A SOMBRA.

A SOMBRA.


Seguia caminhando em dia de sol forte,
Na Avenida movimentada, repleta de carros engarrafados,
Pessoas apressadas em chegar ao destino,
O calor se tornava insuportável,
Uma bruma de poeira perturbava os olhos,
Mesmo assim continuava a saga do caminho rumo ao intento,
Repentinamente, parou à sombra de uma árvore na beira da rua,
Que surpreendentemente chamava para descansar e esfriar a cabeça,
Sim, a sombra daquela árvore falava..., calmamente, pausadamente,
Voz suave de mulher, dizia: - Venha, pare aqui em baixo,
- Para que tanta pressa, você pode ter uma insolação, se cuide.
Sem muito acreditar no que via e ouvia, parou,
Recostou-se naquele arbusto, respirou fundo,
Coração acelerado, algo estarrecido com a situação,
Permaneceu por alguns instantes, silente e inerte,
Após refazer-se do cansaço natural, iniciou nova escalada ao alvo,
Quando, ao baixar o olhar, fitou sua própria sombra, cambaleante,
Tropeçando nas pernas, tendo queda da própria altura.
Não aceitava aquele acontecimento nefasto, incrível, revelador,
Sua sombra também falava com voz semelhante à da árvore,
Suplicava um breve descanso, comentava que estava cansada,
Com náuseas, tonteiras, que não havia se alimentado bem,
Ordenava que parassem abaixo de qualquer marquise,
Ou que fossem a determinado bar, para tomar um suco ou refrigerante,
Pois o sol não estava dando trégua, pelo contrário, muito quente.
Bem, desta vez não deu importância para a nova aparição e avançou,
Mas, ao olhar os edifícios, todas as sombras lhe convidavam a parar,
Agora, vozes mais grossas, qual barítono, falavam-lhe bem alto:
- Pare aqui, não prossiga, risco de morte.
Sombras de navios cantavam canções como se chamassem ao lazer,
As sombras dos aviões convidavam para voar,
Conversar com nuvens, com o firmamento,
As sombras dos ônibus sugeriam viagens para conhecer novos ares,
Lugares mais amenos, menos tensos,
Sombras de carros para correr, sair rapidamente daquele caos,
As sombras de outras pessoas chamavam para talvez visitar uma praia,
Banharem-se ao mar, no frescor das águas,
Todas elas ordenavam a rendição daquela guerra insana e perdida,
Até que em dado momento tudo escureceu, tudo ficou mudo,
O mundo parou pelos 40ºC de febre...

Por: Jaymeofilho.
22/11/2010
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Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 22/11/2010
Reeditado em 26/04/2012
Código do texto: T2630916
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