VIAGEM ALUCINANTE

A noite já se aproximava quando Bento resolveu voltar para casa depois de uma caçada no bosque em companhia de um amigo, o qual se despediu dele e seguiu por outro caminho, cada um em seu cavalo. Portavam espingardas próprias para caça de pequenos animais e nesse dia pouca coisa fizeram, aproveitando mais para colocarem o papo em dia, já que fazia tempo que não se viam. O sol já ia quase sumindo no horizonte mas ainda era claro, dava pra se ver o azul do céu e suas brancas nuvens, com uma brisa refrescante, o que fazia Bento se sentir bem, mas uma dor repentina o fez levar a mão ao peito, quase caindo do cavalo. A vista ficou turva e daí pra frente nada mais viu.

O céu era cinza e não se via nuvens, soprava um vento brando e frio. Em uma ampla sala de um teto bastante alto dava pra se ver luzes em tonalidades claras, com pessoas circulando, todas vestindo branco como se fossem médicos. Essa foi a visão de Bento ao despertar, confuso e sem forças para levantar de uma cama onde constatou se encontrar. Que teria acontecido? Foi o que pensou, tentando se lembrar, porém o cérebro não ajudava e o jeito foi permanecer ali na esperança de aos poucos recuperar as forças e lembrar do que havia acontecido com ele.

O tempo passou, o céu tornara-se escuro e as luzes se apagaram. O ambiente tornou-se estranho, um frio intenso tomou conta do local em plena escuridão e Bento se apavorou. Conseguiu forças e levantou-se, percebendo no tato que suas roupas eram outras. Caminhou mesmo não enxergando mas acabou tropeçando e caiu. Sentiu que mãos o levantaram e o colocaram em uma espécie de sofá onde se acomodou confortavelmente. Acenderam-se algumas luzes e ele visualizou a sua frente uma tela branca idêntica a que existe em qualquer cinema. Ao seu lado algumas pessoas que o confortavam através de sinais que ele entendia perfeitamente. Nesse momento Bento começou a lembrar de tudo que ocorreu com ele, a dor no peito enquanto caminhava no cavalo depois da caçada com seu amigo e a vertigem que o fez apagar. Na tela apareceu uma imagem e Bento reconheceu logo, o que o deixou muito admirado, pois era o local onde ele estava caçando. A imagem foi aproximando e ele se viu na tela montado em seu cavalo, tendo ao lado o seu amigo e a despedida. Ele agora estava só na imagem, nesse filme que assistia viu o momento quando pôs a mão no peito ao sentir a dor, instante em que um raio de luz vindo do espaço se projetou nele, ficando paralisado por alguns instantes, até que uma espécie de nave espacial o sugasse, acomodando o seu corpo em seu interior. A estranha máquina voadora subiu percorrendo o céu azul e quando este se tornou cinza desceu em um campo. Viu quando era transportado inconsciente para o interior de uma bela construção, sendo colocado em uma cama por pessoas todas de branco. Foi observado e teve as vestes trocadas, passando por uma espécie de passe, com mãos tocando todo seu corpo. Em seguida todos se afastaram e Bento ficou só, até o momento de levantar-se e tropeçar vindo a cair. Uma breve pausa no filme e em seguida o reinício, vendo na tela o seu corpo ser levado novamente para a nave e ser transportado para o mesmo local onde se encontrava após a caçada. O mesmo raio de luz o levou até o cavalo, deixando-o atordoado e sem nada entender. O filme terminou e as luzes se apagaram.

Bento “acordou” imaginando ter dado um cochilo. Estava em seu cavalo e o céu continuava azul. Lá estava o sol sumindo no horizonte.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 12/08/2014
Código do texto: T4920035
Classificação de conteúdo: seguro