Um Sonho desfeito

“_Cavalo selado! É o que é meu ex-marido! Não acredito que exista alguém Igual ele!”

No início do nosso namoro, ele era um santo. Amoroso, carinhoso, tudo de bom na vida! Mas, com o tempo, ele foi botando as unhas de fora. A primeira vez que ele aprontou comigo, lembro-me bem. Fomos ao casamento de um amigo dele. Daí, a festa inteira numa boa, mas lá para tantas da madrugada, procurei por ele, não o encontrei. Ele havia ido embora pra casa e me deixado só. No outro dia, perguntei a ele por que aquilo; respondeu-me simplesmente que foi porque quis.

Logo que casamos, ele aprontou uma: Estávamos na rodoviária, íamos viajar, passar uns dias numa praia. Era a minha primeira viagem com ele. Nunca havia saído do quintal de casa. Pois, o Ricardo disse-me que ia comprar cigarros e somente me aparece quando eu estava na poltrona, vendo a hora o ônibus partir. A cada dia “a pessoa” foi se revelando. Sabe, o pior que ele me deu um soco ainda quando estávamos no hotel. Aí foi o fim! Gritei com ele de tanto ódio que senti: “_Cavalo batizado”.

Realmente, ele não era o mesmo homem com quem sonhei. Aquele ali era um troglodita. Eu não sabia mais o que fazer. Sentia-me insegura, com medo dele. Sabia que não iria suportá-lo por muito mais tempo.

Foi quando aconteceu uma cena que me enfezou: Estávamos no restaurante com uns amigos. O garçom acabara de pôr a comida quando ele começou a gritar comigo. E, ainda, me arrastou pra fora apertando o meu braço.

Nessa hora, vi que não aceitaria mais aquela vida.

O príncipe que sonhara que vinha me buscar, e me levar à beira mar num cavalo branco, não passava de um monstro. Louco e estúpido.

“_ Aquilo era o próprio. Era ele mesmo um cavalo batizado”.

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 14/02/2012
Reeditado em 28/06/2012
Código do texto: T3499126