O amor de um Android

Tudo se repetia como sempre. Primeiro a música suave caindo gosto-samente ouvidos adentro, tal qual gingo contagioso, ou marchinha de carnaval.

Pronto. Só isso já bastava para anunciar, que tudo seguia seu curso natural e que seu dia mais uma vez, seria feliz. Ali estava a capacidade de desvendar mistérios, sentimentos seus e de outros. Assim, como também, segredos muito bem guardados, como num conto de suspense... eram lentamente debelados.

A seguir, respondendo ao seu pequeno toque, o espaço foi iluminado sutilmente, por tão frágil e ao mesmo tempo, portentosa luz.

- Era quase uma penumbra, onde seus desejos vinham à luz e seriam satisfeitos.

Seus olhos, por vezes, quase saltavam das órbitas. Tela virtual... composta de espantos, que mesmo com o passar dos anos trazia o mesmo sabor que o da primeira vez... a curiosidade, então, satisfeita.

Assim, esse elo de sedução, paixão, ou amor estabelecia simples-mente, mais uma relação de posse, ou devoção de uma adolescente?

e Ela?

- Não sabia! E isso, pouco importava.

- Ela só tinha uma certeza: Não conseguiria mais viver sem aquele objeto de desejo... o portal que a arrastava para outras dimensões do conhecimento. Momento solitário, meio à multidão de outros toques e de seus próprios sentimentos.

Naquele exato momento, ela se transformava em estrela. Astro veloz que rasgava a realidade feérica e dolorida e a colocava de frente com

o instântaneo desafio de uma tela, de um teclado, ou a outra ponta surpreendentemente extrema de um Wifi, tão aguardado por aquela adolescente tão inebriada pelo seu Android.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 20/02/2015
Reeditado em 26/07/2015
Código do texto: T5144087
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