Zé o e Capeta Enrolado

Conto simples apenas.

E o capeta chega pra levar o Zé.

Já se passaram sete anos após Zé ter feito o pacto com o coisa ruim.

Sem delongas, o capeta coloca a corda no pescoço do Zé, que malandro como era fala que o tempo de contrato tinha mais um prazo de um ano.

E o capeta que não era bobo nem nada mostra o contrato e o Zé engole o medo e vê que a data se encerra neste dia e horário.

Mas Zé fala que ainda não tinha ido a Disneylândia e nem subido na torre Eiffel.

O capeta não escuta a choradeira do Zé, quem manda gastar o que recebe com cachaça e as quengas da vida.

Zé reluta, fala que o que recebeu foi pouco e que falaria com o chefão do capeta.

O capeta ri do homenzinho. Não tinha jeito, o capeta levaria a alma do Zé.

E sem esperar, vai logo afrouxar a corda no pescoço do Zé.

E Zé grita pare. Faz o coisa ruim parar.

Pede para o coisa ruim não tirar a vida dele na casa, pois não quer ser espírito preso nela, quer morrer ao ar livre, ver o dia tão bonito.

E o capeta pensa, pensa e decide atender ao pedido do condenado.

E no meio do mato, dia ainda, muita luz pra clarear e o capeta ansioso por ter mais outra alma no currículo vai logo fazer o seu serviço.

E o Zé o impede. Pede mais uma coisinha, uma coisinha só e que aí a vida dele era do coisa ruim.

O Zé pede pra tirar a corda do pescoço dele e o capeta desconfiado tira. Não tinha como o humano sair correndo e nem chutar no meio das pernas do coisa ruim, até porque, bem, não sabemos se coisas ruins tinham sexos.

E o capeta retira a corda do pescoço do Zé.

Zé estica o corpo, expira, inspira e enche o peito e dá um forte assobio pra cima.

E o capeta não compreendendo já ia colocar a corda de novo.

De repente, o céu escurece, aparecem trovoadas e no alto surgem vozes cantando musicas de louvores.

Malandro, o Zé dá aquele sorrisinho esperto.

Furioso, o capeta não quer esperar, a vida do Zé ele leva.

Porem, uma luz tão forte faz o capeta cair pra trás e do alto dois arcanjos.

Dão nas línguas dos anjos a sentença para o capeta e com suas espadas faz o capeta furo da vida voltar ao seu lar.

E assim o Zé escapa de ir ao inferno.

Dá uma piscadinha de agradecimento aos amigos arcanjos e sai contente cantando o cordel da lenda do Zé o capeta enrolado.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 23/05/2011
Reeditado em 16/01/2014
Código do texto: T2987074
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