Muito Longe do Fim - Primeira Parte

Prólogo

Champignon vagueando nas trevas

" Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte... "

" Senhor, que nosso irmão N, tendo morrido para esse mundo, viva no entanto para Vós..."

" Sei que ainda estamos muito longe do fim. "

Ei, tem alguém aí? Alguém que possa me matar de verdade? Pensei que eu tinha feito o serviço, pensei que tivesse acabado com a minha raça, mas estou vivo... vivo! Como é que pode? Eu vi o meu enterro, aquele maldito caixão me asfixiando, as lágrimas das pessoas me afogando... eu lembro que rebentei minha cabeça, porque dói e quase me enlouquece e o sangue escorre... eu não entendo... eu deveria estar morto, mas estou vivo!

" Sei que ainda estamos muito longe do fim. "

Está tão escuro aqui... esse lugar é úmido, cheio de bichos, imundo e fede demais. Esse sangue que escorre... tem um cara morto ali, no caixão... um cara verde... mas... aquele sou eu! Mas como pode ser eu, se eu estou aqui? Será que não morri, mas fiquei louco, cara???????

Como fede esse lugar! eu deveria estar morto, mas continuo vivo... numa escuridão medonha... uma escuridão maldita... ah, que dor...

" Sei que ainda estamos muito longe do fim. "

De alguma forma consegui sair daquele terrível buraco. Mas continua tudo escuro... não sei onde estou. Sinto meus pés afundando em alguma coisa mole e fétida, tipo lama. Sim, lama... esse sangue que não pára de escorrer... alguém me ajude, estou com um buraco na cabeça, estava certo de que iria morrer, mas continuo a viver! E sofrer...

" Sei que ainda estamos muito longe do fim."

Alguém faça eu esquecer essa música! Fica se repetindo na minha mente, como um pingo de água gotejando incessantemente sobre a testa de um condenado. Que dor! Sim, foi a dor da alma que me levou a fazer aquilo... queria fugir de tudo, queria ter um pouco de paz. P az! Será que isso existe? Mas agora vejo que fiz uma merda... uma merda daquelas...

Sou um suicida... estou aqui, caminhando no escuro... sentindo meus pés afundando numa coisa que parece lama, mas que também pode ser sangue... o meu sangue, que escorre sem parar dessa ferida medonha que carrego. Agora eu sei que nada morre e que estou sim, muito longe do fim... do fim desse caminho de sombras, rumo àquele raio de luz pálida que visualizo lá, muito longe de mim! Muito longe do fim... do meu caminho... de pura dor...

CONTINUA

Maryrosetudor
Enviado por Maryrosetudor em 06/01/2014
Reeditado em 10/03/2014
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