A Sombra e a Escuridão. #8

"Você não possui mais a vida, e ela agora é sua única necessidade."

Capítulo 8 - Necessidades.

O homem com muito esforço conseguiu se sentar e fez um sinal para que eu fizesse o mesmo:

- Prefiro ficar em pé, por precaução. - Disse

- Nem se eu quisesse conseguiria fazer algo, sei que me resta pouca vida. - Respondeu com dificuldade.

- Ainda assim prefiro ficar em pé.

- Bom, se é assim. - O homem respirou fundo e começou a dizer o que prometera. - Há muito tempo atrás, ouvi uma lenda, sobre um homem que tinhas os olhos prateados.

E continuou.

"A Lenda dizia, que o detentor desses olhos era um homem amaldiçoado, mas não somente isso, dizia que o homem dono dos olhos de prata estava destinado a destruição. Nosso líder contou para todos do grupo, que conheceu um homem, cujo os olhos lembrava a lua, que este homem sozinho dizimou um terço da Europa, que era conhecido pelo nome de Peste. Nosso líder disse também, que o homem disse à ele que sua descendência iria ser eterna, e que sempre haverá um Olhos de Prata no mundo."

Olhei para ele, que falava com esforço, refleti por um tempo e perguntei:

- Por isso atacaram meu vilarejo? A fim de destruir essa linhagem?

- Nosso líder enviou Sundjata para fazer o serviço, um dos mais velhos e mais poderosos do nosso grupo. Mas Sundjata disse-nos que Olhos de Prata não estava na tribo, e disse ainda que um garoto chegou à cavalo no momento em que ele executava a todas as testemunhas, e que uma amaldiçoada o impediu de mata-lo. - Disse ele, e prosseguiu. - Que o nome do garoto era Edmond, e que morreria, e provavelmente se tornaria mais um amaldiçoado.

- Sundjata... E porque ele não matou a mulher amaldiçoada? - Perguntei curioso. - E como sabia onde encontrar os Olhos de prata?

O homem a essa altura parecia estar apagando, morrendo:

- Existe um acordo entre as raças, os amaldiçoados não podem nos matar, e vice e versa. Parece que a amaldiçoada declarou que o garoto era de sua família, ou algo do gênero. - Ele cuspiu um pouco de sangue, e fraco continuou a falar. - Nosso líder enviou um de nós para aquele vilarejo alguns anos atrás, e disse que seria provável que algum dos homens que vivia ali fosse o lendário Olhos de Prata, na dúvida ele matou todos os homens que se encontrava naquele vilarejo, fazendo-os acreditar que um ataque de predadores estavam indo para o vilarejo.

- Por isso que os homens sumiram quando eu era criança, inclusive meu pai... - Pensei em voz alta.

- Mas algum tempo atrás, recebemos a notícia que aquele dia um homem escapou com vida, e que através da esposa nós o acharíamos. Foi então que Sundjata voltou para o vilarejo e roubou um colar que supostamente nos guiaria até o Olhos de Prata.

- Colar? O colar da minha mãe! E onde está o colar? - Perguntei desesperado.

- Do que importa, estávamos errados! Por engano encontrei você aqui, Olhos de Prata! O homem que estamos atrás é um impostor! - O homem perdia muito sangue a cada minuto que passava.

- O homem que vocês estão atrás é meu pai! E o colar irá me ajudar a encontrá-lo! Diga Versipélio! Onde está o colar? - Agarrei-o pelo pescoço com raiva.

O homem praguejou algo em uma língua desconhecida, e em seguida apagou. Chequei os pulsos e o pescoço, ele estava morto.

Gritei e chutei o cadáver, com ódio. Toda informação que eu precisava acabava de morrer junto com aquele demônio, porém agora eu tinha algumas informações valiosas. Existe um grupo de Versipélios, ele tem alguma espécie de Líder, que parecia ser sábio e poderoso, este Líder também tinha informações do meu Pai, que acreditava ser algum ser diferenciado pela cor dos olhos. O Versipélio que matou minha mãe e roubou o colar, era conhecido como Sundjata.

Só me restava perguntar a Beatrice, precisava voltar para casa dela, eu não fazia ideia onde estava.

Olhei ao redor, e estava em um campo aberto, na beira de um riacho.

Não poderíamos ter ido tão longe em uma noite, pelo pouco conhecimento que tinha deduzi que estava no local de plantio do senhor Logan.

Lavei o rosto e as mãos no riacho e decidi ir dar um oi para o senhor Logan antes de ir embora, talvez me emprestasse um cavalo ou me daria uma carona até a cidade.

Andei um tempo no campo até achar a casa dele, me aproximei e vi um de seus filhos pegando água do poço. Eu não gostava mais dos poços:

- Ei, menino. Chame seu pai e diga que um velho amigo veio visitá-lo. - Disse ao garoto, que entrou rapidamente.

De dentro saiu um senhor, que vestia uma roupa elegante. Definitivamente era ele, Logan era um amigo antigo dos meus pais, vi ele algumas vezes quando era criança:

- Pelas barbas de Messias, se não é Edmond Warth! - Disse espantado. - Pensei que estivesse morto rapaz!

- Todos pensamos Sr Logan, quanto tempo! - Abracei-o e senti aquele cheiro, que novamente fez meu coração acelerar.

Pensei que apenas o Versipélio enquanto humano que cheirava bem daquele jeito... Seria o sangue que me atraia tanto?

- Entre garoto, tome algo comigo! - Me convidou o gentil Sr Logan.

