por quatro policiais armados que cercaram o veículo.

Então explicada estava a morosidade: o comando policial à frente reduzia pra uma faixa a pista de três.

Eram muitos os policiais e havia alguns carros sendo separados para a pista direita onde eram revistados.

A dona do carro engoliu a seco e logo serenou por crer que suas preces haviam sido ouvidas.

O guarda ordenou que a motorista tirasse os óculos e saísse do carro, pediu os seus documentos e depois os do veículo. Ao conferir os documentos do carro que estavam na bolsa da dona do carro, fez uma série de perguntas à moça que estava ao volante e tremia sem parar. A levou ao Posto de comando montado em um trailer da Polícia.

A moça do banco de trás parecia mais calma ou quem, sabe tinha mais prática?

Quatro policiais e cercaram o carro, revistavam-no minuciosamente, lhe fizeram muitas perguntas e finalmente a levaram algemada, já que encontraram a arma que a assaltante tinha chutado pra baixo do banco do motorista.

“A senhora é a dona do carro?” Perguntou uma policial feminina.

_ Sim eu sou.

“Deu sorte heim?”

_Parece que sim, graças a Deus, mas confesso que quase morri de susto quando o pneu estourou.

A policial sorriu e então tudo clareou _ "Uma oficial treinada disparou um dardo no pneu do seu carro na hora certa. Não se preocupe. Cuidaremos de tudo."

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 24/10/2018
Reeditado em 25/10/2018
Código do texto: T6485382
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