PERDIGUEIRO: DETETIVE PARTICULAR

Um bloco de anotações, uma caneta, e bastante atenção eram os requisitos da função. Sabe como são as coisas, a falta de experiência não nos ajuda a encontrar trabalho, ainda mais na minha idade quando muitos empregadores olham de forma estranha paras os resquícios de espinhas que restaram da adolescência. Além disso, com a mensalidade da faculdade a pagar não poderia dar-me o luxo de dispensar qualquer proposta de salário, mesmo que fosse baixo e tão diferente, talvez fato preponderante por não existir nenhum concorrente pela oferta de emprego. Fiquei com a vaga e o salário miserável pago pelo chefe, e antes mesmo de começar a trabalhar, já pensava em buscar um novo trabalho. Não imaginava, porém, que ao passar dos dias tomaria afeição pelo trabalho, e ter a oportunidade de maquiar-me de “Dr. Watson” e narrar ás aventuras de meu patrão. No início apenas resignava-me a fazer a tarefa, e anotar no bloco tudo o que falava ele. Esta era minha função, apenas escrever seu ditados. Mas com o passar do tempo pude perceber em meu chefe algo de especial, longe da sagacidade e perspicácia dedutiva do amigo do “Dr. Watson”, e de suas investigações científicas, mas havia em meu patrão algo de especial, que logo foi percebido pelo espírito deste jovem estudante de jornalismo. E é sobre este homem, que longe de ser um herói, mas alguém que ou por sorte, ou quem sabe por estudo, sabe muito bem usar o dom que lhe foi concebido, e assim ajudar muita gente.

São muitas histórias, que fui compilando ao longo dos meses ao lado do meu estranho chefe, mas antes de contá-las preciso dizer como cheguei até este serviço. Cansado de correr atrás de ofertas de emprego fui parar na sala cento e dez da “Galeria Faizon”, na Rua dos Andradas, alvoroçado por um cartaz que vi por acaso, dizendo: Precisa-se de ajudante. Entre corredores estreitos uma porta de madeira indicava o local com uma placa: Perdigueiro, Detetive Particular. Toquei por duas vezes a campainha, até que uma moça, muito bonita por sinal, veio atender-me. Devia ter pouco mais de vinte anos, e adornava sua face bonita com um tom introspectivo e misterioso, algo incomum nas meninas de hoje. – Sim, em que posso te ajudar? Perguntou-me. Um tanto nervoso, falei os motivos de minha visita, e então ela solicitou que eu aguardasse. Sentei-me num sofá calejado por anos de uso, e numa banqueta ao lado revistas de meses atrás repousavam. Era uma sala com dois ambientes, onde eu estava apenas um vitral permitia a visão de que alguém estava falando com o detetive. Sem me dar muita atenção a menina que depois fui descobrir chamar-se Mônica enfurnou-se atrás de sua mesa rodeada por papéis empilhados, e não desgrudava os olhos da tela do computador. Vez por outra o telefone tocava, e ela atendia, interrompendo o que fazia. Não era um espaço amplo, e o sofá em qual sentara possuía apenas três lugares. Além dele duas cadeiras ficavam de reserva, caso a sala reunisse um maior número de pessoas. Nas paredes, a decoração se dava por dois quadros em pintura abstrata, que a mim sinceramente nada significava.

(É apenas o início de um trabalho, peço sugestões aos amigos (as) do recanto...)

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 10/05/2008
Código do texto: T983654
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