Será impossível escapar, estou sozinho, o medo é o meu melhor amigo!
“Correr, correr, correr!” São as únicas palavras que eu ouso proferir, faço isso numa tentativa frustrada de animar o meu corpo cansado de lutar.
Esse corpo mortal não me ajuda, preciso fugir, mas eu não encontro fuga.
Olho para esquerda; é impossível não notar as inúmeras flechas que voam ao meu encontro, parecem nuvens rajadas que só permitem pequenos raios de Sol passar por entre as frestas que se formam entre uma e outra flecha!
Olho para a direita e vejo as forças destruidoras de felicidade, vem com tudo, correndo, bufando de ódio e expelindo terror, carregando cimitarras afiadíssimas, meladas de sangue, mostrando que já passaram por outros lugares espalhando a destruição!
Olho para trás e vejo um cavaleiro montado num dragão negro, ele diz se chamar passado; ele diz que veio me buscar, ele diz que não vai me deixar, ele grita, ele urra!
Não há para onde correr, não consigo me esconder!
Para onde ir, para onde eu vou?!
Seguirei em frente!
Mas bem na minha frente eu vejo um cavaleiro montado em um cavalo vermelho, dizendo que eu sou dele, dizendo que eu sou para ele e não sou mais de ninguém!
Todos querem meu sangue que já é pingado pelo caminho...
Estou perdendo a batalha, já estou à mercê das minhas falhas e fraquezas!
Eles me alcançaram!
Eles dilaceram os meus pés, ferem as minhas mãos, quase não vejo nada, quase não consigo abrir os olhos, mal posso ouvir!
Não posso correr nem lutar, sem armas para lutar, sem pés para correr!
 
Ouço sussurros...
“Olhe para cima”
Ouço sussurros!
“Você tem asas”
Ouço Sussurros!
Você pode voar!
 
Eu posso voar!
Eu tenho asas!
Eu vou conseguir! (Doce ilusão)
 
Não tenho chance de subir nem mais que dois metros, as flechas chegaram, me acertaram!
E agora estão todos comendo a minha carne.
Morrerei, vou me entregar, não há nada a fazer, não posso lutar!
Com os olhos ainda fechados espero a chegada daquela senhora que chamam de dona morte.
Com os olhos agora entreabertos a vejo chegar, ela não me diz nada apenas estende a mão...
Eu ainda consigo ouvir o quebrar dos ossos, mas me sinto aliviado, pois a dor passou!
Ouço uma voz distante.
Mais sussurros?
Não!
Agora são gritos de guerra!
Abro os olhos e vejo...
É...
Não dá para explicar!
Só vejo um homem forte, ele veste uma armadura de prata, montado em um dragão branco, o dragão tem olhos azuis, mas mudam de cor variando para o verde. Não me olha diretamente, está muito ocupado arrancando a cabeça dos meus inimigos!
Ele tem uma espada, a criatura alada luta junto com ele, as asas dele me protegem contra as flechas...
Na espada é possível ver escrito frases, são letras que não conheço, de uma língua que nunca ouvi. Na sela da criatura é possível ver o desenho de um trono onde há mais frases escritas!
Ele é rápido, não conseguem acertar nem um soco em sua face, mas o sangue dos inimigos respinga em sua armadura.
Perdi os sentidos, mas quando recuperei vi que ele tinha vencido. Todos os meus inimigos agora estão mortos!
Agora Ele me carrega e me leva, não sei para onde, mas me sinto bem, me sinto muito bem...