Portais parte 3

A cela

Depois de ter terminado uma palestra e ter a informação que no dia anterior 28 pessoas foram levadas, 2 foram esquartejadas. Dirigiu se para o laboratório. Hiroki a recebeu juntamente com joana, em seus rostos um sorriso desabrochava. Libe não podia imaginar o motivo. Não sentia nada. O que era bom. Tinha dias que simplesmente era assim. Esses dias ela era grata.

-Está pronta.- disse Hiroki.

- O que está pronto?

Ambos se olharem espantados. Joana teve a confirmação do que Carla falou. Libe não sabia o que iam dizer, era por que algo de muito errado tinha.

- A cela. – Falou joana.

Libe sorriu.

- Previsão para a próxima abertura.

Hiroki respondeu:

- 6 Horas vai ser a 5 km da daqui.

-Temos muito o que fazer. Carreguem a jaula. Rápido temos pouco tempo para a instalação.

Um quadrado, de 1,50m por 1,50m por 3m de altura foi transportado, assim como três baterias e um motor.

O local da abertura como sempre era bastante povoado. Na interseção de duas avenidas. Léo, Júlia e joana também ajudaram a montar. Ao ver o movimento e a montagem, os transeuntes rapidamente compreenderam que tinha algo a ver com a próxima boca do inferno. Apesar de faltar 2 horas para a abertura a maioria da rua estava deserta e os poucos comerciantes que deixaram as lojas abertas era só para ver o que estava acontecendo.

- Desta vez os pegaremos. – Disse joana animada.

Carla não podia deixar de passar a oportunidade e falou:

- E só daí começa a parte difícil. Vai fazer o que com a criatura?

A pergunta ficou no ar sem ganhar uma resposta.

O céu estava cinza, o sol estava baixo no horizonte, e acima as nuvens pesadas indicavam que a qualquer momento cairia agua. Relâmpagos clareavam a cidade que agora parecia um deserto. Um pensamento passou pela mente de Carla: “será que as criaturas sabiam quando era dia e quando era noite. Será que sabiam alguma coisa do nosso mundo ou eram como animais agindo por puro instinto”. Percebeu que não sabiam nada delas. Absolutamente nada. E se essa cela funcionar isso poderia mudar. Tinha muita coisa em jogo.

-Pronto! – Falou Léo.- agora vamos dar o fora daqui.

Quando chegaram no templo já estava lotado. Foi uma longa espera. No final libe pediu ao pregador Eliseu se ela poderia finalizar. Ele assentiu. Libe falou da cela. Falou da esperança de obter respostas.

- Se tudo correr bem hoje capturaremos um pedaço do todo. E com esse pedaço espero conseguir respostas. Conseguir alguma explicação para toda essa insanidade.

O coro começou a cantar enquanto todos deixavam o templo. Mais uma vez com as esperanças renovadas.

Do portal as mãos frias como madeira saem buscando a quentura da carne.

Elas a envolvem a apertam tentando chegar ao cerne

Não poupam alma alguma só o que querem é consumir

O que não conseguem esquartejam.

Força, fé e esperança, sem atitude não são nada!

Esse destino cruelmente traçado

É o que nos abraça

Temos que ser fortes

Quebrar os braços de madeira

Força, fé e esperança, sem atitude não são nada!

As vidas querem levar

Esquadrejam famílias

Corroem a sanidade

Não podemos mais levar essa vida

Força, fé e esperança, sem atitude não são nada!

Força, fé e esperança, sem atitude não são nada!

Força, fé e esperança, sem atitude não são nada!

Voltaram para o local da cela

-Já deve ter se fechado. – Falou joana abrindo as portas da vã.- Nunca ficava mais que 35 minutos aberto.

Parecia pouco tempo, mas se tratando das criaturas nunca o era, não sabiam qual era o seu alcance e nem a velocidade máxima que podiam atingir, tampouco a quantidade de criaturas que saiam dos portais, sendo assim um portal poderia muito bem expelir criaturas em número e velocidades suficientes para dar a volta no planeta. Não sabiam quase nada delas e esse era o fato mais assustador.

Libe, Carla e Léo foram os escolhidos para se aproximarem.

