ROBERTO CARLOS

Roberto Carlos

Exaltarei nesse conto, a estória de um ilustre e famoso personagem. Para falar desse sujeito eu preciso de muita inspiração e aqui estou. Roberto Carlos que não é o cantor e nem o jogador de futebol, é um guarda noturno que tem no Bairro da Pompéia na zona oeste de São Paulo. É um cara engraçado e está sempre contando suas estórias, seus “causos”, alguns até de arrepiar. Roberto Carlos me contou a passagem que lhe aconteceu e é caso de uma bruxa que aparecia na cidade de UTI e como ele que sempre trabalhou na honrosa profissão, fez questão de exaltar alguns dos mais curiosos fatos e assim ao se empolgar começou:

Contou que na cidade de UTI, a velha bruxa chefiava um bando de uma comunidade que recebia ordens diretas do ex-anjo Lúcifer para transmiti-las às suas subordinadas e só passavam a outra bruxa através de uma eleição bruxólica quando sentiam os passos indesejáveis de uma mulher de vermelho que sempre estava ali por perto e que lhe aparecia desde o fim dos dias de sua vida aqui na Terra. Elas presidem as reuniões semanais bruxólicas exatamente nas sextas-feiras à meia noite dentro de grutas de pedras, debaixo de uma frondosa jabuticabeira ou dentro de uma casa ali perto e que era mal-assombrada, desocupada. Roberto Carlos contava e fazia todos arrepiarem seus cabelos. Continuou ele:

Essa estória é tão ousada que eu estou com medo de continuar contando, mas vamos lá. As bruxas nas suas atitudes demoníacas, que os guardas-noturnos não poderiam apitar depois da meia noite quando fosse uma sexta-feira. Diziam elas que dentro das casas que moravam ficavam escutando e se as ordens fossem desrespeitadas, poderia acontecer o pior para o guarda que apitasse. Um dia, o chefe dos guardas foi até a casa daquela bruxa e começou a falar todos os nomes feios para ela. O certo é que no dia seguinte ele estava sem os dentes e ninguém sabe o que lhe aconteceu. Disse que quando acordou já não contava com seus dentes e que tinham sido arrancados pelas bruxas da região. Falou ainda o famoso guarda noturno que aquela bruxa já requereu usucapião bruxólico do único túnel da cidade para tornar-se sua legítima dona e ali levar a efeito as suas famosas reuniões com suas filiadas nas sextas-feiras. Disse que alguns dos moradores da cidade de UTI ficaram sabendo desse “causo” e com certeza ficaram assustados.

Sem prejuízo e sem se defrontarem com o perigo de serem vistas pela sociedade que começava a se retirar, deixando-as a vontade com todas as suas amigas para que as atividades bruxólicas pudessem se realizar com tranquilidade e que a única presença ali vista seria a do capeta. Dando continuação aos “causos” Roberto Carlos disse que o sítio que havia na saída da cidade era um local belíssimo, encravado num vale em meio a montanhas, e que quem passava ali em frente se surpreendia com as belezas. Assim que os carros entram na cidade de UTI tomando a primeira rua à esquerda, uma rua de terra, toda esburacada, as pessoas se sentem como se penetrassem um mundo intocado pelo homem. O caminho de terra, que só dá passagem para um carro de cada vez, corta a mata fechada, com cipós pendurados. Nas margens, tapetes de samambaias e no ar um cheiro penetrante de flores do campo. A mata quase se fecha sobre a estradinha e, como ainda há muita névoa, o caminho se torna mais sombrio. Na região faz muito frio onde as pessoas fecham suas janelas logo ao entardecer. Roberto Carlos disse que recebeu ordem do chefe da guarda noturna para fazer três rondas durante a madrugada. A primeira seria às 2 horas, a segunda às 3 horas e a última às 4 horas. A ordem precisava ser cumprida à risca e lá se foi o meu amigo guarda noturno. A primeira ronda tudo bem. Quando na segunda, exatamente às 03h15min, começou a ouvir risadas nervosas que cortavam o silêncio. De repente alguém fazia psiu como se estivesse lhe chamando insistentemente. Roberto Carlos parou, olhou e nada viu. Continuou na sua bicicleta fazendo a tal ronda. Sentiu que todos os seus cabelos ficaram arrepiados. Mais à frente notou que vinha um grupo de mais ou menos umas 50 pessoas em sentido contrário. Parou a bicicleta esperando que aquelas pessoas pudessem passar e todas pararam à sua frente. Bastante nervoso e com muito medo tentou se aproximar da multidão e de repente uma forte luz de um refletor que não sabia de onde vinha, bateu no seu rosto, deixando-o completamente sem visão momentaneamente. Quis voltar, mas foi inútil. Começou a gritar pedindo socorro e quando se deparou com seu chefe lhe acordando. Pois estava dormindo na beira da estrada e ao ser acordado contou o que estava acontecendo. Mas seu chefe não acreditou e disse que estaria sendo despedido logo ao amanhecer e que sua demissão seria por justa causa foi mandado embora já que dormira no local de trabalho.

Disse que fora acometido por um pesadelo e que não sabia como tinha ido até ali naquele local. Até hoje está sem saber de fato o que lhe aconteceu. Mas sabe que foi mandado embora do trabalho e depois de dois anos arrumou outro emprego também de guarda noturno, já que aquela profissão era a única que sabia fazer.

O amigo guarda noturno contou mais alguns “causos” de arrepiar e quem estava por perto ficou assustado. Dona Maroca ao lhe ouvir, se benzendo disse:

Cruz credo, sapo mangalô 3 vezes...

Seu Abidoral, dono de uma barbearia comentou que toda vez que aquele guarda noturno chegava para cortar o cabelo as pessoas ficavam arrepiadas e assustadas de tanto medo. Disse que o rapaz tinha uma imagem assustadora. Roberto Carlos me falou que as pessoas foram se mudando da cidade de UTI e que quando ele percebeu que a coisa estava ficando feia, tratou de se mudar para São Paulo, onde mora até hoje na zona leste e trabalha na zona oeste no lindo bairro da Pompéia. Eu perguntei para alguns motoristas que trabalham de taxi pela região e foram unânimes que Roberto Carlos chega e passa uma energia para as pessoas, contaram que é uma energia diferente e que o guarda noturno é uma pessoa “carregada”.

Bem, eu fico por aqui e o conto do guarda noturno Roberto Carlos, foi mais um conto dos meus contos que eu contei do jeito que gosto de contar.

Do Livro MERA COINCIDÊNCIA, do autor Clotan, págtinas

55, 56 e 57, Registrado no Escritório dos Direitos Autorais

com lançamento previsto para setembro de 2010.

obs: o livro poderá ser adquirido pelo e-mail

clotan25@hotmail.com

Preço, R$ 20,00 com entrega grátis em qualquer parte

do Brasil.

Clotan
Enviado por Clotan em 07/08/2010
Código do texto: T2423560
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