A revolução dos animais

Acordei me sentindo bastante estranho, meu colchão estava duro, sentia uma leve falta de ar e ouvia ruídos que jamais ouvira antes. Abri os olhos e observei que estava no fundo do quintal, na casinha do cachorro, mas o que eu fazia ali? Não me lembro de ter bebido ontem, na verdade tinha prometido para Luciana maneirar na bebida...

Sentia muita fome, quando fui me levantar para ir a casa, não conseguia ficar de pé, tentei me equilibrar apoiando as mãos na parede, mas foi em vão, então fiquei andando com as mãos e pés no chão mesmo. Ao chegar à cozinha, vi a mesa repleta de comida, quando avancei para comer, fui surpreendido por vassoiradas dadas por nada mais, nada menos que o meu cachorro Rex. Ele andava nas patas traz eiras e segurava a vassoura me falando coisas que eu não compreendia. Tentei dizer “para com isso Rex”, mas ao invés disso saiu um latido dos meus lábios.

Não compreendia o que estava acontecendo, o Rex sentado à mesa degustando o meu café da manhã, enquanto eu ficava parado à porta, esperando que ele me jogasse um pedaço de pão. Ao terminar o café, fui enxotado para o quintal, deitei um pouco para descansar, pois me sentia fadigado, quando ouvi um barulho que, eu pensei, ter estourado meus tímpanos, acho que eram fogos de artifício, meu Deus eram muito altos! A cada foguete parecia que eu inteiro ia explodir,

Corri para casa e me empoleirei atrás do sofá, não estava suportando tamanho barulho, mas o Rex reapareceu com a famigerada vassoura e queria-me por para fora a qualquer custo, não queria ir e relutei enquanto pude, mas não teve jeito, fui posto para fora novamente, vivendo aquela agonia encolhido no fundo da casa de cachorro.

Finalmente o ruído sessou e quando pensei que estava tudo bem, eis que surge o Rex com uma corrente, sem nem dar tempo para me defender, ele amarrou aquilo no meu pescoço, me dificultando ainda mais a respiração e me puxou para fora da casinha do cachorro. Ele pegou uma mangueira e começou a jogar água em mim, eu comecei a tremer, pois a água estava muito gelada, só nessa hora tive consciência de que eu estava nu. Depois de passar em mim o shampoo antipulgas e me enxaguar, desligou a mangueira e me deixou ali no sol quente para secar.

Consegui me desvencilhar da corrente e corri para a rua, precisava me libertar daquela loucura, todavia, tudo estava de pernas pro ar, havia cães andando nas patas traseiras segurando pessoas pelas coleiras caminhando nas calçadas, gatos com pessoas em cestos em seus carros, homens puxando carroças conduzidas por cavalos, um pombo que jogava comida a alguns velhinhos na praça. Tudo trocado, os animais estavam no comando dos homens e, estranhamente, tive a impressão de que tudo estavam mais organizado e civilizado do que quando era o contrário.

Meu estômago começou a roncar, vi um pedaço de pão ali perto e corri para pegar, mas outros dois homens também foram para a minha direção e começamos a brigar pelo pão, o mais novo começou a me dar dentadas e o mais velho tentava me morder também, resisti o quanto pude, mas percebi que estava em desvantagem, afinal nunca fui de briga, então me afastei da comida e deixei os dois brigarem entre si.

Voltei pra casa, comecei a arranhar o portão e chamar por Rex, notei que quando colocava minha língua pra fora respirava melhor, então comecei a fazer isso com maior frequência.

Depois de muita espera finalmente o Rex abre o portão e eu vou direto para a minha cama, eu estava com fome, mas também estava muito cansado. Ao deitar nos lençóis macios, me lembrei da vassoura, mas não foi isso que aconteceu, o Rex me trouxe comida e água e começou a me fazer cafuné.

Então pensei que nunca havia tratado o Rex com carinho, jamais lhe fiz um cafuné, não o deixava por as patas dentro de casa, apenas dava para ele sobras e jamais parei para pensar como ele se sentia, aninhei minha cabeça ao Rex e percebi que eu tinha muito a aprender com ele.

AGRADECIMENTO

A minha amiga e fonte inspiradora Tatiane Moimaz

Rose Wega
Enviado por Rose Wega em 28/07/2014
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