UMA NOITE DE MAGIA

Esta noite, como já aconteceu outras vezes, cavalguei no dorso macio do Alazão da Noite o cavalo alado que há muitos anos Paulo Cesar Pinheiro, ainda um adolescente, chamou de Raio de Luar na lindíssima canção Viagem, que marcou época. Já nos conhecemos de outras vezes em que percorremos o universo em busca de músicas, versos, rimas, poesias ou, apenas e simplesmente para nos integrarmos com os elementos da natureza e com as coisas da paz, da harmonia e do amor. Não estava só, minha namorada também foi comigo viajando na garupa do Alazão, agarrada à minha cintura, os cabelos esvoaçando ao sabor do vento. O cavalo subia e descia por entre constelações, estrelas, quasares e planetas, às vezes velozmente, em outras apenas planando por aragens tranqüilas sobre mares, vales, montanhas e desfiladeiros, fazendo com que a pele da minha amada brilhasse como ouro, lá nos confins do universo. Devido ao vôo, vez ou outra a barra da sua saia levantava deixando à mostra parte das suas belas coxas ou, um dos seios escapava pelo decote interagindo com o ambiente. O Alazão da Noite flutuava por largos espaços estelares quando no hemisfério sul vimos as Tres Marias, da constelação de Órion, e o brilho radiante de Adhara, a incrível estrela da constelação de Cão Maior. Bem mais longe estavam Cisne, Andrômeda, Cão Menor, Lira e Lina, lindas constelações espalhadas nos céus do hemisfério norte. Agarrado às crinas do Alazão eu recebia no rosto o ar fresco da madrugada enquanto o coração da minha amada batia em ritmos determinados pelo amor e pela paixão. Juntamente com o cavalo éramos três corpos fundidos num só elemento. Nos aproximávamos do Cruzeiro do Sul quando olhando para o lado vimos a terra enfeitada pela lua que se mostrava por inteira, linda e nua, no seu quadrante de lua nova. Continuando nossa viagem passamos por lugares onde vimos arvoredos que davam como fruto cachos de trovas e sonetos, versos e rimas, vimos galhos de onde pendiam pentagramas recheados de notas musicais, flores coloridas que emitiam sons de valsas, cantigas de roda, cirandas e, muito mais coisas que só os poetas e os de almas sensíveis podem sondar. Minha namorada que nunca havia passado por tal experiência ficou maravilhada com as coisas que viu e sentiu, pois, a magia e o encantamento são para poucos, nem todos conseguem atingir estas esferas. Minha amada que possui bons sentimentos é sincera e tem a alma leve, certamente voltará aqui novamente para comigo reviver tudo o que a fez feliz nesta noite. As gotas de orvalho começavam a evaporar nas pétalas das flores, a Aurora Boreal já se formava nos pólos da terra e o sol ameaçava despontar no oriente quando o cavalo alado nos trouxe de volta para casa. A noite se foi e o Alazão da Noite voltou para o seu lugar de origem aguardando nova chamada. Peguei minha amada pela mão e a conduzi para nossa cama onde fizemos amor e, agarradinhos dormimos o sono dos justos e dos apaixonados.

JotaCF
Enviado por JotaCF em 09/03/2014
Reeditado em 12/03/2014
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