ESQUECIDA PELA MORTE

CAPÍTULO 1

Eu a vi. tinha no olhar um não-sei-o-quê de melancolia misturada com ternura.

Por trás de suas pupilas esbranquiçadas pela catarata percebia-se a expressão de quem não tinha mais entusiasmo por nada.

Ela conhecia tudo. nada mais lhe era novo, e por isso nada lhe causava mais espanto.

Sua idade? eis o grande enigma. não porque não se sabia, afinal a sua certidão de nascimento lhe denunciava os seus 198 anos, mas sim pelo mistério de tamanha longevidade.

Uma mulher quase bicentenária. um recorde que não estava no livro Guiness, não se sabe lá o porquê! Talvez pela longinquidade do lugar onde mora - um povoado esquecido de um Estado não menos conhecido - O Acre.

Seu nome era Euthanazia. Bastante emblemático este nome para uma pessoa que já passou por três extremas-unções e sobreviveu a elas.

Não acreditei que ela possuía esse nome. conferi direito no seu documento.

Não havia dúvidas. Eu estava de frente com uma pessoa de nome Eutanásia, escrita no português arcaico: Euthanazia.

Ela sabia de cor o nome de seus 37 irmãos, sendo 18 mulheres. Todos eles começados pela letra "e".

O seu nome fora dado por acaso, por falta de outro, explica a idosa. na época em que nascera, provavelmente não tivera sido criado este termo para se designar o ato de ceifar a vida de um moribundo de forma consensual.

pura coincidência.

A sua aparência não denotava a sua idade(se bem que nunca vi uma pessoa de 200 anos para poder comparar). O tempo parecia ter parado para ela aos 80 ou 90 anos de idade.

Ainda havia ruínas de dentes encravados em sua boca extremamente torta pelo hábito do cachimbo(fumava-o a mais de 100 anos).

Estava pesarosa pela morte de seu papagaio de estimação.

-"A gente se apega aos bichinhos e eles morrem cedo" - asseverou a idosa.

TRECHO DO LIVRO QUE ESTOU ESCREVENDO. POSTAREI MAIS CAPÍTULOS BREVEMENTE

Wandeilson Bezerra da Silva
Enviado por Wandeilson Bezerra da Silva em 22/06/2014
Reeditado em 22/06/2014
Código do texto: T4854467
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