O DIA EM QUE ESTIVE MORTA

Acordei como sempre antes da Laura, minha filhinha ainda com nove anos. Sonolenta, espreguicei-me e pensei: " Preciso levantar e fazer café pra Laura." Pulei da cama e caminhei até a porta do meu quarto. Quando ia tocar no trinco, vi que era outra porta, branca com vidros na parte do meio para cima. Abri e senti-me transportada para um outro mundo. 0utra casa. Entrei numa sala toda branca e linda. Numa das paredes, uma treliça também branca com uma planta verde contrastando, com suas ramas que desciam. Caminhei até a sala onde imaginei que estivesse minha filha. Ela estava lá, sentada num sofá. Quando me viu falou: " Mamãe, tu tá morta!". Acordei. Estava ainda deitada na cama. Lembrei do "sonho" esquisito, afastei da mente e pensei: "Preciso fazer café pra Laura.". Pulei da cama e caminhei até a porta. Quando ia tocar na porta vi que era a porta branca do "sonho". Abri e não era minha casa. Estava em ambiente desconhecido. Caminhei assustada pela casa e encontrei minha cunhada que sorria pra mim, enquanto mexia numa panela no fogão. Dirigi-me a ela e implorei: "Por favor, ajuda-me. Não posso ficar. Ainda tenho muita coisa pra fazer!" Acordei. Estava na minha cama. Pensei. "Como pude dormir? Preciso levantar. Por que não consigo acordar?". Levantei pela terceira vez e fui até a porta. Tudo aconteceu novamente. Quando ia abrir vi a mesma porta branca. Abri e percebi que estava novamente em outro lugar estranho, outra casa. Entrei numa sala e meu pai estava lá. Ele havia falecido alguns meses antes. Tinha outra aparência, a de um homem negro, alto e magro. Mas era meu pai e nem por um momento duvidei disso. Então chorei desesperada e pedi: " Pai, não posso ficar, preciso voltar, ainda tenho muita coisa pra fazer!". Acordei. Ainda estava na minha cama, deitada. Desta vez pensei: "Não vou levantar até ter certeza de que não vai acontecer mais e de que estou realmente acordada." Neste momento, a porta abriu-se e Laura entrou ruidosamente como sempre rindo e pulou na cama. Ficamos abraçadas por alguns segundos. Estava realmente acordada e em casa finalmente! Olhei  para o relógio. Nove horas da manhã.

Nota da autora:É verídico.  E sempre que lembro, choro emocionada.