A escuridão do céu era rasgada com violência assustadora pelos relâmpagos. Antes de deixar o carro Júlia olhou para seu pai e falou:

-Está mesmo assustador isso daqui.

Léo sorriu para ela. Esse era o sorriso de “vai ficar tudo bem”.

Pingos pesados e gelados começaram a cair. Molhava os. Conforme se aproximavam a adrenalina subia. Perguntas como “e se o monstro estiver lá só esperando para sair e nos esquadrejar. E se só o que conseguimos com essa ideia estupida for irrita-los ainda mais. ”

Libe viu algo sentado bem no centro da cela, o manto negro cobria seu corpo seus braços, suas pernas, só o que era visível eram suas monstruosas mãos capazes de agarra uma pessoa e o vislumbre de seu semblante de madeira.

-Não há nada.- falou Léo.

-Há sim. Pegamos uma.

-Não vejo nada.

Andavam lado a lado. Não se importavam com a chuva, a única coisa que os incomodava era essa sensação de a qualquer momento essa tensão seria quebrada e o mais absoluto caos da morte de instalaria. Estavam agora a 10metros.

- Está vazia! – Falou Léo.

-Está sim! Confirmou Carla.

-Não! Como não enxergam ?!

Libe sentiu como se caísse dentro de si mesma, como se houvesse um ralo que a sugasse. Tomando todo o seu ser, toda a sua essência...não era como se desaparecesse, simplesmente estava sendo apagada... para sempre. Parou. Oscilou. Leo e Carla perceberam, cada um segurou em um braço para evitar a queda da amiga.

- Você está bem? - Perguntou Léo.

-Estou....

Perdeu a consciência. Carla e Léo imediatamente olharam para a cela. Para o assombro viram a criatura, sentada no centro com sua pele de madeira e seus dois olhos vazios encarando o nada. Carla sentiu seu coração parrar. Com a mão livre tocou o braço de Léo e num piscar de olhos estavam no laboratório.

-Eu vi! Eu a vi! – Falou Carla.

-Também a vi. Você tem que voltar para lá.

-Não. Não vou deixa-la. O que ela tem? – Olhou para libe inconsciente.

As pessoas que trabalhavam no laboratório começaram a se amontoar em volta dos 3. Era a curiosidade mórbida. Carla tinha certeza disso. Por que ela também já foi assim. Pouca ou nenhuma vontade de ajudar só a primitiva necessidade de ver a dor, de ver o sangue do outro. Léo falou:

-Não sei, mas você tem que voltar para lá.

Carla balançou a cabeça em negação. Léo continuou:

-Sou médico, posso cuidar dela melhor que você. Se os outros não enxergarem a criatura irão pensar que a cela está vazia, vão desligar o campo. Ela matará a todos!

Carla fitou o par de olhos azuis do médico. Sem falar nada desapareceu.

Estava em pé ao lado da cela. Joana e Hiroki se aproximavam. A chuva tinha aumentado. A criatura estava do mesmo jeito. Não se mexia. Carla nunca antes tinha chegado tão perto de uma. Um arrepio sombrio percorreu seu corpo. Com dois dedos bateu no vidro. A criatura não mostrou alteração. Gritou. Nada. Era como se ela estivesse alienada a todo o exterior.

Hiroki parando ao lado de Carla perguntou:

-O que está fazendo?

Sem paciência Carla respondeu:

-Tem uma criatura presa ali.

Joana e Hiroki olharam a cela com interesse e por fim falaram:

- Não tem nada ali Carla.

Carla tocou no braço de ambos, com a esperança que de alguma forma isso os varia ver.

-E agora?

-Não tem nada ali!

-Tem sim. Só não conseguem ver.

-E por que você vê.

-Léo também consegue ver. Acho que isso tem alguma coisa a ver com Libe.

-E onde eles estão?

- Eu os levei ao laboratório, libe passou mal.

-Se for assim levaremos com cuidado para não desligar o campo.

Carla acompanhou todo o percurso de volta. Os 5 km nunca foram tão longos. Mas sabia que tinha que certificar se do não desligamento do campo e da integridade da cela.

valmi
Enviado por valmi em 19/07/2015
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