Logan tinha dois filhos meninos e uma esposa adorável, conversamos durante um bom período, da qual ele perguntou sobre o que eu havia feito durante esse tempo e porque havia sumido. Em alguns momentos eu perdia o foco da conversa, devido aquela mistura de cheiros agradáveis, da esposa e do próprio Logan, decidi então pedir ajuda para voltar a cidade logo, antes que eu fizesse algo ao pobre senhor.

- Pegue um dos cavalos, tenho um aqui que será perfeito para você! Mas fique esta noite, as crianças vão adorar sua companhia para o jantar! - Disse ele muito sincero.

- Me desculpe, tenho assuntos urgentes a tratar na cidade, fico outro dia, é uma promessa. - Eu precisava sair dali imediatamente, com tantos acontecimentos, matar Sr Logan e sua família seria mais um problema a me atormentar durante a noite.

Ele e seu filho me levaram até o celeiro e me mostraram um cavalo, esbelto e forte, era um cavalo negro, com certeza de raça;

- Vá filho, e leve o cavalo de presente, sempre tive muita consideração pela sua família, seu pai sempre me ajudou nos momentos mais difíceis.

- Agradeço Sr Logan, e me perdoe por não poder ficar mais. - E parti sob o céu do entardecer.

No caminho, aquela sombra invadiu meus pensamentos, havia acontecido muita coisa em uma só noite, e eu deixara para trás o homem morto, próximo a casa do Logan. Seria possível ele encontrar e associar minha visita ao cadáver?

Eu não podia arriscar, decidi voltar e me desfazer do cadáver que estava ali, jogá-lo no riacho e fazer a correnteza leva-lo para longe.

Me segurei e fiz o cavalo correr de volta para o campo, não levei muito tempo para chegar lá. Já estava anoitecendo.

Desci do cavalo e vi o corpo estirado ali à beira do riacho, me certifiquei de que não tivesse nenhum vestígio dele ali, olhei em volta e me certificando de que ninguém estava por perto, comecei a arrastar o corpo para o riacho.

Foi quando estava quase terminando o serviço, que vi uma luz se aproximando de mim, junto uns latidos de uns cachorros. Eu havia sido farejado pelos malditos.

Com velocidade joguei o corpo e me virei a fim de pegar o cavalo e rapidamente sair dali, mas era tarde demais:

- Quem está ai? - Ouvi a voz de Logan.

Tentei pensar em algo para dizer, ou alguma forma de sair dali, mas o cheiro de Logan e aquela situação embaraçosa me fizeram ficar sem resposta.

Fui para perto do cavalo, a fim de Logan perceber que era eu antes de atirar ou soltar os cachorros em mim:

- Edmond... O que faz aqui à essa hora? Pensei que havia ido embora... - Disse confuso, havia sentido tristeza em sua fala.

- Juro que estou pensando em um álibi. Mas me passou algo diferente pela cabeça, eu estou faminto Sr. - Disse maliciosamente, percebi que a sombra falava junto comigo.

- Pois... Entre e coma algo. - Respondeu Logan com a voz estremecida.

- Tenho uma ideia melhor Sr. - Logan recuou um pouco e disse.

- Seus olhos... O que você é filho? - Soltou os cachorros, que avançaram.

Sem esforço matei os dois, mas não quis me alimentar da vida deles, o cheiro de Logan estava forte e me atraia.

Ele correu, e de alguma forma estava lento demais. Alcancei com facilidade:

- Elisa, corra e leve as crianças, rápido! - Gritou para a esposa que estava no quintal esperando-o.

Praguejei para o velho e o agarrei pelo pescoço com as mãos. Eu estava sem a faca, e pensei em como tirar o sangue para me alimentar de sua vida. E só uma coisa me passou pela cabeça.

Fiz como o Versipélio, e usei meus dentes para atacar. Mordi o pescoço de Logan com muita força, fazendo com que sua jugular se rompesse me servindo com muito sangue. Não bebi o suficiente, pouco do que havia saído realmente me serviu como alimento, a maior parte escorreu pelo velho e ficou ali no chão.

Eu perdi completamente a razão, aquilo era maravilhoso, o sangue escorrendo, e eu me servindo com a vida dele. Seria daquilo que Beatrice estava falando quando se referiu a "Sua necessidade será a vida."?

A esposa de Logan deu um grito agudo e entrou na casa correndo para salvar os filhos, mas eu fui rápido o suficiente para pega-la antes. Repeti o ritual, mordendo sua jugular.

Os dois rapazes desceram assustados pelo grito da mãe, a tempo de presenciar eu roubando sua vida. Um deles avançou para me atacar com um machado, esquivei, tomei o machado do menino e enfiei em sua perna, fazendo-o cair.

O outro rapaz correu e tomou a frente do irmão ferido. Foi quando percebi o que estava fazendo, era desumano, será que era para ser assim mesmo? Voltei a mim, olhei para os dois:

- Sei que o que fiz não vai acabar aqui, dou a vocês o direito de vingança. - Me virei e sai da casa, eu sabia que não seria perseguido.

Sai da casa e me virei para a estrada, e vi, em uma carruagem de madeira, aparentemente me esperando estava Beatrice:

- Vamos Edmond. - Disse séria.

Não discuti, com as mãos, boca e roupa ensopados de sangue, subi na carruagem e partimos.

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Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 08/04/2013
Reeditado em 06/05/2013
Código do texto: T4230142
Classificação de conteúdo: seguro
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