A reflexão

Helena estava absorta, na sua varanda, já era noitinha,

seus dois filhinhos, um casal, a menina com seis aninhos

o menino com apenas quatro, elas dormiam despreocupadas,

a jovem mãe, jovem, pois não tinha chegado nos trinta anos,

estava a pensar, sua vida até aquele momento não foi brincadeira,

sozinha criando os dois filhos, tinha a pele escura, morava na favela,

sempre foi bonita, como foi alvo do racismo! Neste país de tanta mistura,

mas, infelizmente é o defeito dos humanos, às vezes machucam seus semelhantes,

Helena remoia as humilhações sofridas por causa de suas raízes,

até que na favela não tinha motivos para reclamar, os moradores todos humildes,

a convivência era pacífica, acolhedora e muita solidariedade,

em alguns lugares mais sofisticados que teve de passar, que sufoco!...

Não quero lembrar as ofensas, as mágoas sentidas, quantas, meu Deus!

mas hoje esta minha reflexão não me dá trégua, clama Helena nos seus pensamentos,

continuando faz a pergunta: porque alguns são tão ricos e felizes,

outros tão necessitados, Reclamando da sorte nesta vida misteriosa?

Quantos na chegada do Natal embebedam-se em alegrias contagiantes,

quantidades imensas de pessoas passam este dia na completa penúria?

É, meu Jesus, te amo de todo o coração, mas te declaro sinceramente

os vários Natais que passei na maior tristeza!...

Já tive até vontade de não falar mais, Feliz Natal, mas desisti,

a comemoração do teu nascimento é indescritivelmente belíssima.

Nesse momento, depois destas explanações que Helena fez mentalmente,

ela escuta uma estranha mensagem:

filha, esqueces do que lhe tenho feito?

Lembra-te quando eras uma inocente criança,

já estavas sozinha no mundo, no auge do desespero apelastes a mim,

eu te consegui um grande amparo dos teus novos pais,

do dia em que já estavas adulta, quando fostes acusada,

eras inocente mas iam te condenar como ladra,

fiz com que o verdadeiro culpado se entregasse te livrando da culpa,

um dia quando tivestes internada num hospital, estavas realmente doente,

terias que passar incontáveis dias aos cuidados hospitalares,

pedistes: --- Meu Jesus, que será dos meus filhos sem os meus cuidados,

eu lhe imploro sua ajuda sei que és poderoso e de imenso amor!

No dia seguinte, já estavas curada em companhia dos teus filhinhos,

não deves amargurar a pobreza, pois muitos por serem ricos,

sentirem poderosos, sofrem os verdadeiros horrores, pois não têm minha proteção,

neste instante ela desperta de teus devaneios, responde até mesmo num sussurro:

perdão, meu Senhor, eu tinha esquecido quantas bênçãos eu recebi,

da felicidade incalculável de acreditar em Ti, depender de Ti,

doravante, só posso desejar para todos a tua paz, um FELIZ NATAL!...