A DESILUSÃO DE UMA FOLHA DE PAPEL

Certo dia, ao acaso, passei por uma solitária folha de papel em branco sobre uma mesa. Não havia mais nada por perto, nem caneta, nem lápis, nem borracha, nada. Então resolvi pegá-la, para, talvez, rabiscar algum desenho, dobrá-la, ou, quem sabe, escrever algumas mal traçadas linhas... Porém, no instante em que lancei sobre ela a minha mão, ela me disse em tom melancólico: “não, não toque em mim. Deixe-me exatamente aqui onde estou, porque é aqui que fui deixada e é aqui que quero ficar. Somente uma pessoa poderá me tocar e apenas ela, será capaz de preencher o meu vazio. Essa pessoa é uma recantista e se chama IDE LANOSI (http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=164648).

Estou muito triste porque IDE LANOSI não quer mais escrever, lançar sobre mim os seus mais ternos e genuínos sentimentos. Logo na minha vez, ela tomou essa drástica decisão de não mais querer escrever. Segundo ela, ‘vai dar um tempo’.

Pretendo ficar aqui até que IDE LANOSI retorne e decline de sua drástica decisão de não lançar sobre mim, suas delicadas mãos, esculpir em mim as suas belas, melódicas e sinuosas letras, com toda a sua perspicácia e sabedoria.

Daqui não me moverei e nem permitirei que ninguém o faça, ainda que isso me custe camada espessa de poeira e que eu fique amarelada pelo tempo. Mesmo que os fungos venham se aproveitar da minha fragilidade, carcomendo, impiedosos, a minha já amarelada superfície, como fazem com os velhos livros, daqui não sairei.

Se queres mesmo me ajudar, diga à IDE LANOSI que volte, apanhe-me com todo carinho, deslize suas mãos sobre a minha face, removendo de mim toda a poeira e me preencha, da forma que somente ela sabe fazer”.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 26/08/2015
Reeditado em 26/08/2015
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