Per Aspera ad Astra

Defronte ao grande Abismo Lacrimoso de obscuridades, estava desamparadamente sedento. Ele, sobretudo, no grande abismo flutuava com contrariedade à gravidade, realidade e razão. “Per Aspera Ad Astra”, — sussurravam os Seres Sussurrantes iluminados, híbridos e presos na obscuridade do Lacrimoso. Entretanto, suas luzes escuras eram de tanto offuscatio que as sombras imperavam Nele. No profundo isolamento, sentia vibrações. Pareciam-me altas notas. Cujas provinham Dele, feixes de luzes iluminavam todo o meio do diferente ser de túnica, que através desta, parecia-me esconder alguma desintegração, enigmático e taciturno. Observou-me, não aos olhos. Sempre imaginei que já sabia de minha presença. Algo portentoso havia dentre seus pulmões pulsantes de ar. Não podia vê-los, mas senti-los. De alguma forma, Ele fazia-me saber disto.

As vibrações oscilavam. Eis que as Musas avisam-me, não a física palpável, a identidade das vibrações: “Ode an die Freude” — murmurava-me à mente. Bizarramente, apenas após disto dei-me a ver suas faces de expressivas alegrias. Já despido, Elysium diferentes de outrens, oscilava na Quasi una Fantasia.

Observou-me, desta vez, com seus ofuscantes olhos sombrosos que me cativaram e aprisionaram-me. Então, senti liberdade infinita: os olhos d’aquele ser penetraram os meus.

“Oh, amado Ludwig! As estrelas virão para ti, com o meu amor sem fim.” — Cantarolava para mim, que já estava beirando a inconsciência, em tom melódico. Havia em mim apenas a neutralidade.

“E das sombras de teu coração emanarão nossa eterna comunhão” — retrucava-O.

A ode dos Seres Sussurrantes tronava-se mais alta ao ponto de que uma vasta sombra saia dentre os pulmões de Elysium. Os firmamentos em tom vermelho abalaram-se. Buracos Negros e Buracos Brancos colidiram-se criando tudo que há de perfeito, pérolas, rosas e morangos no céu. A Ode dos Seres Sussurrantes tornou-se apogética a uma crispação até as escuridões do abismo enquanto inconscientemente dançava de forma irreal com Claudius e a Donzela, adormeci.

Agora havia gravidade, realidade, razão o bastante e o abismo de luzes sombrosas tornou-se o mais perfeito Abismo Lacrimoso de sombras iluminadas e obscuridades esclarecidas. Por fim, despido e “integrado”, Elysium trouxe-me às profundezas do perfeito abismo, onde agora Deus e Satã com mãos entrelaçadas, vieram, assim como os anjos e demônios, a cerimônia bailar. Flutuando, com um único gesto, guiou-me da beira do abismo aos pés dEle. Tudo Nele era tão ofuscante que em poucos instantes encheu-me de sombras. Pasmaram-se todos ao verem a minha luz sobressaída a todos os deuses e demônios e Seres Sussurrantes. Deus sentiu-se humilhado e condenou todos os amistosos demônios e anjos ao fogo eterno.

Pairo no vácuo impulsivamente sobre todos enquanto uma guerra jorrava fogo atrás de mim. Eis que torno-me o Deus sol e todo o sangue, desesperanças, desventuras, desilusões, fomes e pestes cessam-se quando do sedento ao apaziguador torno-me. Mas este não era meu objetivo após o desfecho das objeções. Da mesma forma que pairei à cima, desci ao meu amado enquanto os Seres Sussurrantes reprimidamente sussurravam ao som de tambores, flautas e harpas: “Per Aspera Ad Astra.”

Olhei nas profundezas de seus olhos negros, e falou-me à mente: “Oh, amado Ludwig! As estrelas vieram a Ti, com o meu amor sem fim.”

“E das sombras de teu coração emanaram nossa eterna comunhão!..., meu Elysium.” — Retruquei-lhe beijando-o. Após, abraçamo-nos, damo-nos as mãos e como as estrelas das sombras perfeitas mostramos ao cosmos e a todos os deuses, demônios e Seres nossa perfeição e do nosso amor enquanto saíamos do abismo ao bailar das cintilantes estrelas.

Eternamente amei-o e ele amou-me. Compus estridentes e catárticas composições amorosamente sutis e do nosso leite que alimentava nossa pequenina Hypatia nasceu as voluptuosidades da elegante Via - Láctea, que desta, por sua vez, proveio as sombras iluminadas: a vida e os humanos.

Ofegantemente inspirou e expirou.

— Eis aí, humanos! — falou o mendigo em tom arrogante para o guarda que o acordou pedindo para sair defronte da Grande Biblioteca Nacional de Quimerolândia.

— Saia já daí moribundo! — Gritou em tom extremamente arrogante.

— Arruínem-se, arruínem-se todos vocês destruidores de sonhos! — Respondeu ao guarda assentindo a ordem de retirar-se do local: berço da Quimerolândia.